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Comércio Exterior

- Publicada em 30 de Agosto de 2019 às 03:00

Empresa dona de grifes internacionais confirma suspensão da compra de couro brasileiro

Gestora de marcas como Vans espera confirmação de que os materiais usados não geram dano ambiental

Gestora de marcas como Vans espera confirmação de que os materiais usados não geram dano ambiental


Vans/Divulgação/JC
A gestora da Kipling, Timberland, Vans e outras 15 marcas confirmou nesta quinta-feira (29) que suspenderá o uso do couro brasileiro até que haja uma segurança em relação a origem dos produtos. "A VF Corporation e suas marcas decidiram não seguir abastecendo diretamente com couro e curtume do Brasil para nossos negócios internacionais até que haja a segurança que os materiais usados em nossos produtos não contribuam para o dano ambiental no País."
A gestora da Kipling, Timberland, Vans e outras 15 marcas confirmou nesta quinta-feira (29) que suspenderá o uso do couro brasileiro até que haja uma segurança em relação a origem dos produtos. "A VF Corporation e suas marcas decidiram não seguir abastecendo diretamente com couro e curtume do Brasil para nossos negócios internacionais até que haja a segurança que os materiais usados em nossos produtos não contribuam para o dano ambiental no País."
A empresa defendeu que seus negócios "visam empoderar movimentos de estilo de vida ativo e sustentável". "Desde 2017, nós aprimoramos nosso abastecimento global de couro através de estudos para garantir que os fornecedores de couro estejam de acordo com nossos requisitos de abastecimento responsável", diz nota da gestora.
No grupo de marcas de grife da VF Corporation que suspenderam as compras de couro brasileiro estão Timberland, Dickies, Kipling, Vans, Kodiak,Terra, Walls, Workrite, Eagle Creek, Eastpack, JanSport, The North Face, Napapijri, Bulwark, Altra, Icebreaker, Smartwoll e Horace Small.
A decisão do grupo foi repassada ao governo na terça-feira (27) pelo CICB (Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil). Em carta enviada ao Ministério da do Meio Ambiente, o presidente da entidade, José Fernando Bello, alertou o governo para os efeitos negativos das queimadas para as exportações do setor. "Recentemente, recebemos com muita preocupação o comunicado de suspensão novas de compras de couros a partir do Brasil de alguns dos principais importadores mundiais. Este cancelamento foi justificado em função de notícias relacionando queimadas na região amazônica ao agronegócio do país", disse o presidente da CICB, José Fernando Bello, em documento enviado ao ministério da Agricultura na terça-feira (27).
À reportagem, Bello disse, na manhã desta quarta-feira (28), que as marcas não tinham feito o cancelamento das remessas já acertadas, mas haviam solicitado aos curtumes uma garantia de rastreabilidade, e novos pedidos não devem ocorrer até que os esclarecimentos sejam prestados.
Na tarde de quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro publicou em rede social que as exportações de couro para abastecer as 18 empresas seguiam normais e que o CICB teria negado a suspensão, posição que não foi confirmada pela entidade. Em nova conversa, o presidente da CICB reafirmou sua posição. "Não estou voltando atrás - até o pessoal escreveu dessa maneira, e eu fiquei chateado", afirmou.
 

Para a CNI, relação entre queimadas e mercadorias nacionais é equivocada

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) repudia a decisão de importadores de suspender a compra de couro brasileiro. A entidade considera injustas e equivocadas as tentativas de se vincular a exportação de produtos industriais brasileiros às queimadas na Amazônia.
Para a CNI, este e outros fatos recentes - como o questionamento de empresários chineses sobre a sustentabilidade dos produtos brasileiros e a ameaça de alguns líderes europeus de dificultar a aprovação do Acordo Mercosul-União Europeia - demonstram no mínimo desinformação sobre a responsabilidade ambiental da indústria brasileira. "A Amazônia é um patrimônio de fundamental importância para o Brasil, sobretudo pela sua megadiversidade biológica, que abriga 20% do total de espécies de plantas e animais do planeta. Trata-se de uma riqueza potencial para ser desenvolvida e a indústria nacional é uma das principais interessadas no seu uso sustentável", afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Ele destaca o comprometimento da indústria com a sustentabilidade ambiental, que vai desde o uso racional de recursos naturais e a redução de resíduos sólidos até o controle das emissões de gases de efeito estufa. "Nos últimos três acordos de comércio assinados pelo Brasil - o bilateral com o Chile, o Mercosul-UE, e o Mercosul-EFTA -, a indústria assumiu compromissos ambiciosos no capítulo de desenvolvimento sustentável", acrescenta Andrade.