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Economia

- Publicada em 21 de Novembro de 2019 às 17:36

Incerteza no leilão de 5G preocupa fornecedores; país perde R$ 25 bi por ano de atraso, revela estudo

Os fabricantes de equipamentos de telecomunicações estão preocupados com as incertezas que rondam o leilão de 5G no Brasil. No início do ano, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) previa licitar a frequência às operadoras de telefonia antes de abril de 2020. Agora, a expectativa do mercado é de um leilão só em outubro do ano que vem e não está descartada a hipótese de que o certame fique para 2021. A agência não confirma a data.
Os fabricantes de equipamentos de telecomunicações estão preocupados com as incertezas que rondam o leilão de 5G no Brasil. No início do ano, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) previa licitar a frequência às operadoras de telefonia antes de abril de 2020. Agora, a expectativa do mercado é de um leilão só em outubro do ano que vem e não está descartada a hipótese de que o certame fique para 2021. A agência não confirma a data.
Para vários executivos do setor, o provável atraso vai retardar investimentos. Estudo recente da Ericsson, companhia sueca de redes móveis, estimou que a implementação do 5G em 2020 atrairia R$ 180 bilhões até 2025. A cada ano de atraso, o país perderia R$ 25 bilhões em arrecadação de impostos e vendas de equipamentos.
"O mercado já está preparado para implantar o 5G, mas o atraso pode privar o país de aproveitar os benefícios dessa tecnologia", diz Paulo Bernardocki, diretor de produtos e tecnologia da Ericsson no Brasil.
Um dos motivos para o atraso é a interferência do sinal do 5G com o de antenas parabólicas, um problema ainda sem solução pelo governo.
Uma ideia seria usar parte do recurso arrecadado no leilão de frequências para custear a compra de conversores para mais de 11 milhões de antenas parabólicas que sofreriam com a piora do sinal, mas ainda não há certeza sobre o tamanho dessa conta, que pode chegar a R$ 2,9 bilhões, segundo a Anatel.
O mercado também se preocupa com as regras para a divisão do espectro 5G. A ideia inicial da Anatel, apresentada de maneira preliminar há algumas semanas, prevê destinar até 20% da radiofrequência a provedores regionais de internet. Trata-se de uma novidade em relação a leilões passados de 4G ou de 3G, concentrado em grandes operadoras como Vivo, TIM, Claro e Oi.
Vicente Aquino, conselheiro da Anatel, explica que a ideia é abrir espaço a novos competidores no 5G, uma tecnologia mais complexa que as anteriores por permitir a conexão não apenas entre pessoas, mas também entre máquinas, um dos preceitos da chamada internet das coisas. Isso justifica uma modelagem diferente dos 11 leilões já feitos pela Anatel.
"O 5G vai ter ter um impacto profundo na economia dos países. A visão geral é de um leilão que possa trazer os pequenos (provedores) para dentro de um segmento que até hoje está esvaziado da presença deles", disse Aquino em uma palestra na Futurecom, evento da indústria de telecom realizado em outubro na cidade de São Paulo. 
A questão é que a tecnologia atual de 5G só funciona sob uma infraestrutura já montada de 4G que, grosso modo, garante redundância no fluxo de dados.
As regras para as redes só de 5G, conhecidas pelo jargão "stand alone", estão em discussão no mundo. Por isso, a dúvida é se os provedores de internet terão capacidade técnica para instalar o 5G - ou se o espectro cedido a eles vai demorar ainda mais para ser explorado comercialmente.
"Tecnicamente, (a entrada de pequenos provedores) é uma boa ideia, mas do ponto de vista de negócio precisa de mais consistência", diz Wilson Cardoso, diretor de soluções para América Latina na Nokia, empresa finlandesa focada em infraestrutura de redes. 
Além de Ericsson e Nokia, a chinesa Huawei também é fornecedora de equipamentos de telecomunicações e acompanha atentamente os trâmites. A empresa esteve reunida com o presidente Jair Bolsonaro nesta semana e prometeu acelerar investimentos no país.
A Anatel diz, em nota, que os prestadores de internet de menor porte têm tido "relevante participação na expansão da banda larga fixa, especialmente por meio de fibra óptica", mas afirma não ter "condição de opinar a respeito" da capacidade delas em operar redes 5G "por se tratar de aspectos intrínsecos à operação de cada empresa, muito atrelados à expertise de cada uma".
Para Francisco Soares, diretor de relações com o governo na Qualcomm, fabricante americana de processadores, há pontos a serem mais bem trabalhados na proposta da Anatel.
"Há ainda muitas dúvidas sobre as regras para a divisão do espectro a serem esclarecidas", diz Soares, que acredita num consenso entre a agência e o mercado em algum momento até o leilão.
Por ora, o tamanho da jornada até o certame segue uma incógnita. Em nota, a Anatel explica que a ideia preliminar, apresentada por Aquino em setembro, está em debate no conselho diretor da Agência. Então, deve ir a consulta pública por 45 dias e voltar ao colegiado da agência.
A etapa seguinte é encaminhar a proposta e os estudos de viabilidade econômica ao Tribunal de Contas da União para, então, publicar o edital do leilão.
"Portanto, apenas após essas etapas é que podemos ter uma previsão da data de realização do leilão", diz a agência.
A indefinição pode colocar o Brasil atrás do resto do mundo na adoção do 5G, que deve chegar a boa parte dos países desenvolvidos nos próximos meses.
Pioneira, a Coreia do Sul tem uma rede nacional de 5G desde abril deste ano. Nos Estados Unidos, a tecnologia já está em metrópoles como Chicago e Minneapolis e deve ser ampliada aos estados de Iowa e Wisconsin no início do ano que vem.
Na Europa, é possível usar a tecnologia na Espanha, Suíça e Reino Unido. Nos próximos 12 meses, Alemanha, França e Holanda devem estrear suas redes.
Os consumidores também se preocupam com o possível atraso no acesso à nova tecnologia. Pesquisa online da consultoria Deloitte com 2.000 entrevistados de todas as regiões do país, divulgada em outubro, revelou que 69% dos brasileiros estariam dispostos a gastar mais na troca dos celulares atuais por modelos da nova geração.
Outros 45% querem migrar "assim que o 5G estiver disponível". A tecnologia promete conexões até dez vezes mais rápidas que a do 4G.
"O interesse pelo 5G é alto em entrevistados de todas as regiões e classes sociais brasileiras", diz Phil Wilson, sócio de telecomunicações da Deloitte e um dos responsáveis pela pesquisa.
Agência O Globo
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