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Agronegócios

- Publicada em 10 de Dezembro de 2019 às 11:29

Soja deve liderar ganhos em 2020, projeta Farsul

Presidente da Farsul, Gedeão Pereira, na coletiva de balanço da entidade

Presidente da Farsul, Gedeão Pereira, na coletiva de balanço da entidade


LUIZA PRADO/JC
Atualizada às 19h50min
Atualizada às 19h50min
O Rio Grande do Sul poderá ter em 2020 o maior Valor Bruto de Produção (VBP) da colheita de grãos da história, assim como uma recorde no volume, caso as projeções da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) se concretizem. De acordo com a entidade, o VBP deverá alcançar R$ 36,13 bilhões, alta de R$ 4 bilhões em relação a 2019. O maior ganho deverá vir da soja, com alta de R$ 3,2 bilhões.
Caso a colheita total de grãos não seja afetada por nenhum efeito climático e alcance as 35,404 milhões de toneladas projetadas, o Estado terá superado, ainda que por pouco, a produção recorde de 2017, que foi de 35,362 milhões de toneladas.
Já na pecuária bovina de corte, o incremento estimado é de 11% no VBP, passando de R$ 3,82 bilhões para R$ 4,23 bilhões, beneficiado principalmente por uma alta de 16% no preço da arroba entre janeiro e novembro deste ano.
Nos grãos, os ganhos vem tanto do incremento de produção quanto das cotações. De acordo com o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, o ano de 2019 foi especialmente positivo para o setor no segundo semestre. "Para 2020 devemos ter uma área plantada ainda maior e com boas condições do clima podemos ter alta de produção de grãos em 2,1%", estima Gedeão.
Tanto nas carnes quanto nos grãos a alta cotação do dólar é considerada positiva e benéfica às exportações. Mas o mesmo dólar que hoje estimula os negócios atuais e futuros poderá ser o vilão da próxima safra. Isso porque a cotação da moeda norte americana encarece os principais insumos da lavoura, como defensivos agrícolas.
O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, ressalta que a cotação da moeda pode impactar negativamente os custos da próxima safra. "E nem todos os custos o produtor consegue repassar ao comprador. Isso vai exigir atenção em 2020", alerta Luz.
Uma forma de minimizar os riscos com a moeda é antecipar a compra, avalia o economista Luz, aproveitando sobra de químicos norte-americanos. Como parte da área de plantio nos Estados Unidos não foi semeada por questões climáticas, sobraram fertilizantes, e parte deles foi reencaminhados para o Brasil e a América Latina como um todo. Mas sobrou produto por aqui também e quem tem recursos em caixa pode aproveitar para comprar com preços menores, sugere Luz. "É um oportunidade, mas nem todos terão como aproveitar. Quem tem recursos e espaço para armazenar, tem aí um forma de já ir preparando o plantio de 2021 com custo menor, já que os defensivos tiveram queda significativa com esse queda na venda nos Estados Unidos", alerta o economista.
No cenário internacional, a China seguiu como destaque, o que não deve ser diferente em 2020. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) está abrindo escritório em Xangai em 2020 para estimular ainda mais os negócios com gigante asiático, afirmou Gedeão, que é vice-presidente da CNA e responsável pela área internacional da entidade. "Também estudamos abrir um escritório em Singapura, olhando para Ásia como um todo", antecipa Gedeão.

Preço da carne deve ter leve recuo em 2020

Apesar de prever que o preço da carne bovina terá uma pequena retração entre fevereiro e abril, quando a oferta de gado começa a aumentar em todo o Brasil (com a volta dos animais ao campo, após a colheita), os preços devem se manter nos atuais patamares também em 2020 (com o preço da arroba na faixa dos R$ 200).
O presidente da Farsul, Gedeão Pereira, destacou que os preços pagos ao pecuarista estavam retraídos desde 2016, após a crise com as declarações da JBS e Operação Carne Fraca, por exemplo. "Os preços ao produtor tiveram queda constante neste tempo, chegando a 18%. Já para o consumidor a retração foi de 2%. Na hora de cair, não caiu. Já quando subiu, o repasse é quase imediato", critica Gedeão.

Arroz é preocupação para o futuro

Em um ano em que a soja, o milho e o trigo tiveram boas safras, o arroz foi representou a principal curva negativa. Além da queda de 14,6% na safra de 2019, o futuro do grão é incerto e pode acabar exigindo alta nos preços ao consumidor em breve. O maior problema é que, com a queda anterior e retração constante na área plantada, o risco a partir é de alta para o consumidor e até carência de produto no mercado interno.
"Estamos indo para 2020 novamente produzindo menos do que consumimos no mercado interno. E agora sem estoques, que foram consumidos ou exportados (em casca) nos dois últimos anos", alerta o economista da Farsul, Antônio da Luz.