Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Comércio exterior

- Publicada em 02 de Março de 2020 às 03:00

Coronavírus deve afetar da Zona Franca de Manaus à 25 de Março

Neste momento, 28 navios deveriam estar vindo da China abarrotados de mercadorias para serem entregues nos portos brasileiros, segundo monitoramento da consultoria em logística e comércio exterior Solve Shipping. Nove deles nem sequer zarparam. Os 19 que cruzam os oceanos trazem um volume muito menor de cargas.
Neste momento, 28 navios deveriam estar vindo da China abarrotados de mercadorias para serem entregues nos portos brasileiros, segundo monitoramento da consultoria em logística e comércio exterior Solve Shipping. Nove deles nem sequer zarparam. Os 19 que cruzam os oceanos trazem um volume muito menor de cargas.
O responsável pela lacuna é o coronavírus. Após frear viagens de negócios entre Brasil e China, o vírus começa a comprometer a logística de abastecimento de cadeias de suprimentos entre os dois países. A projeção é que a retração na entrega de insumos industriais e produtos acabados, hoje percebida apenas por indústrias e empresas de logística, vai chegar ao consumidor final nas próximas semanas. "Deve afetar da Zona Franca de Manaus ao comércio popular da 25 de Março e do Saara, mas só saberemos melhor a partir desta semana", afirma Leandro Barreto, sócio da Solve Shipping.

Veja como diferentes setores da economia podem ser afetados no BrasiL

Comércio
Pode sofrer com falta de produtos nas próximas semanas, se cargas vindas da China não chegarem ao Brasil. No caso de vestuários, os importados são cerca de 25% do mercado nacional, grande parte vinda da China. Como empresas compram com meses de antecedência, o impacto vai depender dos estoques. Restaurantes e shoppings podem ter queda no movimento.
Eletroeletrônicos
A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) diz que 57% das empresas associadas já apresentam problemas no recebimento de materiais, componentes e insumos como telas de TVs e celulares provenientes da China. A produção, segundo 17% das empresas, deve ficar 22% abaixo do projeto para o primeiro trimestre.
Plásticos
A Abiplast (associação do setor) diz que dobrou a procura por utensílios descartáveis no último mês --como pratos, talheres e copos--, além de itens médicos fabricados em plástico como seringas, bolsas de soro e vestimentas.
Viagens e turismo
Setor que amargou as maiores perdas na Bolsa na semana passada, é um dos mais expostos ao impacto da crise gerada pelo coronavírus. O banco UBS, porém, espera recuperação rápida do tráfego. O turismo de lazer ainda não foi afetado e só deve ter o quadro alterado se houver orientação oficial para que brasileiros não viajem, dizem entidades. O Carnaval era a última data da alta temporada.
Óleo e gás
A demanda por combustíveis pode cair com a redução de voos e transporte de cargas. Cerca de 50% das exportações brasileiras de petróleo vão para a China. Internamente, o consumo de diesel pode ser afetado por um eventual crescimento menor da economia.
Agropecuária
Um dos mais expostos a um cenário de queda das exportações. A China compra cerca de 80% das exportações de soja brasileira e 40% do algodão. Para o Rabobank, a importação de carne bovina pela China vai recuar devido aos estoques de carne congelada que não foi consumida após o fechamento de restaurantes no país. A demanda chinesa representou quase 30% do volume exportado pelo Brasil, de acordo com a Abrafrigo (associação de frigoríficos).
Segundo a XP, menos de 10% da receita de JBS, BRF e Marfrig, listadas em Bolsa, vêm da China, mas outras empresas têm um nível maior de exportações para o país.
Mineração
A China responde por cerca de 60% da exportação brasileira de minério de ferro e é o maior exportador para a indústria da construção. A oferta do minério está muito limitada, o que contribui para manter o preço da commodity em alta. Os contratos futuros de minério de ferro registraram a primeira queda mensal desde outubro, mas estímulos do governo chinês podem favorecer as compras do produto.
Papel e celulose
A oferta limitada e estoque baixos na China podem favores o setor, segundo a XP. Também se espera um fornecimento maior de papel para produtos de higiene.
Brinquedos
Como o surto de coronavírus paralisou a produção na China, a Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos) diz ver uma oportunidade para fábricas brasileiras. As unidades da China precisam estar plenamente recuperadas até abril para atenderem ao Dia da Criança. No Brasil, as companhias têm capacidade instalada para suprir a demanda. Hoje, segundo a associação, os brinquedos chineses correspondem a 48% do que é vendido no país.