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conjuntura internacional

- Publicada em 28 de Agosto de 2019 às 22:33

Argentina irá renegociar prazos de dívidas com FMI

Lacunza espera que reunião com fundo ocorra nas próximas semanas

Lacunza espera que reunião com fundo ocorra nas próximas semanas


/RONALDO SCHEMIDT/AFP/JC
O ministro das Finanças da Argentina, Hernán Lacunza, anunciou ontem que o governo do presidente Mauricio Macri propôs ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que se inicie o diálogo para rever os vencimentos da dívida com a instituição. A informação foi dada durante entrevista coletiva, na qual Lacunza também anunciou medidas para tentar controlar o quadro de instabilidade local, entre elas a extensão dos vencimentos de dívida de curto prazo para investidores institucionais, como bancos e seguradoras.
O ministro das Finanças da Argentina, Hernán Lacunza, anunciou ontem que o governo do presidente Mauricio Macri propôs ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que se inicie o diálogo para rever os vencimentos da dívida com a instituição. A informação foi dada durante entrevista coletiva, na qual Lacunza também anunciou medidas para tentar controlar o quadro de instabilidade local, entre elas a extensão dos vencimentos de dívida de curto prazo para investidores institucionais, como bancos e seguradoras.
Lacunza disse que deve haver uma reunião com representantes do FMI "nas próximas semanas" para se discutir a revisão da dívida argentina com o Fundo. Segundo ele, esse diálogo será de mais longo prazo e necessariamente será concluído apenas no próximo governo, seja ele de Macri ou de outro nome. Candidato favorito à presidência, o oposicionista Alberto Fernández tem insistido na necessidade de renegociar os termos do acordo com o FMI, que atualmente seriam inviáveis, segundo o político.
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O ministro das Finanças afirmou, de qualquer modo, que o diálogo não altera o cumprimento das metas atuais já fechadas com o Fundo. Lacunza também ressaltou que os pagamentos da dívida não serão interrompidos, mas que a extensão para o pagamento daquelas de curto prazo com investidores institucionais permitirá retirar pressão nos meses anteriores ao primeiro turno presidencial, marcado para 27 de outubro. Para que um vencedor seja anunciado já nesta data, é preciso que ele tenha 45% dos votos -ou 40%, desde que com uma diferença de 10 pontos em relação ao segundo colocado. Se nenhum dos dois requisitos for atingido, é realizado um segundo turno, em novembro. O resultado das eleições primárias foi uma vitória de Alberto Fernández (47%) contra Macri (32%). Os pagamentos a pessoas físicas prosseguirão normalmente, complementou a autoridade, citando ainda que as medidas anunciadas hoje foram antes informadas ao FMI.
Lacunza também afirmou que o governo irá "iniciar um prazo de extensão de vencimentos da dívida com legislação estrangeira", também no âmbito das medidas para acalmar o quadro antes da disputa eleitoral. Segundo ele, Macri lhe deu como missão impedir que o dólar e a inflação não subam mais. Ele solicitou ainda que os candidatos à presidência se comuniquem com prudência e que a preservação da estabilidade seja vista como objetivo prioritário e comum pelas forças políticas no país.

BC diz que medidas são resposta à incerteza política

O presidente do Banco Central da República Argentina (BCRA), Guido Sandleris, afirma em comunicado que as medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Hernán Lacunza, "constituem uma resposta rápida diante da incerteza política que tem impedido a renovação normal da dívida pública de curto prazo". Segundo ele, as decisões "priorizam o uso das reservas internacionais para preservar a estabilidade monetária e financeira, mesmo que isso implique adiar o pagamento aos grandes investidores da dívida pública".
Sandleris diz que as medidas anunciadas pelo governo devem reduzir a pressão sobre o mercado cambial, "reduzindo a eventual demanda por moeda estrangeira e garantindo a disponibilidade de recursos para reduzir a volatilidade".
Segundo ele, as medidas evitam três erros cometidos em outros casos de "súbita interrupção do acesso ao mercado de crédito". O primeiro erro é "tentar ganhar tempo estimulando artificialmente o sistema bancário para tomar mais dívida pública". "A Argentina tem um sistema bancário líquido, solvente, sem falta de moedas e com baixa exposição ao setor público. O problema no financiamento público de curto prazo não deve contaminá-lo", argumenta.
Outro erro, segundo o presidente do BC, é o "uso imprudente das reservas internacionais do Banco Central para atender os pagamentos de dívida pública", o que limitaria as ferramentas do BC para garantir a estabilidade monetária. Um terceiro erro comum seria imprimir pesos para fazer frente a necessidades de financiamento em moeda local. "Aumentar a base monetária acima do demandado pelo público leva, em definitivo, a uma maior inflação e a pressão cambial", afirma a nota.
As medidas anunciadas por Lacunza "garantem que o Banco Central conte com recursos para moderar a volatilidade no mercado cambial e preservar a estabilidade" do sistema financeiro. O BC ainda diz que continuará a utilizar uma "política monetária restritiva e as intervenções cambiais como instrumentos centrais para moderar a volatilidade nominal".