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Economia

- Publicada em 09 de Janeiro de 2020 às 03:00

'Fui vítima de um processo hostil', afirma Carlos Ghosn

Ghosn fez primeira aparição pública após fuga do Japão para o Líbano

Ghosn fez primeira aparição pública após fuga do Japão para o Líbano


/JOSEPH EID/AFP/JC
Pela primeira vez após fugir do Japão para o Líbano, Carlos Ghosn, ex-presidente da Nissan e da Renault, se defendeu publicamente das acusações feitas pela Justiça japonesa. Em entrevista coletiva em Beirute, que durou mais de duas horas, ele afirmou que as acusações são fantasiosas. Ele se esquivou, porém, de todas as perguntas sobre como foi sua fuga do país para o Líbano. Ghosn tem cidadania brasileira, francesa e libanesa.
Pela primeira vez após fugir do Japão para o Líbano, Carlos Ghosn, ex-presidente da Nissan e da Renault, se defendeu publicamente das acusações feitas pela Justiça japonesa. Em entrevista coletiva em Beirute, que durou mais de duas horas, ele afirmou que as acusações são fantasiosas. Ele se esquivou, porém, de todas as perguntas sobre como foi sua fuga do país para o Líbano. Ghosn tem cidadania brasileira, francesa e libanesa.
A viagem que, segundo diversos veículos de imprensa, envolveu uma viagem de trem até o aeroporto de Osaka e dois trechos de avião até a chegada a Beirute, é tratada como uma fuga cinematográfica. Ghosn teria se escondido em uma caixa de instrumentos musicais. Na coletiva, o executivo afirmou que a fuga do Japão foi a decisão mais difícil de sua vida, mas que estava sofrendo com as leis japonesas.
"Eu não fugi da Justiça. Não tinha escolha, tinha que me proteger e proteger a minha família", afirmou. Questionado sobre a posição do Brasil sobre sua situação, Ghosn disse que esperava uma "ajuda maior do governo brasileiro".
O ex-presidente da Nissan disse que escolheu o Líbano por questões de logística. Ao ser perguntado sobre o motivo por não ir para o Brasil, continuou sustentando o argumento: "O problema é que, para sair do Japão e ir para o Brasil, é preciso parar em algum lugar. Não vou mais fazer comentários sobre isso", afirmou.
Questionado sobre o alerta vermelho da Interpol, ele reforçou que, no Líbano, ele não está sob risco. Para deixar o país, porém, precisaria antes recorrer à Interpol contra o alerta. Ghosn disse ainda não ter qualquer garantia do governo libanês de que não será extraditado para o Japão.
Ele afirmou, ainda, que era um alvo fácil da Justiça japonesa, mas que não tinha mágoas do país no qual viveu por 17 anos. "Eu era um alvo fácil, estava na Renault e era estrangeiro", disse. "Muita gente vai dizer que 'ele fugiu porque é culpado', é fácil."
Durante sua apresentação, em que mostrou documentos que refutariam as acusações que sofre, ele criticou as leis japonesas e rebateu uma questão de um jornalista que perguntou se ele não se importava de quebrar as leis japonesas. "Obviamente quebrar a lei no Japão é um problema. Mas procuradores quebraram 10 leis no Japão e ninguém se importou", disse sobre sua fuga.
"É muito cedo para falar de um retorno (para a indústria automotiva). Preciso ganhar mais força e passar mais tempo com a minha família e meus amigos. Por enquanto, não tenho planos, não significa que eu não vá ter mais para frente."
Carlos Ghosn destacou-se por ter criado um império no segmento, com a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi. Em 2016, ele era um dos executivos mais bem pagos entre as companhias japonesas, tendo recebido só da Nissan R$ 33,4 milhões. Tudo caminhava bem para ele até que, em 19 de novembro de 2018, o executivo foi preso no Japão por supostas violações financeiras - que envolveriam sonegação fiscal e uso de ativos da companhia japonesa para fins pessoais. Ghosn, então presidente do conselho da Nissan, e outro diretor da montadora, Greg Kelly, foram alvos de uma investigação interna por meses, segundo nota divulgada pela companhia à época das prisões. O ex-chefe das montadoras, no entanto, sempre negou as acusações movidas contra ele pelos promotores da Justiça japonesa.
No período em que esteve preso e em que surgiram as denúncias, Carlos Ghosn perdeu o comando do conselho de administração da Nissan, foi demitido do colegiado da Mitsubishi e renunciou voluntariamente à direção da Renault. Ghosn sempre negou as acusações movidas contra ele, alegando perseguição por parte da Justiça japonesa.
 
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