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Conjuntura

- Publicada em 31 de Outubro de 2019 às 03:00

Selic cai para mínima recorde de 5% ao ano

O Banco Central (BC) anunciou, nesta quarta-feira, um novo corte na taxa básica de juros. Em decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, a Selic caiu de 5,5% para 5% ao ano. Com a decisão, a Selic está no menor nível desde que passou a ser utilizada como instrumento de política monetária, em 1999.
O Banco Central (BC) anunciou, nesta quarta-feira, um novo corte na taxa básica de juros. Em decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, a Selic caiu de 5,5% para 5% ao ano. Com a decisão, a Selic está no menor nível desde que passou a ser utilizada como instrumento de política monetária, em 1999.
O resultado da reunião confirmou a expectativa de todos os analistas consultados pela agência Bloomberg, que era um corte de 0,5 ponto percentual nos juros, conforme já vinha sendo indicado pelo BC desde o último encontro do Copom, em setembro.
Desde dezembro de 2017, os juros vêm renovando as mínimas históricas. Esse foi o terceiro corte anunciado na gestão do presidente Jair Bolsonaro. O ciclo atual de corte de juros começou em julho, quando a taxa estava em 6,50% ao ano, logo após a aprovação da reforma da Previdência na Câmara.
O Copom avisou que deve realizar um novo corte de 0,50 ponto percentual na reunião marcada para dezembro deste ano. Com isso, a Selic encerraria 2019 em 4,50% ao ano. "O comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir um ajuste adicional, de igual magnitude", informou o colegiado, em comunicado.
Ainda assim, o Copom avaliou que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela em eventuais novos ajustes no grau de estímulo. "O comitê reitera que a comunicação dessa avaliação não restringe suas próximas decisões e enfatiza que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação", destacou o documento.
Passada a aprovação da reforma da Previdência no Congresso Nacional, o BC reconheceu que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira tem avançado, mas enfatizou que "perseverar nesse processo é essencial para permitir a consolidação da queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia". Mais uma vez, o Copom lembrou que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes.
A nova rodada de cortes da taxa básica se dá em um contexto de fraco crescimento da economia, inflação abaixo da meta, desemprego elevado e queda de juros em países desenvolvidos e emergentes.
O ciclo de corte de juros é uma tendência mundial frente ao cenário de desaceleração da economia global. Nesta quarta-feira, o Fed, banco central americano, cortou a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual. A redução veio em linha com a expectativa do mercado e deixou o juro do país na faixa de 1,5% e 1,75% ao ano. Este é o terceiro corte seguido na taxa.
No Brasil, o BC tem condicionado os cortes à continuidade da agenda de reformas, o que tem contribuído para a queda do risco País e evitado uma alta mais elevada do dólar. A cotação da moeda perdeu força e voltou a fechar abaixo de R$ 4,00 nesta quarta-feira.
A depreciação recente do real em relação à moeda norte-americana é um dos riscos para a política monetária. Em seus comunicados, o BC tem indicado que a alta do dólar para um patamar de até R$ 4,10 não impede que a inflação fique abaixo da meta neste ano e no próximo. Apesar dos cortes na Selic, o desempenho da economia segue errático, e, apesar da redução dos juros no segmento imobiliário, outras linhas de crédito continuam com taxas elevadas.
A Selic chegou a 7,25% em 2012, no governo Dilma Rousseff, mas voltou a subir durante a gestão da petista. No governo Michel Temer, os juros atingiram a mínima de 6,50% ao ano.

Poupança ainda bate maior parte dos fundos de renda fixa

Mesmo com o ciclo de queda da Selic, a poupança continua mais vantajosa que a maior parte dos fundos de renda fixa. O corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, anunciado nesta quarta-feira (30) pelo Banco Central, deixa o investimento mais vantajoso que fundos com taxa de administração a partir de 1% no curto prazo, para resgates até seis meses.
No longo prazo, para resgates após dois anos, a poupança bate os fundos com administração com taxa de administração a partir de 2%.
Segundo a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade), as modalidades empatam em desempenho em dois casos: quando a taxa de administração do fundo for de 1% em um prazo de resgate de seis meses a um ano e quando a taxa for de 1,5% e o resgate acontecer entre um e dois anos.
Pelas contas da associação, os fundos de investimentos têm um rendimento superior às contas da poupança quando a taxa de administração é de até 0,5%, independente do prazo.
Os fundos também são melhores quando a a taxa é de até 1% para prazos a partir de um ano, ou quando o prazo de resgate é superior a dois anos com uma taxa anual de até 1,5%.
O rendimento da poupança com a Selic a 5%, segundo a Anefac, é de 3,5% ao ano e de 0,29% ao mês. Este percentual é proporcional ao rendimento anual de 70% da Selic mais a taxa referencial (TR) que, no momento, é zero.
Além de não ter taxa de administração, a poupança se destaca em relação aos fundos de renda fixa por ser isenta de imposto de renda.
Devido a incidência do IR, aplicações em CDB (Certificados de Depósito Bancário) são mais vantajosas que a poupança apenas quando têm um rendimento acima de 85% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), aponta a Anefac.

Impacto no crédito deve ser pequeno, aponta Anefac

A queda na taxa Selic, anunciada, nesta quarta-feira, pelo Banco Central (BC), deve ter pouco impacto no custo do crédito. Segundo avaliação da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), a taxa média de crédito deve ir de 6,61% ao mês para 6,57% ao mês com o corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros. Na prática, o valor dos juros do rotativo por 30 dias cai R$ 1,20.
Segundo a entidade, o feito restrito se deve a um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas de juros cobradas aos consumidores que, na média da pessoa física, atingem 115,60% ao ano provocando uma variação de mais de 2.000,00% entre as duas pontas.
Para a pessoa jurídica, a taxa média de juros com a nova Selic cai na mesma proporção, de 3,33% ao mês para 3,26%.

Para entidades, corte precisa chegar às empresas

A redução de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, que passou para 5%, anunciada, nesta quarta-feira, pelo Comitê de Política Monetária (Copom), foi comemorada por representantes empresariais. No entanto, as entidades destacam que os cortes de juros precisam chegar às empresas.
Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Petry, o acesso aos financiamentos de longo prazo ainda são escassos e têm custos elevados. "Os juros mais baixos são importantes para que a economia possa receber mais estímulos no sentido de retomada da atividade, mesmo que em um ritmo gradual", disse. De acordo com Petry, a agenda de reformas estabelecida do governo deve ser mantida e ampliada para que a confiança dos investidores no País aumente.
"A queda da taxa Selic abre caminho para a redução dos custos dos empréstimos para as empresas e os consumidores", afirma o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade. Os juros menores, lembra Andrade, estimulam os investimentos das empresas e o consumo das famílias, que são fundamentais para acelerar a recuperação da economia e a criação de empregos.
Já o presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Luiz Carlos Bohn, destacou que, apesar de indicadores de atividade mostrando uma recuperação mais disseminada da economia, não há sinais de riscos inflacionários que coloquem em risco o alcance meta de inflação, atualmente com o centro de 4,25% ao ano. "Espera-se que a taxa de juros possa alcançar um patamar, de fato, estimulativo, de forma que, juntamente ao endereçamento correto das demais reformas, o crescimento possa acelerar", afirmou Bohn.