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conjuntura

- Publicada em 15 de Abril de 2020 às 03:00

Recessão global será a pior desde 1929, diz FMI

Recuperação parcial e incerta só será vista em 2021, prevê instituição

Recuperação parcial e incerta só será vista em 2021, prevê instituição


/DANIEL SLIM/AFP/JC
O avanço vertiginoso da pandemia do coronavírus fez com que o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetasse um cenário econômico sombrio para este ano em todo o mundo. Segundo relatório divulgado nesta terça-feira, a economia global vai sofrer retração de 3% em 2020, a maior desde a crise de 1929, e a recuperação deve aparecer somente no ano que vem, ainda de forma parcial e bastante incerta.
O avanço vertiginoso da pandemia do coronavírus fez com que o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetasse um cenário econômico sombrio para este ano em todo o mundo. Segundo relatório divulgado nesta terça-feira, a economia global vai sofrer retração de 3% em 2020, a maior desde a crise de 1929, e a recuperação deve aparecer somente no ano que vem, ainda de forma parcial e bastante incerta.
No fim de 2019, a projeção do Fundo para o crescimento da economia mundial em 2020 era de 3,4%, ou seja, o tombo de mais de 6% é muito maior do que o registrado na crise financeira de 2008, por exemplo. "É muito provável que este ano a economia global experimente sua pior recessão desde a Grande Depressão, superando a vista durante a crise financeira de dez anos atrás", diz o documento assinado por Gita Gopinath, economista-chefe do FMI.
"A 'Grande Paralisação' (Great Lockdown), podemos chamá-la, é projetada para encolher dramaticamente o crescimento global", completa o texto que equipara a magnitude da crise deste ano somente com a vivida na depressão que assolou o mundo na década de 1930. Em seu Panorama da Economia Mundial, o Fundo traça um paralelo entre a pandemia e uma guerra ou crise política, e diz que ainda existe uma "severa incerteza" sobre a duração e a intensidade do choque que esse surto vai provocar.
Com as ponderações à mesa, o FMI afirma que é possível esperar a retomada no crescimento do PIB mundial na casa dos 5,8% no ano que vem, mas que isso vai depender da implementação de medidas e políticas públicas em cada país. Os danos econômicos vão atingir de economias ricas a países emergentes e em desenvolvimento, como o Brasil, mas estes serão os mais prejudicados.
Segundo o FMI, a economia brasileira deve ter queda de 5,3% em 2020, com crescimento previsto em 2,9% no ano que vem. No domingo (12), o Banco Mundial já havia divulgado projeções para uma baixa brusca do PIB do Brasil, na casa de 5%. No relatório mais recente do FMI - em outubro de 2019, ainda antes da pandemia--, a previsão era de que a economia brasileira crescesse 2% em 2020. Se comparado a essa última expectativa, o tombo é de 7,3%.
Já a previsão para as economias desenvolvidas deve ser de queda de 6,1%, com recuperação prevista em torno de 4,5% no ano que vem. Entre as duas maiores economias do mundo, EUA e China, o tamanho da queda será de grandes proporções e também seguem as dúvidas quanto à eficiência na recuperação de cada país.
Nas projeções do fim de 2019, o FMI esperava que os EUA crescessem 2,1% em 2020, enquanto a China chegasse a 5,8%. Atuais líderes em casos confirmados e mortes por Covid-19, os EUA devem ter retração de 5,9% do PIB e voltarem a crescer no ano que vem na casa dos 4,7%.
Na origem da pandemia, os chineses ainda devem experimentar um crescimento positivo, de 1,2%, após terem alcançado cerca de 6% em 2019. A recuperação deve ser de 9,2% em 2020, segundo o FMI. Uma das apostas do Fundo para a retomada da economia global após a crise de 2018, a Zona do Euro deve cair 7,5% e voltar com 4,7% em 2021.
A avaliação é que as características dessa crise não são iguais às de nenhuma outra e que, portanto, a reação também não deve ser a habitual, de incentivo a atividades de estímulo econômico, por exemplo.
Dessa vez, diz o Fundo, esse tipo de política é inclusive indesejável em alguns setores por causa das restrições e regras de distanciamento social impostas em diversos países. Frente ao debate que tem oposto regras de isolamento e retomada econômica, o FMI lança um roteiro objetivo de enfrentamento à crise, com uma fase de contenção e estabilização e outra, de recuperação.
Nas duas etapas, saúde pública e economia têm papeis cruciais a desempenhar e as medidas de distanciamento "são fundamentais para preparar o terreno para a recuperação econômica", diz o órgão. As projeções do FMI apontam à recuperação parcial no ano que vem considerando que a pandemia arrefeça no segundo semestre de 2020 e que os países consigam normalizar suas economias justamente com o suporte dessas políticas em diversas frentes.

PIB do País deve cair 6% em 2020 por coronavírus

Argentina e Uruguai terão contração de 4,8% e 5%, respectivamente

Argentina e Uruguai terão contração de 4,8% e 5%, respectivamente


/JUAN MABROMATA/AFP/JC
A economia brasileira deve encolher 6% em 2020 por causa dos efeitos negativos na atividade da pandemia do coronavírus, prevê a Moody's Analytics, em teleconferência nesta terça-feira. Para a América Latina, a expectativa é de contração de 5,5% neste ano, o dobro do que foi na crise financeira mundial de 2008, disse o diretor da instituição, Alfredo Coutiño.
O México deve ficar com a pior contração do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano na região, de 6,5%. "As duas maiores economias da região são as que mais vão sofrer", disse o diretor da Moody's Analytics no evento, ressaltando que o governo mexicano demorou a tomar medidas para conter os efeitos da crise.
Coutiño disse que o México depende muito dos Estados Unidos e o Brasil, da China, economias que também terão piora substancial da atividade neste ano. "O canal do comércio exterior é muito importante para esses dois países." Além disso, o Brasil e a América Latina como um todo dependem muito da evolução dos preços das commodities no mercado internacional, que estão despencando.
Entre outros países da América Latina, o Chile deve ter contração de 5,5%; o Uruguai, de 5%; e a Argentina, que já vem de um quadro recessivo, de 4,8%, prevê a Moody's Analytics. Essas previsões levam em conta que o número de casos de coronavírus nos Estados Unidos não supere o nível de 8 milhões até junho. Se houver muito mais contaminações do que o esperado, Coutiño disse que o PIB da América Latina pode ter contração maior, podendo chegar a 8% em 2020.