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Tecnologia

- Publicada em 19 de Abril de 2020 às 23:13

Cenário pede revisão de metas e dos modelos de negócios e exige gestores afiados

Paulo Beck, Pedro Englert, Tito Gusmão e Reynaldo Gama (esq. para dir.) apontam desafios

Paulo Beck, Pedro Englert, Tito Gusmão e Reynaldo Gama (esq. para dir.) apontam desafios


MARCELO G. RIBEIRO/MARIANA CARLESSO/CLAITON DORNELLES/ARQUIVO/SINGULARITYU BRAZIL/DIVULGAÇÃO/JC
Nada do que se projetava para 2020 seguirá como o esperado. Em um piscar de olhos, o que era prioridade deixou de ser. Inaugurar lojas físicas, algo que estava no planejamento estratégico de muitos varejistas, não faz sentido neste momento, bem como a realização de eventos presenciais de entretenimento, negócios ou educativos. Iniciativas digitais que estavam no fim da fila ganharam prioridade. Desde que o mundo foi assolado pela Covid-19, tudo o que se vê é as empresas tendo que se reinventar rapidamente.
Nada do que se projetava para 2020 seguirá como o esperado. Em um piscar de olhos, o que era prioridade deixou de ser. Inaugurar lojas físicas, algo que estava no planejamento estratégico de muitos varejistas, não faz sentido neste momento, bem como a realização de eventos presenciais de entretenimento, negócios ou educativos. Iniciativas digitais que estavam no fim da fila ganharam prioridade. Desde que o mundo foi assolado pela Covid-19, tudo o que se vê é as empresas tendo que se reinventar rapidamente.
Os memes de que é a pandemia que está acelerando a tão esperada transformação digital das empresas já saíram das redes sociais e passaram a ser repetidos por analistas e empresários. Todo esse cenário também deverá provocar uma mudança das pessoas com o mundo digital. Quem antes tinha insegurança de pagar contas pelo internet banking ou comprar remédios pelo app está sendo obrigado a fazer isso.
O que vai restar disso tudo depois que o mundo voltar ao novo normal, não se sabe. Mas, para ajudar a analisar alguns destes possíveis cenários, convidamos empreendedores e gestores inovadores que estão tentando fazer a diferença em seus mercados para traçar suas perspectivas: Pedro Englert, da StartSe, Paulo Beck, da Grow+, Tito Gusmão, da Warren, e Reynaldo Gama, da SingularityU Brazil e HSM.

Empresas baseadas no comando-controle estão em apuros

O vento que vinha do norte, agora, transformou-se em uma rajada, avisa Pedro Englert

O vento que vinha do norte, agora, transformou-se em uma rajada, avisa Pedro Englert


/MARIANA CARLESSO/JC
"O mundo virou de cabeça para baixo. O vento que vinha do norte, agora, transformou-se em uma rajada. O que era, deixou de ser, e, de uma hora para outra, fomos duramente impactados, o que gera consequências boas e ruins. Quando vivemos essas mudanças bruscas, o custo de oportunidade, que é o maior fator de, hoje, as empresas não inovarem, deixa de existir. Isso significa que muitas companhias tradicionais tinham receio de ir para o digital, agora, farão isso porque não têm alternativa. E isso lhes dará a liberdade, a tranquilidade para implementar coisas novas. O consumidor também está mais aberto. Este cenário força as pessoas a adotarem as ferramentas digitais e a se adaptarem a novas formas de comprar e interagir. Qualquer movimento de chacoalhada cria oportunidades. Um segredo para isso é ter um time alinhado e capaz de responder a essa nova realidade de forma rápida e eficiente. Os colaboradores precisam ter liberdade para agir. Por isso que as organizações baseadas em comando-controle estão com um grande problema nas mãos. Já no caso das startups, elas geralmente têm uma capacidade de ajuste mais ágil, mas, ao mesmo tempo, têm o caixa mais apertado que os players tradicionais. É preciso atenção neste momento." Pedro Englert, CEO da StartSe

O seu negócio fará sentido para o mundo pós-pandemia?

Seu negócio pós-pandemia fará sentido para o mundo que vamos viver?, provoca Reynaldo Gama

Seu negócio pós-pandemia fará sentido para o mundo que vamos viver?, provoca Reynaldo Gama


/SINGULARITYU BRAZIL/DIVULGAÇÃO/JC
"Se o seu modelo de negócios hoje é o mesmo de um mês atrás, você está em negação. Insistir no mesmo planejamento estratégico feito de novembro a janeiro para 2020 é arriscar ficar fora do mercado. É preciso refletir. O seu negócio pós-pandemia fará sentido para o mundo que vamos viver? Não se trata apenas de rever planejamento, mas olhar para dentro e ver se a estrutura da sua empresa será relevante quando isso tudo acabar. Faz sentido o banco manter sistemas de contingência agora que sabemos que podem funcionar cada vez mais digital? O que está acontecendo é um chacoalhão para as empresas se reinventarem. Algumas tiveram que ir a lojas de departamento comprar notebooks para o home office dos seus colaboradores porque ainda usavam desktop. Quantos restaurantes nunca pensaram em trabalhar com delivery e, agora, estão tendo que voar nessa direção? E temos aí a transformação do consumidor também. As pessoas estão aprendendo a consumir digitalmente. Meus pais nunca tinham comprado remédio por dispositivos e estão fazendo isso agora. Claro que o brasileiro gosta do olho no olho, do aperto de mão, isso não vai mudar, mas, quando isso tudo acabar, a tendência é que tenhamos mais disponibilidade para o on-line." Reynaldo Gama, coCEO da SingularityU Brazil e CEO da HSM

O momento é de pivotar negócios e reforçar humanização

As empresas precisam se envolver mais, acredita Paulo Beck

As empresas precisam se envolver mais, acredita Paulo Beck


MARCELO G. RIBEIRO/JC
"Nunca mais vamos encontrar o mundo que a gente vivia antes. Existe, hoje, o AC (Antes da Covid-19) e o DC (depois da Covid-19). Estávamos em uma trilha boa, com a economia dando bons sinais de recuperação, a inflação baixa e a possibilidade de reforma fiscal, e, agora, veio essa trilha ruim que surge com essa pandemia global. Isso trouxe uma queda radical nas atividades das empresas. Como se fecha negócio hoje se não podemos fazer reuniões e viagens? Vamos levar vários trimestres para conter o vírus, e superar isso exigirá um forte envolvimento de todos. Mas, ao mesmo tempo, parece-me que falta aptidão para algumas grandes empresas se engajarem. Em alguns casos, tudo o que vemos é elas orientando as pessoas a ficarem em casa quando poderiam pivotar seus negócios, termo muito usado em ambientes de inovação. Isso significa, por exemplo, passar a usar suas unidades fabris para fazer respiradores ou outros equipamentos que estejamos precisando neste momento para superar a pandemia. A previsão de vendas nos próximos meses vai depender de quão rápido você vai conseguir se reinventar. Não adianta olhar para a previsão de vendas de antes da Covid-19, a realidade é outra. Um caminho é diminuir despesas e acabar com o excesso de caixa." Paulo Beck, CEO da GROW+

Cenário de guerra coloca em evidência bons gestores

O cenário da Covid-19 terá muitos efeitos na digitalização das empresas e pessoas, cita Tito Gusmão

O cenário da Covid-19 terá muitos efeitos na digitalização das empresas e pessoas, cita Tito Gusmão


/CLAITON DORNELLES/JC
"Esse cenário da Covid-19 terá muitos efeitos na digitalização das empresas e das pessoas, mas sou cético quanto à ideia de uma ruptura digital. Não acredito em um cenário em que todo mundo será digital, nem acho que é por aí. Mas claro que existem muitas mudanças pela frente. É um momento especialmente desafiador para os jovens empreendedores. Uma coisa é tomar uma atitude para a sua startup em um ambiente lindo, e outra é ter que lidar com cenário de guerra. Acredito que este momento vai ajudar a separar quem nasceu para aguentar o tranco e quem não. Alguns vão chorar em um canto, e outros vão descobrir que gostam mesmo deste jogo. Os empreendedores à frente de startups que vinham em uma pegada de crescimento exagerado, sem se preocupar com as contas a pagar, vão perceber que precisam de um CFO forte do seu lado para criar cenários e ajudar a tomar decisões. Muitas empresas estavam muito alavancadas, precisando triplicar de valor em seis meses, e aí vão ter o baque agora. Andar alavancado é lindo a céu de brigadeiro, mas agora é arriscado. Os próprios investidores estão alertando as empresas que, nos próximos meses, as receitas serão zero. Não é momento de growth, mas de sobrevivência." Tito Gusmão, CEO da Warren