Empresários discutem novos modelos de negócios

Entender que os modelos hierárquicos de negócios estão com os dias contados e tendem cada vez mais a se transformar em padrões baseados em rede é lição número um para empresários. Com esta teoria o sócio da KPMG no Brasil, Oliver Cunningham, embasou o discurso do vice-presidente da Icatu Seguros e presidente da Rio Grande Seguros e Previdência, César Saut, que considera "fundamental ter a humildade de admitir que se precisa estar sempre reaprendendo, independente do tamanho e tipo de negócio que se comande". Ambos os empresários foram palestrantes do Tá na Mesa promovido nesta quarta-feira (21) pela Federasul sob o tema Novos Modelos de Negócios.

Ao falar de inovações que revolucionam o mercado, como as startups e outras fórmulas de fazer negócios, Saut destacou que a Inteligência Artificial é uma ferramenta de ganho de escala e redução de custos. "Contar com todos os mecanismos tecnológicos disponíveis é uma obrigação das empresas. Uma vez o contrário, se perde competitividade", sentenciou. Dedicar algum tempo, esforço e investimento neste sentido passou a ser uma obrigação, considerou o palestrante. O vice-presidente da Icatu Seguros ponderou que capital intelectual é tão importante quanto tecnologia. "Inteligência artificial é essencial, mas é um subproduto de gente."

Ao reforçar que as pessoas "estão no centro de qualquer negócio", o especialista destacou que esse mesmo capital intelectual precisa se reciclar o tempo todo. "O mundo sempre esteve em constante evolução - assim como deveria ser em qualquer organização -, só que agora a exigência está ocorrendo em um espaço de tempo menor", justificou. Estar disposto a entender que não há verdade absoluta é o principal desafio, opinou Saut. "O principal ativo de uma companhia é sua adaptabilidade. O melhor modelo de negócio é o de hoje, mas amanhã já não se sabe."

O Rio Grande do Sul tem 26 segmentos da economia que apresentam crescimento acelerado em inovação, além de estar criando um cenário de serviços bastante forte, avaliou Cunningham. Dentre os desafios e as novas estratégias que estão sendo traçadas no cenário de transformação pelo qual o mercado passa, Cunningham destacou que a indústria precisa perceber que o modelo fundado por (Henry) Ford está obsoleto e vive-se um cenário de ruptura. "O que está surgindo hoje é o modelo pós-industrial e é preciso entender os paradigmas de ambos, para diferenciá-los, porque sem isso não será possível avançar." Para o palestrante não basta se "colocar uma camada de tecnologia" nos negócios, porque "isso não vai funcionar".

O sócio da KPMG observou que tampouco bastará aplicar a horizontalidade dos novos modelos, caso o negócio não tenha um propósito. "Antes de tudo a empresa precisa ter um motivo para existir e ser necessária no mercado", pontuou. Para o especialista, as regras que irão ditar o sucesso nos mundos dos negócios nos próximos 20 anos determinam que "tudo que pode ser feito por uma máquina, deve ser feito por uma máquina; e tudo que está na nuvem tem que estar na nuvem".