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conjuntura

- Publicada em 27 de Setembro de 2019 às 03:00

Ipea diminui projeção de PIB de 2020 para 2,1%

Economistas defendem continuidade das reformas e teto de gastos

Economistas defendem continuidade das reformas e teto de gastos


/PROJETADO POR IJEAB -FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) anunciou a redução da expectativa de crescimento da economia em 2020, de 2,5% para 2,1%. A perspectiva de crescimento em 2019 foi mantida em 0,8%. Os economistas do instituto avaliam que a retomada da economia continua em ritmo lento e defendem continuação das reformas e manutenção do teto de gastos do governo federal para acelerar o processo.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) anunciou a redução da expectativa de crescimento da economia em 2020, de 2,5% para 2,1%. A perspectiva de crescimento em 2019 foi mantida em 0,8%. Os economistas do instituto avaliam que a retomada da economia continua em ritmo lento e defendem continuação das reformas e manutenção do teto de gastos do governo federal para acelerar o processo.
A projeção de inflação para 2019 foi reduzida de 3,9% para 3,55%. Para 2020, se manteve em 3,9%. O Ipea prevê ritmo mais acelerado de queda de juros, com estabilização da taxa real em 1% ao ano em 2020.
Os indicadores de PIB de agosto mostram sinais de enfraquecimento. "Mas pode ser um vale e a expectativa é que comecem a melhorar nos próximos meses", disse o diretor do Ipea, José Ronaldo Souza Junior, citando efeitos de reformas, corte nos juros e FGTS como motivos para sustentar uma melhora. "Análise do desempenho da atividade econômica confirma o ritmo lento de retomada do crescimento", afirmou, em nota, o instituto. "Com relação ao cenário externo, as incertezas aumentaram e fragilizaram as expectativas de crescimento mundial."
Após puxar o desempenho da economia no segundo trimestre -quando o PIB cresceu 0,4%-, os investimentos permaneceram em alta em julho, diz o instituto. "Os investimentos se expandiram 1% em julho, com destaque para a construção civil e a produção de máquinas e equipamentos, importantes para aumentar a capacidade produtiva brasileira", afirmou.
O Ipea reforça que no segundo trimestre foram lançados 16.298 novos imóveis no Brasil, o melhor resultado da série histórica iniciada em janeiro de 2014. Já a produção industrial recuou 0,3% em julho. Para agosto, o Ipea espera estabilidade.
O comércio varejista deve recuar 0,9% em agosto, após alta de 1% em julho. O setor de automóveis, com vendas em queda de 2,2%, é fator preponderante no desempenho do setor. Estudo do instituto mostra que as despesas primárias praticamente dobraram em participação no PIB entre 1991 e 2018, passando de 11% para 19,8%.

Instituto defende mudanças no abono salarial para reduzir despesas

O Ipea defendeu a suspensão das contratações e a redução ou eliminação do abono salarial como medida para enfrentar o engessamento do orçamento federal nos próximos anos. Em estudo sobre a política fiscal e o teto de gastos públicos, o instituto reforça que o espaço fiscal para investimentos ficará apertado pelos próximos quatro anos, o que demandaria a adoção de novas medidas para liberar recursos.
No projeto de lei orçamentária de 2020, o espaço fiscal - diferença entre os gastos obrigatórios e o teto de gastos - é de R$ 89,5 bilhões, sem contar as emendas parlamentares. Como alternativas, o Ipea cita a suspensão temporária da contratação de pessoal, o fim do adicional de 10% da multa do FGTS e a redução com despesas com abono salarial.
No primeiro caso, diz o instituto, o governo já vem reduzindo as contratações nos últimos anos, mas ainda foram 8,3 mil pessoas em 2019 (até agosto) -a maior parte para universidades ou institutos federais. O saldo de contratações e aposentadorias já é negativo desde 2017: até agosto de 2019, foram 19,7 mil vagas fechadas.
"Está havendo enxugamento da máquina, aumento da eficiência", disse o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo Souza Junior. Ele destacou, porém, que o fluxo nas universidades ainda e positivo: até agosto, foram 1,4 mil novas vagas. A multa do FGTS, explica, implica na transferência de recursos do Tesouro para um fundo que é contabilizado como despesa. São R$ 5,7 bilhões por ano. Já o fim do abono salarial poderia garantir R$ 17 bilhões por ano. O programa garante um salário mínimo por ano para trabalhadores que trabalharam ao menos 30 dias com salário inferior a dois salários mínimos. Segundo o Ipea, 59% do abono vai para famílias na parte na metade de cima da distribuição de renda.
"É um gasto que não melhora a distribuição de renda, não reduz pobreza. Poderia ser ajustado sem impactos sociais negativos", afirmou o diretor do Ipea.