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Economia

- Publicada em 12 de Abril de 2020 às 20:33

Sem clientes, casas de câmbio tentam sobreviver

Demanda por dólar turismo caiu 95% em todo o País

Demanda por dólar turismo caiu 95% em todo o País


MARCELLO CASAL JR/ABR/JC
As agências e lojas de câmbio enfrentam um cenário preocupante desde o início da pandemia do novo coronavírus. Uma conjunção de fatores pode levar prejuízos ao segmento, como o comércio fechado por conta das políticas públicas de isolamento; a buscar menor por dólar turismo, uma vez que muitas viagens foram canceladas; e também a forte alta da moeda norte-americana, que é vendida acima dos R$ 5,00.
As agências e lojas de câmbio enfrentam um cenário preocupante desde o início da pandemia do novo coronavírus. Uma conjunção de fatores pode levar prejuízos ao segmento, como o comércio fechado por conta das políticas públicas de isolamento; a buscar menor por dólar turismo, uma vez que muitas viagens foram canceladas; e também a forte alta da moeda norte-americana, que é vendida acima dos R$ 5,00.
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De acordo com a diretora executiva da Associação Brasileira de Câmbio (Abracam), Kelly Massaro, há uma redução de até 95% na comercialização do dólar turismo em lojas de câmbio. "Só não zerou ainda porque há um reflexo das pessoas que têm moeda em casa e passaram a vender com a alta", explica ela. Outras operações que ainda se mantém, destaca ela, são micro-remessas feitas por imigrantes aos familiares fora do Brasil, mas que estão ocorrendo em menor valor. Segundo Kelly, as lojas de câmbio já vinham em um momento de bastante fragilidade por um mercado bastante volátil e recuo da procura por moedas estrangeiras.
A entidade também busca diálogo com o Banco Central para a suspensão, ao menos temporariamente, da proibição de obtenção de crédito por parte de lojas de câmbio, para poder honrar os compromissos com folha. Atualmente, de acordo com Kelly, o setor emprega mais de 30 mil funcionários, e sem alguma forma de subsídio de salário e crédito, será um desafio grande manter as vagas. "É lamentável saber que estamos tendo que fazer uma redução com a caneta trêmula, são pessoas que têm seus empregos, e temos 3,5 pessoas para cada emprego. Se reduzirmos 500 funcionários, são mais de 1,5 mil pessoas atingidas", lamenta.
Além de uma linha de crédito e a autorização para contrair empréstimos, a Abracam também pede a flexibilização temporária dos limites de capital mínimo exigidos de instituições financeiras, aumento dos limites operacionais de US$ 100 mil para US$ 300 mil, diferimento de obrigações tributárias por pelo menos seis meses, redução de alíquotas tributárias para operações cambiais e concessão de prazo para renegociar possíveis dívidas.
De acordo com Débora Gomes, da Good Câmbio, a situação é crítica. "Como temos loja em shoppings e nossos correspondentes também, estamos quase inoperantes. Só não paramos completamente porque temos o dever de informar o Banco Central", explica. Ela diz que a Good Câmbio mantém os contatos de informação abertos com os clientes para não ficar incomunicável, e que percebe que o único movimento neste mercado é o de pessoas que iriam viajar e agora não vão mais, e estão querendo se desfazer da moeda.
A agência de câmbio Prontur, que adotou home-office desde que um decreto em Porto Alegre proibiu a operação do comércio, está vendendo a moeda a R$ 4,90 e comprando por R$ 4,25, um valor de compra de quase R$ 1,00 abaixo da cotação oficial. "Só vi isso após a crise financeira de 2008, no começo de 2009, quando o dólar foi a R$ 4,00 e vendemos a R$ 3,80", recorda Pietro Predebon, gerente da Prontur. "O dólar turismo não consegue acompanhar o comercial, que está com preço muito inflado", constata.
O professor da ESPM João Branco aponta que, apesar da desvalorização do real perante o dólar, até o começo do ano a situação era estável. "No período pré-pandemia não tinha uma grande oscilação do dólar em relação as outras moedas mundiais, havia uma tênue aceleração em relação as moedas de modo geral porque se estava em um período de relativa estabilidade", explica Branco. Ele aponta que, apesar dos conflitos entre Estados Unidos e China devido à guerra comercial, este fator já estava internalizado no cenário, tanto que as bolsas mundiais estavam subindo.
Da parte do real, Branco aponta que se constatou que a economia brasileira não estava se recuperando na velocidade que se imaginava, e isso levou apreensão aos mercados. Assim, houve uma retirada de investidores internacionais e, portanto, de retirada de capital. "Esse dinheiro começa a sair do Brasil, o dólar começa a sair, e com a lei de oferta e demanda o dólar fica mais escasso e o preço dele vai subindo", explica.
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