Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

agronegócios

- Publicada em 07 de Dezembro de 2019 às 16:55

Encontro com produtores rurais encerra visita da missão europeia em Porto Alegre

Representantes de 19 países da União Europeia seguem com atividades neste sábado

Representantes de 19 países da União Europeia seguem com atividades neste sábado


THIAGO COPETTI/ESPECIAL/JC
Um jantar para colocar em pratos limpos algumas incertezas e questionamentos sobre o futuro do acordo com o Mercosul, a economia brasileira e temas agronegócio mundial marcaram o encerramento da missão diplomática da União Europeia em Porto Alegre. Na noite desta sexta-feira (6), o grupo formado por quase 20 embaixadores foi convidado pela Federação da Agricultura (Farsul) a conhecer melhor a produção agrícola e pecuária gaúcha em evento na sede da entidade.
Um jantar para colocar em pratos limpos algumas incertezas e questionamentos sobre o futuro do acordo com o Mercosul, a economia brasileira e temas agronegócio mundial marcaram o encerramento da missão diplomática da União Europeia em Porto Alegre. Na noite desta sexta-feira (6), o grupo formado por quase 20 embaixadores foi convidado pela Federação da Agricultura (Farsul) a conhecer melhor a produção agrícola e pecuária gaúcha em evento na sede da entidade.
Foi na Farsul que o grupo diplomático finalizou as atividades da missão liderada por Ignácio Ybáñez, embaixador da União Europeia no Brasil, na capital gaúcha. Neste sábado (7), o grupo seguiria para a serra gaucha, com agendas em Bento Gonçalves e Gramado. O Rio Grande do Sul foi escolhido sediar a reunião anual da União Europeia no Brasil devido à localização estratégica em relação ao Mercosul, explica Ybáñez, que, por sinal, tem forte ligação familiar com o Estado.
“Tenho um irmão gaúcho, que nasceu em Porto Alegre, onde também vivi, nos anos 1960, quando meu pai foi diplomata no Brasil”, contou Ybáñez, em conversa com Jornal do Comércio antes do evento.
Na Farsul, os diplomatas foram tanto apresentados a um histórico da crise econômica dos últimos anos quanto as razões para acreditar que os próximos anos serão de crescimento) _ o que na opinião da entidade, ocorrerá com as reformar tributária e administrativa, a nova Lei da Liberdade Econômica e os ganhos com a aprovação da MP Agro, que teve seu relatório aprovado recentemente. No menu do jantar também não ficaram de fora temas como a imagem ambiental do Brasil na Europa, os temores e as perspectivas com o início das reduções tributárias em ambos os lados, assim como um certo afastamento brasileiro do bloco europeu que, que na opinião de todos, precisa ser revisto.
Ao mostrar ao grupo um mapa com as visitas internacionais feitas pelo governo brasileiro neste ano, a diplomacia voltou à pauta. O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, ilustrou com um mapa o afastamento diplomático entre o atual governo brasileiro e os europeus. Luz citou visita presidências na Argentina, Chile, Estados Unidos e diferentes países do Oriente Médio e Ásia e apenas uma visita do presidente Jair Bolsonaro à Europa.
“E na Europa esteve apenas para participar do Foro de Davos. Isso é sinalizador de alguma coisa: que nós precisamos mudar esse quadro, a visita dos senhores aqui é muito simbólica para isso”, alertou Luz.
A necessidade de uma maior aproximação do Brasil com a UE _ ou uma reaproximação_ também foi invocada pelo presidente da Farsul, Gedeão Pereira, superintendente de Relações Internacionais da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Após a apresentação de um balanço das exportações brasileiras e da excessiva concentração das vendas à China, Gedeão ponderou que algumas restrições europeias e norte-americanas acabavam empurrando o agronegócio brasileiro a esse dependência indesejada do gigante asiático.
Gedeão se referia ao que considera imagens distorcidas sobre o agronegócio brasileiro, em relação à sustentabilidade, por exemplo, assim como pressões internas de produtores dos Estados Unidos e da Europa para prejudicar o ingresso de produtos brasileiros em seus países e também em outros mercados. Para o presidente da Farsul, barreiras europeias e norte-americanas ocorrem por pressões de produtores europeus e visam proteger mercados internos e porque o agronegócio brasileiro é concorrente direto nas exportações de muitos desses produtores.
“Posturas europeias e americana empurram o Brasil para a China. Temos que dialogar, colocar menos empecilhos e fazer crescer esse mercado aberto com o acordo, que nos tornará mais competitivo. Por outro lado, somos 200 milhões de consumidores no Brasil, o que é de interesse europeu”, pontuou Gedeão, lembrando que a própria missão já marcava esse começo.
O cenário, afirmou Ybáñez, deve começar ser alterado em breve, tanto pelo avanço e o começo gradual da validação do acordo com o Mercosul quanto por uma pedido já feito pelo Itamaraty a representação europeia no Brasil. De acordo com o embaixador, já está sendo organizada uma missão presidente Jair Bolsonaro à Europa ainda no início de 2020.
“Temos a convicção de que o acordo é uma grande oportunidade para o Mercosul e para nós. Lá também, houve resistências, assim com aqui. Agora estamos na fase de ratificação por parte de cada país, não mais das regras, que já foram amplamente debatidas. O que está em curso é conhecer melhor o país com o qual está se tornando parceiro”, explicou Ybáñez.

Proteção ambiental e sustentabilidade do agronegócio também entraram na pauta

A Farsul dedicou espaço privilegiado no encontro com a missão europeia para reforçar a visão de sustentabilidade e proteção ao ambiente feito pelo produtor rural brasileiro. Apresentou dados de preservação dentro das propriedades rurais, por exemplo, assim como do sucesso dos programas de manejo integrado de lavouras, pecuária e floresta. Os dados que conheceu no Estado agradaram, por exemplo, a chefe da sessão de assuntos políticos, econômicos e da informação da UE, Domenica Bumma.
“Há uma boa sinergia entre o que o está fazendo o agronegócio gaúcho em termos de propostas de desenvolvimento sustentável e o que busca a Europa neste sentido”, elogiou Domenica.
Sobre a questão da imagem europeia no que se refere a temas ambientais brasileiros, Ybáñez, fez um alerta à ponderação da Farsul de que muitos na Europa tapam os ouvidos sobre a verdade do que ocorre por aqui, privilegiando imagens e informações distorcidas.
“Agora não há mesmo uma boa imagem europeia sobre o Brasil. Assim como algumas coisas que nos chegam podem não ser completamente verdade, também não são completamente erradas. O que talvez explique porque não tenhas o nível de visitas (diplomáticas brasileiras) que nos também gostaríamos”, ponderou o líder da missão europeia no Estado.