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Economia

- Publicada em 10 de Fevereiro de 2020 às 21:20

Setor calçadista espera crescer até 2,5% no ano

Haroldo Ferreira informa que vendas para os Estados Unidos subiram

Haroldo Ferreira informa que vendas para os Estados Unidos subiram


/ABICALÇADOS/DIVULGAÇÃO/JC
Carlos Villela
A indústria calçadista brasileira praticamente repetiu o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 e apresentou crescimento de 1%, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Para 2020, o presidente-executivo da entidade, Haroldo Ferreira, espera que ocorra um aquecimento no mercado interno, que representa 85% do consumo da produção de calçados do País. Ferreira também acredita que, após a aprovação - mesmo que tardia, em sua avaliação - da reforma da Previdência, o projeto de reforma tributária deve ajudar na retomada do setor.
A indústria calçadista brasileira praticamente repetiu o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 e apresentou crescimento de 1%, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Para 2020, o presidente-executivo da entidade, Haroldo Ferreira, espera que ocorra um aquecimento no mercado interno, que representa 85% do consumo da produção de calçados do País. Ferreira também acredita que, após a aprovação - mesmo que tardia, em sua avaliação - da reforma da Previdência, o projeto de reforma tributária deve ajudar na retomada do setor.
Hoje, o Brasil é o quarto maior fabricante de calçados do mundo, com uma produção estimada de 950 milhões de pares em 2019, com movimentação de R$ 21 bilhões. O País perde apenas para a China, com 11,5 bilhões de pares; a Índia, com 2,94 bilhões de pares; e o Vietnã, com 1,42 bilhão de pares.
Em entrevista, Ferreira também falou sobre as peculiaridades dos dois maiores destinos de exportação dos calçados nacionais no último ano. Enquanto a venda para a Argentina se tornou mais complexa com as novas medidas de importação implantadas pelo país vizinho para segurar as reservas de dólares, as exportações para os Estados Unidos aumentaram em mais de 18% por conta da guerra comercial com a China.
Jornal do Comércio - O crescimento do setor para 2019 ficou em 1%, abaixo da estimativa. O que motivou essa alta menor que o esperado?
Haroldo Ferreira - Na verdade, a expectativa era 3% no início de 2019, e, no fim do ano, já acreditávamos que ia ficar entre 1,1% e 1,8%, mas o que ocorreu foi que as reformas que demoraram para acontecer refletiram no comércio e na indústria, e, por isso, tivemos esse resultado. Ficou abaixo da nossa expectativa, mas superior à indústria da transformação.
JC - Qual é a expectativa de crescimento do setor para este ano?
Ferreira - Estamos estimando que, em 2020, devemos crescer de 2% a 2,5%, então está mais ou menos consoante com a previsão de crescimento do PIB. É uma previsão bastante conservadora, porque o nosso crescimento está ligado diretamente ao andamento da economia. Com a economia melhorando ou crescendo 2% a 2,5%, o nosso setor certamente irá acompanhar essa expansão, podendo até ser superior a isso. Apesar da reforma tributária, que o presidente da Câmara pretende fazer, há outras questões - entre elas, o coronavírus - que vão afetar o resultado da economia do planeta, mas mantemos a projeção.
JC - Como a guerra de ICMS entre estados afeta o setor calçadista?
Ferreira - Como entidade nacional, a Abicalçados não entra nessa discussão de tributos estaduais. O que aconteceu recentemente foi a alteração da legislação no Rio Grande do Sul e em São Paulo, que melhorou a competitividade desses estados perante os outros. Trouxeram para o jogo de novo esses dois estados que são grandes produtores de calçados para a disputa - basicamente no mercado interno, porque ICMS não afeta exportação. O Rio Grande do Sul passou a ter uma competitividade melhor nessa questão tributária frente a outros polos onde o estado estava defasado, como São Paulo também estava. A grande discussão aqui era a equiparação com Santa Catarina, e, em São Paulo, a discussão era a equiparação com Minas Gerais. Isso trouxe para a concorrência novamente esses dois estados.
JC - O setor calçadista espera, também, um aumento nas vagas de emprego neste ano?
Ferreira - A questão de vagas de trabalho é ligada ao aquecimento da economia. Prevemos crescer de 2% a 2,5%, e isso vai refletir diretamente no aumento de postos de trabalho. Então podemos expandir em torno de 2% se a economia melhorar. Temos as reformas que aconteciam no ano passado e as que estão para vir neste ano.
JC - Quais são os principais polos de produção no Brasil?
Ferreira - O maior, em nível de produção em pares, é o Ceará, em função da Grendene, que tem a fábrica lá; depois, a Paraíba, com a Alpargatas; e, em terceiro lugar, o Rio Grande do Sul. No País, os principais polos são o Rio Grande do Sul, a região de São Paulo - com seus três polos de Franca, Jaú e Birigui -, o de Minas Gerais, na região de Nova Serrana, e São João Batista, em Santa Catarina. Também temos polos na Bahia bastante interiorizados em várias pequenas cidades.
JC - Qual o maior foco da produção nacional: exportação ou mercado interno?
Ferreira - Mercado interno absorve 85% da produção nacional de calçados. Isso até nos faz acreditar que o crescimento no ano de 2020 será focado mais no mercado interno do que na própria exportação.
JC - Como foram as exportações em 2019 para a indústria calçadista nacional?
Ferreira - As exportações em pares cresceram 0,9%, porém, em valores, ficaram 0,9% menor do que em 2018. Mas isso se dá em função da variação cambial, porque, se transformarmos o valor de exportado para reais, há um crescimento de 7% em relação a 2018. A valorização do câmbio diminuiu o valor exportado.
JC - A Argentina recentemente implantou algumas medidas de licenciamento para exportação de calçados. Como isso afeta a produção brasileira que vai para lá?
Ferreira - O que aconteceu é que o governo argentino alterou a questão do prazo de validade das licenças de exportação. O nosso setor de calçados não tinha licença automática, precisava de licença para fazer exportação, porém essa licença tinha um prazo de 180 dias, e o governo argentino reduziu para 90 dias. Outra mudança foi a redução da variação de valores solicitados no pedido da licença de importação, bem como quantidade de pares. O importador argentino, quando solicitava a licença para importação, dizia que queria importar um número X de pares a um número X de dólares. Essa licença que era expedida em favor do importador poderia ter uma variação tanto na quantidade de pares quanto no valor dos pares em 7%, e o governo restringiu a 5%. Isso é uma medida técnica que o governo argentino colocou com o objetivo de dificultar as importações ou as nossas exportações em função da fragilidade na questão cambial. Está segurando as reservas de dólares, então qualquer atitude para dificultar a entrada de produtos importados na Argentina eles estão fazendo.
JC - Mas a Argentina continua como um dos principais focos de exportação dos calçados brasileiros?
Ferreira - A Argentina continua sendo nosso segundo maior destino de exportações, embora, em 2019, as exportações para aquele mercado tenham caído 25%. Os Estados Unidos são o principal comprador, e, no ano passado, o crescimento para lá foi de 18,4%.
JC - O que motivou esse crescimento nas exportações para os Estados Unidos?
Ferreira - Foi a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Isso começou no final de 2018, e os importadores americanos vieram se abastecer em outros mercados, como o brasileiro. Como todo mundo sabe, Estados Unidos e China estão começando a se acertar em alguns pontos, tanto é que a última lista que entraria no final do ano foi suspensa.
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