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Economia

- Publicada em 02 de Janeiro de 2020 às 03:00

Mistérios ainda cercam fuga de Ghosn do Japão

Carlos Ghosn responde a quatro processos por fraudes financeiras

Carlos Ghosn responde a quatro processos por fraudes financeiras


/KAZUHIRO NOGI /AFP/JC
Os mistérios em torno da fuga de Carlos Ghosn da prisão domiciliar em Tóquio para o Líbano não param de crescer. Nesta quarta-feira, a agência de notícias Reuters informou que, segundo fontes, o ex-executivo das montadoras Renault, Nissan e Mitsubishi foi "calorosamente recebido" pelo presidente libanês, Michel Aoun, após desembarcar em Beirute de um voo vindo de Istambul, na Turquia.

Os mistérios em torno da fuga de Carlos Ghosn da prisão domiciliar em Tóquio para o Líbano não param de crescer. Nesta quarta-feira, a agência de notícias Reuters informou que, segundo fontes, o ex-executivo das montadoras Renault, Nissan e Mitsubishi foi "calorosamente recebido" pelo presidente libanês, Michel Aoun, após desembarcar em Beirute de um voo vindo de Istambul, na Turquia.

No Japão, no entanto, as autoridades ainda não se pronunciaram sobre o caso. Segundo as fontes, Ghosn, agora, está de bom humor, sentindo-se seguro. No encontro com o presidente, o ex-executivo teria agradecido a Aoun pelo apoio dado a ele e a sua esposa, Carole Ghosn, durante o período em que esteve detido na capital japonesa. A assessoria de imprensa da presidência do Líbano, contudo, nega o encontro.

Mas autoridades libanesas informam que não serão tomadas medidas legais contra Ghosn, que teria entrado no país de maneira legal, usando passaporte francês. Nascido no Brasil, o ex-executivo tem cidadania libanesa e francesa. Entretanto, seus passaportes estão em posse de seus advogados no Japão, seguindo o acordo de liberdade condicional.

Ghosn cumpria prisão domiciliar em apartamento em um bairro luxuoso de Tóquio, aguardando o início de seu julgamento, previsto para ter início em abril deste ano. Pelo acordo, a entrada do imóvel era monitorada por câmera de segurança, e ele era proibido de se comunicar até mesmo com a esposa. Mas, segundo as fontes, Ghosn se encontrava diariamente com o embaixador libanês no Japão.

O primeiro mistério é sobre como Ghosn deixou o apartamento sem ser flagrado pelas câmeras de segurança. Alguns veículos de comunicação citaram que ele teria se escondido em uma caixa de instrumentos musicais, após um concerto privado em sua casa. Contatada pela Reuters, Carole afirmou que essa versão seria pura ficção, mas não deu detalhes da fuga.

Segundo as fontes, a fuga foi detalhadamente planejada ao longo de três meses, sob supervisão de uma empresa de segurança privada. Poucas pessoas tinham conhecimento do plano. Ghosn deixou o Japão a bordo de um jato privado até Istambul, antes de chegar a Beirute. E até mesmo o piloto desconhecia a presença de Ghosn na aeronave. "Foi uma operação muito profissional do início ao fim", disse uma das fontes.

Segundo o Wall Street Journal, o plano foi posto em ação no fim de semana passado por uma equipe montada para a exfiltração, com apoio de cúmplices no Japão. De maneira ainda desconhecida, ele foi retirado do apartamento e levado a um aeroporto, de onde embarcou para a Turquia. Depois, também de avião, foi para o Líbano, onde chegou na manhã de segunda-feira e se reencontrou com a esposa, que desempenhou papel importante na operação.

Analisando dados de rastreamento de voos, o jornal americano identificou apenas uma rota que coincide com a jornada de Ghosn entre o Japão e o Líbano nesta data. Um jato comercial da Bombardier deixou o Aeroporto Internacional de Kansai, perto de Osaka - a cerca de seis horas de viagem de carro de Tóquio - no domingo, às 23h10min pelo horário local. O avião chegou na manhã de segunda-feira no Aeroporto Ataturk, em Istambul. Um jato menor decolou pouco mais de meia hora depois, rumo a Beirute.

O que chama a atenção é que o primeiro voo fez uma rota mais longa que o habitual, indo em direção norte para cruzar apenas o espaço aéreo russo a caminho da Turquia. Em outro mistério, não se sabe se, e como, Ghosn passou pela imigração no Japão e na Turquia.

Respondendo a quatro processos por supostas fraudes financeiras, incluindo a declaração de ganhos menores que os recebidos e uso de verbas da Nissan para benefício próprio, Ghosn foi detido, pela primeira vez, em novembro de 2018. Em março do ano passado, conseguiu a liberdade após pagamento de fiança, mas, no mês seguinte, foi preso novamente. Após costurar acordo, foi posto em liberdade condicional com regras rígidas.

Desde o início do caso, Carlos Ghosn denunciou uma "conspiração" da Nissan para impedir um projeto de integração reforçada com a francesa Renault. Durante uma audiência preliminar, em outubro, sua defesa pediu a anulação da acusação contra ele no Japão e acusou os promotores de "ações ilegais" e conluio com a Nissan para derrubá-lo do comando da empresa.

As acusações são "motivadas politicamente desde o início, fundamentalmente tendenciosas", e "este caso nunca deveria ter resultado em processo criminal", denunciaram. No único comunicado público após a fuga, divulgado na terça-feira, Ghosn disse ter se libertado de "um sistema judicial japonês parcial, onde prevalece a presunção de culpa". "Posso finalmente me comunicar livremente com a mídia, o que farei a partir da próxima semana", afirmou o executivo, que convocou uma entrevista coletiva para o dia 8.

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