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Economia

- Publicada em 30 de Janeiro de 2020 às 03:00

Coronavírus afeta negócios de empresas brasileiras

Doença já matou 132 pessoas apenas em território chinês

Doença já matou 132 pessoas apenas em território chinês


/NOEL CELIS/AFP/JC
Empresas brasileiras com operação na China já preveem impacto nos negócios com as medidas de Pequim para conter o avanço do coronavírus, que matou 132 pessoas no país asiático e infectou quase 6 mil até esta terça-feira. Além de restrição de viagens de funcionários, caso de gigantes como a Vale e a Petrobras, companhias que vendem à China trabalham com o cenário de atraso na entrega de mercadorias e possível redução de vendas. O governo chinês decidiu prolongar o feriado de Ano-Novo Lunar até 2 de fevereiro, e algumas áreas industriais só podem retomar a operação entre 8 e 10 de fevereiro.

Empresas brasileiras com operação na China já preveem impacto nos negócios com as medidas de Pequim para conter o avanço do coronavírus, que matou 132 pessoas no país asiático e infectou quase 6 mil até esta terça-feira. Além de restrição de viagens de funcionários, caso de gigantes como a Vale e a Petrobras, companhias que vendem à China trabalham com o cenário de atraso na entrega de mercadorias e possível redução de vendas. O governo chinês decidiu prolongar o feriado de Ano-Novo Lunar até 2 de fevereiro, e algumas áreas industriais só podem retomar a operação entre 8 e 10 de fevereiro.

A Vale suspendeu viagens de negócios ao país por tempo indeterminado e também determinou que empregados da China não viajem a nenhuma outra unidade da empresa. Os funcionários estão em regime de trabalho remoto, mas as atividades em portos asiáticos seguem normalmente, informou a companhia. Segundo a empresa, a decisão não deve impactar a exportação de petróleo para a China, mas informou que "eventuais ajustes logísticos estão sendo estudados".

A Petrobras também decidiu suspender todas as viagens de seus funcionários à China como forma de prevenir eventuais contaminações por coronavírus. Em nota, a estatal disse que "monitora a evolução do quadro de saúde pública causado pelo coronavírus" e que, "de forma preventiva", cancelou "as viagens programadas para a China".

A fabricante de materiais elétricos WEG, de Jaguará do Sul (SC), orientou que viagens sejam feitas apenas depois de 8 de fevereiro. As unidades da WEG estão paradas, e a atividade será retomada apenas nessa data, seguindo a orientação das autoridades locais. A WEG é uma das companhias brasileiras com maior presença na China. Em 2019, inaugurou sua quarta unidade no país, onde atua desde 2004.

A Marcopolo, que produz carrocerias de ônibus e tem sede em Caxias do Sul, na serra gaúcha, afirma que sua fábrica na China só vai voltar às atividades no dia 10 de fevereiro, "caso não surjam problemas em decorrência do coronavírus". A fabricante disse, em nota, que trabalhou de forma antecipada aos sábados para compensar o feriado de Ano-Novo Chinês. Também monitora o cenário e diz que reavaliará a situação conforme for necessário. Segundo a empresa, não há empregados brasileiros na operação chinesa.

Os dirigentes consideram que é cedo para prever o efeito do coronavírus em números, mas estão em alerta, porque a redução da circulação de pessoas deve acarretar menos consumo na região. "Como em algumas cidades não é possível sair de casa, não pode comprar fora, existe impacto, porque nosso produto não gira. Ainda não tivemos redução de vendas, mas isso nos coloca em alerta", afirmou Rodrigo Nunes, gerente de Exportação da Kidy, de Birigui (SP).

A Kidy fabrica sapatos no Brasil e exporta à China mensalmente. "As restrições impactam terceiros, como o delivery. O on-line business é muito forte na China. Mesmo que a compra seja feita na internet, sem sair de casa, em alguns pontos, a orientação é para que não haja entrega", acrescenta Nunes. A Kidy entrega compras do e-commerce em todo o território chinês, segundo o gerente.

A CMMY Assessoria, que, desde 2008, presta consultoria para empresas brasileiras com relações comerciais com a China, estava preparada para a interrupção dos serviços durante o Ano-Novo. Porém não contava com a ampliação da interrupção dos trabalhos. "Estenderam o feriado para manter o pessoal em casa. As fábricas não estão trabalhando. O impacto realmente sério, do nosso ponto de vista, deve ser sentido em abril, durante a Canton Fair, maior feira de negócios do mundo", diz Martin Bordasch, analista da CMMY.

É nesse período, segundo ele, que as empresas compram mercadorias que chegam a tempo para as vendas de fim de ano. "Levamos missões de empresários e estamos vendo que vai estar complicado", acrescenta.

Cristian Martins, diretor na consultoria, reforça o problema do atraso nas entregas. "Tínhamos expectativa de embarque de matérias-primas e produtos no final do feriado, mas vai ter atraso de mercadoria. Isso refletirá tanto no Brasil como no resto do mundo. Modifica a programação para quem precisa dos insumos ou para quem revende produto", afirma. A maioria das empresas atendidas pela assessoria importa materiais de construção, acabamentos para construção e artigos de bazar.

Representantes do setor industrial brasileiro afirmam que monitoram de perto a situação, mas minimizaram efeitos de longo prazo, já que o número de fábricas não é tão representativo quanto o setor de exportação, por exemplo. Eles consideram as medidas do governo chinês "corajosas" e dizem que o episódio do coronavírus ainda não é considerado uma crise para a indústria brasileira.

Em relação às exportações - a China é o principal destino das vendas brasileiras -, o setor diz que, apesar do cerco à cidade de Wuhan, os portos, como o de Xangai, estão recebendo mercadoria brasileira.

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