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Conjuntura

- Publicada em 27 de Fevereiro de 2020 às 03:00

Gastos públicos devem ser revistos, diz OCDE

Responsável pelo Brasil na OCDE diz que Bolsa Família é o programa social mais eficiente em curso no País

Responsável pelo Brasil na OCDE diz que Bolsa Família é o programa social mais eficiente em curso no País


ANTONIO CRUZ/Agência Brasil/JC
Responsável pelas análises sobre o Brasil, Jens Arnold, economista da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)), diz que o País tem muitos gastos públicos que precisam ser revistos. Ao comentar a redução na cobertura de programas destinados à população mais pobre, ele afirmou que não existe uma contradição entre ajuste fiscal e progresso social.
Responsável pelas análises sobre o Brasil, Jens Arnold, economista da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)), diz que o País tem muitos gastos públicos que precisam ser revistos. Ao comentar a redução na cobertura de programas destinados à população mais pobre, ele afirmou que não existe uma contradição entre ajuste fiscal e progresso social.
"O ajuste fiscal está avançando no Brasil, mas até agora sobretudo à custa do gasto discricionário, que é pequeno e contém o investimento público", disse. O Brasil é um dos candidatos a iniciar o processo de entrada na OCDE, conhecido como o clube dos países ricos. Após uma série de concessões, os Estados Unidos passaram a apoiar o pleito brasileiro.
A OCDE prepara um novo relatório sobre a economia brasileira, a ser divulgado em junho. O documento irá avaliar o desempenho econômico e social, além das reformas. Para Arnold, a reestruturação da Previdência, com regras mais duras para aposentadorias e pensões, foi um passo importante para começar uma discussão sobre como gastar melhor na área social.
"O ajuste fiscal é necessário para assegurar a sustentabilidade das contas públicas, mas pode ser feito com aumento da eficiência do gasto público, realocando recursos, entre as diferentes áreas de gasto e dentro delas", afirmou. Ele defende a redução de gastos obrigatórios e a desvinculação de recursos para abrir espaço no Orçamento. Assim, o governo teria margem para decidir onde aplicar.
O Executivo está no meio de uma disputa com o Congresso sobre a fatia do Orçamento que não está engessada: disputam R$ 30 bilhões, de R$ 80 bilhões livres. E esse montante é apenas 3% do Orçamento de 2020. Em 2018, a OCDE recomendou ao Brasil que elevasse a verba do Bolsa Família, considerado um programa social eficiente no combate à pobreza e à extrema pobreza. Mas, no primeiro ano de gestão do presidente Jair Bolsonaro, o número de lares atendidos recuou e houve o ressurgimento da fila de espera, com mais de 1 milhão de famílias. Pressionado pelo teto de gastos, o governo prevê gastar menos com o programa neste ano em relação a 2019. A verba caiu de R$ 32,5 bilhões para R$ 29,5 bilhões.
Segundo técnicos do Ministério da Economia, ainda não há previsão de quando poderá ser anunciada a reformulação do Bolsa Família, em estudo pelo governo, já que qualquer aumento de repasses depende de corte de outras despesas.
"O Brasil tem muito gasto público que merece ser revisto. O Bolsa Família é diferente, não faz parte disso", disse o economista da OCDE. Sem consenso, o plano de repaginar outros programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida e o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), também empacou no começo do governo Bolsonaro. Enquanto isso, a cobertura recua. Arnold disse acreditar que, com estudos, é possível aumentar a eficiência desses programas mesmo com redução de orçamento. "Outros países conseguem reduções de desigualdade com gasto social, mesmo gastando menos em proporção do PIB. No Brasil, há programas que nunca foram avaliados." Além disso, ele defende mais investimentos em creches e na educação básica, que geram um impacto social positivamente elevado.
O economista responsável pelos estudos sobre o Brasil lembra que a função do organismo internacional é ajudar na formulação de boas políticas públicas com a análise baseada em fatos, comparações e boas práticas internacionais.
"O nosso trabalho pode aportar subsídios para a discussão. Mas fazer as escolhas é tarefa de cada país", disse. Arnold afirmou não acreditar que problemas na área social possam atrapalhar os planos do Brasil no clube.
Para o economista, o País apresenta um nível elevado de desigualdade, mas tem ferramentas potentes para reduzir a pobreza, especialmente a transferência direta de renda. "O Bolsa Família é o programa social mais eficiente hoje, mas é pequeno. Então uma realocação de recursos de outros programas em direção a ele aumentaria a eficiência do gasto social em seu conjunto."

Vendas do Tesouro Direto caem 27,6% em janeiro e somam R$ 2,04 bilhões

No mês passado, títulos mais vendidos foram os atrelados à Selic

No mês passado, títulos mais vendidos foram os atrelados à Selic


/PROJETADO POR IJEAB - FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC
A venda de títulos públicos a pessoas físicas somou R$ 2,047 bilhões em janeiro, informou o Tesouro Nacional. O valor vendido por meio do programa Tesouro Direto representa queda de 27,6% em relação a janeiro do ano passado, quando haviam sido vendidos R$ 2,829 bilhões, o maior valor para o mês.
O número de investidores ativos somou 1.211.123. Apenas no mês passado, 9.942 participantes passaram a investir em títulos públicos. O número de investidores cadastrados - ativos e não ativos - totalizou 5.945.793 pessoas.
No mês passado, os títulos mais vendidos foram vinculados à taxa Selic (juros básicos da economia). Esses papéis concentraram 55,7% das vendas em janeiro. Em segundo lugar, vieram os papéis corrigidos pela inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que responderam por 29,9% das vendas.
Em terceiro, ficaram os títulos prefixados (com juros definidos antecipadamente), que responderam por 14,4% das vendas. Os investimentos de menor valor continuaram a liderar a preferência dos aplicadores. As vendas abaixo de R$ 1 mil concentraram 67,7% do volume aplicado no mês
Com o resultado de janeiro, o estoque de títulos públicos aplicados no Tesouro Direto teve leve queda de 0,59% em relação a dezembro, alcançando R$ 59,295 bilhões. Isso ocorreu porque, no mês passado, o Tesouro resgatou R$ 3,005 bilhões. A variação do estoque representa a diferença entre as vendas e os resgates, mais o reconhecimento dos juros que incidem sobre os títulos.
O Tesouro Direto foi criado em janeiro de 2002 para popularizar esse tipo de aplicação e permitir que pessoas físicas possam adquirir títulos públicos diretamente do Tesouro, via internet, sem intermediação de agentes financeiros. O aplicador só tem de pagar uma taxa à corretora responsável pela custódia dos títulos. Mais informações podem ser obtidas no site do Tesouro Direto.
A venda de títulos é uma das formas que o governo tem de captar recursos para pagar dívidas e honrar compromissos.