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Conjuntura Internacional

- Publicada em 19 de Agosto de 2019 às 03:00

Acordo da Argentina com o FMI é impossível de cumprir, diz Fernández

Para Alberto Fernández, é preciso renegociar com a instituição adiamentos dos pagamentos previstos para os próximos anos

Para Alberto Fernández, é preciso renegociar com a instituição adiamentos dos pagamentos previstos para os próximos anos


/ALEJANDRO PAGNI/AFP/JC
O candidato vencedor das eleições presidenciais primárias da Argentina, Alberto Fernández, declarou que o acordo firmado pelo governo do atual presidente do país, Mauricio Macri, para pagamento de dívidas junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) é "impossível de cumprir".
O candidato vencedor das eleições presidenciais primárias da Argentina, Alberto Fernández, declarou que o acordo firmado pelo governo do atual presidente do país, Mauricio Macri, para pagamento de dívidas junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) é "impossível de cumprir".
Para Fernández, Macri precisa renegociar com a instituição adiamentos dos pagamentos previstos para os próximos anos. "É a única solução", disse, em entrevista ao jornal La Nación. Em 2018, o governo local tomou empréstimo de US$ 57 bilhões do FMI.
No sábado, Macri decidiu substituir o ministro da Economia. Saiu Nicolás Dujovne, que estava no cargo desde o começo de 2017, e, em seu lugar, assume Hernán Lacunza, que era ministro da Economia da Província de Buenos Aires e também integrante do partido do governo. Dujovne foi responsável por articular o impopular acordo de empréstimo do FMI.
A realização desse acordo com o FMI foi decisiva para ampliar a impopularidade de Macri, pois expôs que as dificuldades econômicas do país não estavam sendo vencidas pelo governo. Na ocasião, a inflação vinha em alta, e o acordo com o fundo buscava, entre outras providências, garantir recursos para dar estabilidade ao peso, que se desvalorizou 52% no ano passado. Entre especialistas, o país agora corre risco de voltar a viver a hiperinflação.
Outro problema foi o fato de Dujovne ter discordado das medidas anunciadas por Macri para tentar reverter sua derrota política no dia 11 de agosto, quando perdeu para o candidato kirchnerista, Alberto Fernández, por uma diferença inesperada de 15 pontos e o país entrou em nova crise financeira.
As medidas vão contra a cartilha liberal de Macri e seus aliados, mas foram adotadas na tentativa de reverter a perspectiva de derrota e dar novo fôlego à candidatura na disputa do primeiro turno, no próximo dia 27 de outubro. O pacote inclui cortes em impostos, congelamentos e aumento do salário-mínimo.
Para justificar sua oposição ao novo pacote, Dujovne argumentou que o FMI tende a discordar das medidas e interpretar que a Argentina não está cumprindo os requisitos do acordo, que incluem o compromisso de fazer ajustes fiscais e aumentar a arrecadação. Macri, porém, temendo a derrota nas urnas, insistiu em soltar o pacote. Dujovne também era muito atacado pela oposição, pois, em suas declarações de impostos, mostrava abertamente que seus bens familiares estavam todos em investimentos no exterior.
Hernán Lacunza, 49 anos, é economista, formado pela Universidade de Buenos Aires, e já foi gerente-geral e economista-chefe do Banco Central argentino (2005-2010). É conhecido por sua lealdade à governadora de Buenos Aires, Maria Eugenia Vidal, e por seu alinhamento a Macri.
A seleção de um ministério da Economia sempre foi um problema para o presidente argentino. Inicialmente, foi chamado para o cargo o economista Alfonso Prat-Gay. Porém, por se destacar mais que o próprio presidente e por diferenças de opiniões, Macri decidiu substituí-lo por uma figura mais discreta, Dujovne. Lacunza, que assume a quatro meses do fim deste mandato, é ainda mais discreto que seu antecessor.

Para Bolsonaro, país vizinho está cada vez mais próximo da Venezuela

O presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer comentários sobre o processo sucessório na Argentina na manhã deste domingo e disse que o país vizinho está cada vez mais próximo da Venezuela, em seu perfil no Twitter. "Da série João 8:32 (4): Com o possível retorno da turma do Foro de São Paulo na Argentina, agora o povo saca, em massa, seu dinheiro dos bancos. É a Argentina, pelo populismo, cada vez mais próxima da Venezuela", afirmou ele, referindo-se à chapa liderada por Alberto Fernández e que conta com a ex-presidente Cristina Kirchner como vice.
E completou: "Provérbios 28:19: Quem lavra sua terra terá comida com fartura, quem persegue fantasias se fartará de miséria".
Pouco tempo após o pai postar o comentário em seu perfil no Twitter, seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) compartilhou o tweet com a seguinte afirmação: "Nós que estamos aqui de fora olhando o que está acontecendo com a Argentina nem acreditamos. Mas ainda creio que a Argentina não naufragará em outubro", disse o deputado, filho 03 de Bolsonaro.
Neste domingo, em uma tentativa de aliviar as tensões com o presidente do Brasil, o candidato kirchnerista buscou tranquilizar o mandatário brasileiro em relação a políticas econômicas de sua eventual administração. "Para mim, o Mercosul é um lugar central. E o Brasil é o nosso principal parceiro e vai continuar a ser. Se Bolsonaro pensa que vou fechar a economia, que fique tranquilo, porque não vou. É uma discussão tonta", declarou.
Apesar de dizer que não se opõe ao Mercosul, Fernández ponderou que acordos comerciais devem considerar os interesses nacionais. "Meu problema não é que a economia se abra. Meu problema é que essa abertura cause danos aos argentinos", afirmou o candidato à presidência argentina. Ele ainda disse que, em uma eventual administração, aplicará política cambial de "flutuação administrada" do dólar - e repetiu que a atual cotação do dólar é "adequada".