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Mercado Digital

- Publicada em 01 de Dezembro de 2019 às 22:03

Brasil pode perder jogo da Inteligência Artificial

Para Roque, País precisa assumir postura para entrar neste mercado

Para Roque, País precisa assumir postura para entrar neste mercado


/LEANDRO FONSECA/DIVULGAÇÃO/JC
O potencial de contribuição da Inteligência Artificial (IA) para a economia global até 2030 é de US$ 15,7 trilhões - e a América do Sul deverá ficar com apenas 5% deste bolo. É o que aponta o Estudo Global de Inteligência Artificial realizado pela PwC. Para o sócio da PwC Brasil responsável por Data & Analytics, Tomas Roque, é o momento de o Brasil assumir uma postura mais intencional para fazer parte desse mercado. Um caminho fundamental para isso, comenta, é a educação. "Há uma carência absurda de profissionais preparados para atuar com IA. Precisamos nos tornar produtores de soluções, e não apenas consumidores, como forma de começarmos a ter relevância externa", sugere.
O potencial de contribuição da Inteligência Artificial (IA) para a economia global até 2030 é de US$ 15,7 trilhões - e a América do Sul deverá ficar com apenas 5% deste bolo. É o que aponta o Estudo Global de Inteligência Artificial realizado pela PwC. Para o sócio da PwC Brasil responsável por Data & Analytics, Tomas Roque, é o momento de o Brasil assumir uma postura mais intencional para fazer parte desse mercado. Um caminho fundamental para isso, comenta, é a educação. "Há uma carência absurda de profissionais preparados para atuar com IA. Precisamos nos tornar produtores de soluções, e não apenas consumidores, como forma de começarmos a ter relevância externa", sugere.
Jornal do Comércio - Muitas tecnologias importantes estão surgindo. O que faz a Inteligência Artificial ser tão diferenciada do ponto de vista da geração de valor?
Tomas Roque - A grande beleza da Inteligência Artificial está no seu modelo tecnológico que permite aprender e ser aperfeiçoado. Aliás, essa tecnologia é antiga - a Xerox, na década de 1960, já adotava. Mas foi a massificação que permitiu que ela fosse disseminada a um custo competitivo. O aprendizado contínuo faz que IA seja decisória e relevante para os processos de negócios que dependem dela.
JC - Como o Brasil deve explorar essa tecnologia para aumentar a sua competitividade?
Roque - Tem um estudo do PwC recente que mostra que, até 2030, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial se beneficiará em U$S 15,7 trilhões com a Inteligência Artificial. Fizemos uma análise de quais países estarão dentro dessa competitividade e vemos Estados Unidos, Canadá, China e Alemanha despontando nessa corrida. A América do Sul será responsável por apenas 5% US$ 500 bilhões. Isso traz questões estruturantes nossas. Uma delas é que, sem educação propositiva, não vamos conseguir competir em IA com esses países. Temos que trabalhar de forma estruturada, com governos, empresas e entidades de classe para transformar e serem competitivas dentro desse mundo que vai consumir IA. Temos uma carência absurda de profissionais em IA, como cientistas de dados, estatísticos e matemáticos, e ética. Se não tivermos pessoas preparadas e conhecedoras dessas tecnologias, o Brasil será consumidor, e não criador dessa tecnologia. É importante nos posicionarmos como criadores e produtores, só assim aumentaremos a competitividade interna e começaremos a ter relevância externa.
JC - Quais os riscos sociais de IA? As empresas que estão desenvolvendo essas soluções estão cientes das implicações éticas, como em relação à privacidade e ao cruzamento dos dados?
Roque - As empresas estão buscando questões de dados, privacidade muito mais pela LGPD do que pela IA hoje em dia. Existem questões éticas que não estão sendo avaliadas como deveriam. As principais tecnologias que estão sendo difundidas têm viés inconsciente, mas mercado não percebeu. Tirando os fabricantes de soluções de tecnologia de Inteligência Artificial, como o Watson (IBM) e Einsten (Salesforce), não conheço nenhum nome de ferramenta de IA com nome masculino. São todos femininos, como Bia (Bradesco), Joice (Oi), Aura (Vivo) e Lia (Leroy Merlin). Em um mundo em que buscamos igualdade social e direitos iguais, esse pode ser um viés inconsciente e uma demonstração de como as empresas, com seus times de marketing e programadores, estão tratando seus processos internos. Tratar todos os bots por nome feminino é talvez o primeiro risco social. E tem outras questões que surgirão, porque, se isso está presente na escolha do nome, é porque está na cabeça de quem está definindo modelos neurais de IA. Por isso é tão importante as questões éticas estarem associadas ao desenvolvimento da tecnologia.
JC - Como a Inteligência Artificial pode contribuir, de forma mais contundente, para gerar valor aos negócios?
Roque - Empresas de todos os segmentos já trabalham de alguma forma com a Inteligência Artificial. O setor de tecnologia, transportes, aeroespacial - que pode trabalhar com manutenção preditiva de peças - ou a área financeira fazendo forecast de vendas. IA é um compêndio de várias tecnologias, como Machine Learning, Deep Learning, Computer Vision e Natural Language Processing (NLP). Por isso, tem muita robustez e respaldo tecnológico para contribuir com todos os negócios que precisem de uma análise mais estruturada das informações.
JC - Quais os segmentos de mercado que mais estão se beneficiando dessa tecnologia?
Roque - Um dos que mais se beneficia é a indústria de saúde, que tem uma carência importante em exames de imagem, e IA consegue trabalhar com avaliação de imagem de forma mais proativa do que o ser humano. Inteligência Artificial também consegue ser treinada para, cada vez mais, aumentar acuracidade na análise de imagens. O setor financeiro também vai se beneficiar. Hoje, existem várias questões de análise de risco e de crédito sendo feitos, e até para processos de investimento, determinando modelos de portfólio para os clientes. Outra aplicação importante, que ainda é incipiente no Brasil, é dos carros autônomos, as de melhoria de trânsito e de entregas. Setores com agronegócios também estão tendo melhorias com o uso de IA para análise de pestes em plantações de cana e soja. O entretenimento é um dos segmentos que muito se usa Inteligência Artificial. Um exemplo é o do Netflix, que passa a avaliar os filmes que a pessoa assiste e, com base no perfil dela, recomenda outros. Por isso a taxa de recomendação é tão assertiva deles. São setores que já estão se beneficiando e serão ainda mais beneficiados nos próximos anos.
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