A alta do dólar ante o real fez os brasileiros que vivem e trabalham em outros países aumentarem as remessas de dinheiro a suas famílias no Brasil. Dados divulgados pelo Banco Central (BC) mostram que, em janeiro, essas transferências somaram US$ 325 milhões. É o maior valor para o mês desde o início da série histórica, em 1995. Em janeiro de 2019, os envios haviam somado US$ 214,0 milhões.
Apenas no mês passado, o dólar à vista subiu 6,8% em relação ao real. Considerando o período de 12 meses até janeiro deste ano, o avanço da moeda americana foi de 17,1%. Na prática, quando os brasileiros mandam os dólares para suas famílias no Brasil, a moeda americana está sendo trocada por mais reais, o que serve de estímulo para as transferências.
O caminho contrário, por sua vez, está menos vantajoso. Residentes no Brasil que enviam recursos para familiares no exterior estão enfrentando cotações mais desfavoráveis: eles precisam de mais reais para comprar dólares. Em função disso, essas remessas em janeiro foram de apenas US$ 186,5 milhões - abaixo dos US$ 204,0 milhões de janeiro de 2018.
Com esse movimento, o saldo líquido de transferências pessoais - que reflete as transferências de dólares de outros países para o Brasil menos os envios do País ao exterior - foi de
O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, disse que o Brasil não recebe, tradicionalmente, tantos recursos de pessoas que estão trabalhando em outros países. Segundo ele, é justamente a alta do dólar ante o real que está impulsionando essas remessas. "Em outros países, essas transferências pessoais são mais comuns. É o caso de países da América Central e da África."
Com o dólar mais caro, os brasileiros também estão gastando menos em viagens ao exterior. Os números do Banco Central mostram que, em janeiro, essas despesas foram de US$ 1,438 bilhão, abaixo dos US$ 1,689 bilhão de janeiro do ano passado. Descontando os gastos de estrangeiros no Brasil, a conta de viagens internacionais em janeiro foi deficitária em US$ 857 milhões - o menor resultado negativo para o mês desde 2016.
"A desvalorização do câmbio encarece os gastos de brasileiros no exterior e barateia os gastos dos estrangeiros no Brasil", disse Rocha.