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Economia

- Publicada em 13 de Abril de 2020 às 03:00

"Todos os setores precisam de ajuda", diz Polo

Presidente Ernani Polo comandou recentemente a sessão diante do plenário vazio, devido a pandemia

Presidente Ernani Polo comandou recentemente a sessão diante do plenário vazio, devido a pandemia


JOEL VARGAS/AGÊNCIA ALRS/JC
Thiago Copetti
Ex-secretário da Agricultura e com fortes raízes no campo, onde está tradicionalmente boa parte dos seus eleitores, o deputado Ernani Polo (PP) assumiu neste ano a presidência da Assembleia Legislativa e experimenta, agora, o turbilhão de demandas originadas com a pandemia. Ainda que o foco de seu trabalho tenha aspectos gerais de interesse do Estado e dos gaúchos, também é fato que, pela interlocução com o agronegócio, as demandas do campo agora chegam mais diretamente ao comando do poder legislativo. Atualmente, boa parte das horas de trabalho de Polo na Assembleia tem sido destinada a buscar soluções para que a economia tenha seus impactos amenizados com o avanço do coronavírus - assim como manter a produção no campo e o fornecimento de alimentos ao meio urbano. "Quando falamos no setor de alimentos, temos muitos deles ligados ao comércio e aos serviços. Empresas que, se olhares rapidamente, tu vai dizer que não é do setor, mas é parte fundamental e indiretamente, tem", explica Polo. A Assembleia também se adaptou ao novos tempos: as sessões ocorrem pela internet, com o plenário vazio.
Ex-secretário da Agricultura e com fortes raízes no campo, onde está tradicionalmente boa parte dos seus eleitores, o deputado Ernani Polo (PP) assumiu neste ano a presidência da Assembleia Legislativa e experimenta, agora, o turbilhão de demandas originadas com a pandemia. Ainda que o foco de seu trabalho tenha aspectos gerais de interesse do Estado e dos gaúchos, também é fato que, pela interlocução com o agronegócio, as demandas do campo agora chegam mais diretamente ao comando do poder legislativo. Atualmente, boa parte das horas de trabalho de Polo na Assembleia tem sido destinada a buscar soluções para que a economia tenha seus impactos amenizados com o avanço do coronavírus - assim como manter a produção no campo e o fornecimento de alimentos ao meio urbano. "Quando falamos no setor de alimentos, temos muitos deles ligados ao comércio e aos serviços. Empresas que, se olhares rapidamente, tu vai dizer que não é do setor, mas é parte fundamental e indiretamente, tem", explica Polo. A Assembleia também se adaptou ao novos tempos: as sessões ocorrem pela internet, com o plenário vazio.
Jornal do Comércio - O senhor é bastante ligado ao meio rural, que mesmo com a necessidade de alimentos, também enfrenta problemas com a pandemia para chegar até o consumidor. Que demandas o senhor tem recebido?
Ernani Polo - Esse é um dos focos a que estamos atentos, para manutenção plena dos setores que produzem alimentos, em toda a cadeia. E quando falamos no setor de alimentos, temos muitos deles ligados ao comércio e aos serviços. Empresas que, se olhares rapidamente, tu vai dizer que não é do setor, mas é parte fundamental e, indiretamente, tem. O produtor precisa do comércio para comprar o insumo para a lavoura ou remédio para os animais. Isso deve ser transportado e entregue na propriedade, muitas vezes. Se o caminhão estraga no caminho, precisa da mecânica aberta e de peças para arrumar. Para isso, precisa da fábrica que produz e entrega as peças para a oficina.
JC - Sem falar do transporte da produção rural para ser beneficiada pela indústria, que também precisa de logística.
Polo - Exato, e se quebra uma peça dentro da indústria, também será necessário que outra indústria esteja fabricando e entregando as peças para que essa máquina seja consertada e volte a operar. Precisa de um profissional que faça o conserto e a manutenção, em muitos casos. Então essa indústria tem que ter funcionários, embalagens, insumos diversos. A engrenagem completa do agronegócio e do setor de alimentação inclui dezenas de setores, nem sempre visíveis. Uma determinada cidade aqui do Estado parou de funcionar um curtume e uma graxaria; assim, o produtor não pode mais abater para fornecer para o frigorífico, porque sem destinar couro e graxa corretamente terá problema ambiental. Veja como é complexo o sistema da produção alimentar.
JC - Algum setor que demande hoje mais apoio do legislativo, como ocorreu com a intermediação feita nos encaminhamento dos pleitos da Fecomércio, na semana passada, ao governador Eduardo Leite?
Polo - É global, são todos os segmentos. São muitos os setores afetados. A produção de alimentos está funcionando, cuidamos para que isso não pare, mas se começa a ter problemas de consumo em alguns itens. As pessoas, em muitos casos, como de autônomos, estão sem dinheiro ou, na incerteza do futuro, estão consumindo menos. Especialmente itens de maior valor agregado. No alimento temos duas preocupações: o desabastecimento, porque não se sabe quanto tempo tudo isso vai durar, e agora é não o consumidor ficando sem recursos para consumir devido a baixa na renda. Sem falar dos restaurantes que param de comprar, afetando muitos fornecedores, e a queda total do turismo, por exemplo. O setor de transporte turístico tem nos procurado pedir ajuda no adiamento do IPVA. Na cultura também estamos sendo demandados pelos músicos regionalistas, que tocam em festas, bares e eventos pelo Interior como um todo e dali tiravam o alimento da família. Enfim, há uma demanda generalizada. A área de eventos será a última a se recuperar, então estamos vendo como podemos ajudar esse grupo também, que sobrevive da música e já estão passando dificuldades, em alguns casos.
JC - O senhor falou nos restaurantes, muitos deles compradores de pequenos agricultores familiares, que também perderam, em alguns casos, a venda destinada à merenda escolar. O que se pode fazer por esse produtor de pequeno porte?
Polo - É um problema, grande, que ainda se soma as perdas que tiveram com a estiagem. Um problema daí específico aqui do Estado. É uma das maiores quebra de produção desde 2004/2005, e que já está impactando nas economias dos municípios do Interior. Já prejudicou e vai prejudicar mais ainda lá na frente. Essa paralisa, em conjunto, vai trazer muitas consequências ainda. É por isso tudo que defendemos manter o setor produtivo funcionando minimamente. Não falamos normalmente, ressalto, mas dentro de uma série de regras de segurança sanitária.
JC - É um equilíbrio complexo esse. Como encontrar o ponto certo?
Polo - Tem que ver o todo. Uma falência generalizada do setor produtivo vai gerar consequências complicadas e, pela miséria, comprometer vidas. E problemas sociais. Estudos apontam que a cada 1 ponto percentual maior na pobreza e no desemprego, aumenta 1,8% nos índices criminalidade. Essa é outra grave situação sobre a qual temos que pensar.
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