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Sistema Financeiro

- Publicada em 21 de Fevereiro de 2020 às 03:00

Regras dos compulsórios mudam e devem injetar R$ 135 bi na economia

O Banco Central (BC) anunciou duas medidas para reduzir o volume de recursos de clientes que os bancos não podem usar para conceder crédito. Em conjunto, as ações têm potencial de injetar R$ 135 bilhões na economia. De acordo com a autoridade monetária, a decisão não tem o objetivo de estimular a atividade econômica. O BC também reconhece que esse montante potencial não necessariamente será liberado para empréstimos e que a decisão sobre o uso dos recursos caberá exclusivamente aos bancos.
O Banco Central (BC) anunciou duas medidas para reduzir o volume de recursos de clientes que os bancos não podem usar para conceder crédito. Em conjunto, as ações têm potencial de injetar R$ 135 bilhões na economia. De acordo com a autoridade monetária, a decisão não tem o objetivo de estimular a atividade econômica. O BC também reconhece que esse montante potencial não necessariamente será liberado para empréstimos e que a decisão sobre o uso dos recursos caberá exclusivamente aos bancos.
Na primeira medida, a alíquota do recolhimento compulsório de recursos a prazo será reduzida de 31% para 25% a partir de 16 de março. O impacto da liberação será de R$ 49 bilhões. O compulsório é a parcela de dinheiro dos clientes que os bancos deixam retida no BC. Os depósitos a prazo são feitos quando o cliente investe em um título do banco. Ao mesmo tempo, flexibilizou uma regra que obriga os bancos a manterem em suas carteiras ativos líquidos de alta qualidade, como títulos públicos e operações compromissadas com o BC. Agora, será ampliado o limite de depósitos compulsórios que poderão ser usados para atender a essa exigência. Com isso, serão destravados mais R$ 86 bilhões.
As regras alteradas existem como forma de proteger o sistema financeiro, garantindo que haja recursos disponíveis em momentos de estresse no mercado para absorver choques de demanda. De acordo com o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, o Brasil tem taxa elevada do compulsório e ainda há espaço para novos cortes. Segundo ele, a ideia é que esse movimento de queda seja gradual e seguro ao longo do tempo, sem gerar riscos ao sistema. Essa é a segunda redução na alíquota do depósito a prazo em menos de um ano. Em junho de 2019, o BC diminuiu de 33% para 31%.
"Não tem a ver com o objetivo de estimular a economia. O objetivo, aqui, é melhorar a eficiência do Sistema Financeiro Nacional. Para estimular a economia, temos outros instrumentos", afirmou. Serra explicou que a medida não faz parte da política monetária e que, nessa área, o BC dispõe do instrumento para estabelecer a taxa básica de juros da economia. A definição da meta para a Selic tem o objetivo de controlar a inflação, o que, segundo ele, tem potencial de estimular a atividade no País.
No final de janeiro, o estoque de depósitos compulsórios estava em R$ 450 bilhões. A redução da exigência está entre as medidas da agenda BC, colocada em prática pelo presidente do órgão, Roberto Campos Neto. O objetivo é seguir um plano de cortes estruturais dessas alíquotas a longo prazo. Nesta semana, Campos Neto havia pontuado que, desde sua chegada à instituição, no ano passado, já haviam sido liberados cerca de R$ 20 bilhões em compulsórios. Ele reconheceu, no entanto, que o dinheiro ficou "empoçado" nos bancos - ou seja, não foi, necessariamente, utilizado pelas instituições financeiras em novas operações de crédito.
O diretor afirma ser natural que esse volume não seja convertido em empréstimos no primeiro momento, mas espera que gradualmente os bancos canalizem esses recursos para operações de crédito. Serra espera que esse movimento seja estimulado pela recuperação da economia. "Acho que é natural que, neste ambiente, uma parte desses recursos flua para o crédito, se não em sua totalidade. Mas isso vai depender da política dos bancos", disse. Desde 2008, o BC usou o compulsório como forma de estimular ou esfriar a economia, além de criar reservas de valor para reduzir ou aumentar a exposição dos bancos a risco de inadimplência.
Ao reduzir o percentual a ser coletado, o BC permite que os bancos usem esses recursos e emprestem mais, o que poderia ajudar o País em momentos de crescimento mais lento, como o atual. A última alta do compulsório foi em 2015. Desde então, as taxas vêm sendo reduzidas. Em junho do ano passado, o BC já havia cortado a alíquota dos recursos a prazo, de 33% para 31%, com impacto de R$ 16 bilhões.
Um dia após essa decisão, embora não tenha poder sobre as ações do BC, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que seriam liberados mais R$ 100 bilhões do compulsório. Na época, a autoridade monetária não confirmou a informação.

ENTENDA O COMPULSÓRIO - BOX

É o percentual de recursos dos clientes que estão no banco e que não podem ser usados para emprestar
Esse percentual varia conforme o tipo de depósito:
Depósito à vista
É o dinheiro em conta-corrente
25% é quanto os bancos precisam deixar no BC, sem rendimento

Depósito a prazo
São investimentos como CDB (emitidos por bancos) e RDB (por financeiras)
25% é quanto precisa ficar no BC, que rende a Selic

Depósitos de poupança
20% das aplicações, que rendem o mesmo que a caderneta