Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Economia

- Publicada em 09 de Agosto de 2019 às 10:23

Bancos freiam crédito no 2º trimestre, retrato da fraqueza da economia do País

A revisão para baixo no crescimento da economia neste ano já pode ser sentida no ritmo de expansão do crédito nos maiores bancos brasileiros. Enquanto no primeiro trimestre Bradesco, Itaú e Santander emprestavam 10% mais, este ritmo caiu para 7,5% no segundo trimestre.
A revisão para baixo no crescimento da economia neste ano já pode ser sentida no ritmo de expansão do crédito nos maiores bancos brasileiros. Enquanto no primeiro trimestre Bradesco, Itaú e Santander emprestavam 10% mais, este ritmo caiu para 7,5% no segundo trimestre.
No Banco do Brasil, o freio foi ainda mais forte. O banco já tinha crescido menos de 1% no primeiro trimestre e agora o total emprestado ao fim de junho chegou a ficar menor do que o registrado em igual mês de 2018. O resultado fraco levou a uma revisão nas projeções para o ano, o que em abril o presidente da instituição, Rubem Novaes, indicou que não esperava fazer. Até março, o banco previa crescer de 3% a 6% no crédito, mas agora revisou os números considerando que os empréstimos podem se retrair até 2% e, se crescer, não será mais do que 1%.
"Nós não temos feito nenhuma restrição adicional em relação ao apetite de risco. Se a carteira não cresce mais é porque não houve maior demanda", diz o presidente do Itaú Unibanco, Candido Brahcher. Ele diz que a meta será crescer 8% neste ano, na faixa mais pessimista do intervalo estabelecido para o ano, que está entre 8% e 11%. No segundo trimestre, a alta no crédito foi de menos de 6%, mas segundo Bracher em função da variação cambial de empréstimos no Chile e na Colômbia.
As carteiras mais atingidas foram as de grandes empresas. Itaú Unibanco, Santander e Banco do Brasil estão reduzindo o tamanho delas durante este ano. Já o Bradesco ainda cresce, mas se no primeiro trimestre as grandes empresas tomaram 14,5% mais crédito no banco, no comparativo anual, esse porcentual caiu para menos de 5% no segundo trimestre. No total, a carteira do banco cresceu 8,8%, ligeiramente abaixo de sua meta para o ano.
"Houve baixo nível de investimento das empresas e deve acelerar agora no segundo semestre principalmente no último trimestre em função da retomada da economia", diz otimista o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari.
No BB, o vice-presidente da área de empresas, Marcos Hamilton, diz que além das empresas estarem com capacidade ociosa, muitas estão escolhendo se refinanciar no mercado de capitais. A expectativa é de que a carteira de grandes empresas possa ficar até 13% menor neste ano.
O presidente do BB, Rubem Novaes, acredita, no entanto, que as medidas tomadas para dar fôlego à economia, como a liberação de FGTS e PIS/Pasep, possam segurar o cenário até que o país volte a crescer depois das reformas. Esse otimismo já era uníssono no fim do ano passado, às vésperas do início do novo governo em que os bancos esperavam que a economia pudesse crescer até acima dos 2%. As metas no entanto foram revisadas por todos eles para abaixo de 1% no segundo trimestre.
Agora, os presidentes dos bancos privados também voltaram a exercitar o discurso otimista, principalmente depois que a reforma da Previdência foi aprovada na Câmara dos Deputados. Com isso, eles entendem que no último trimestre do ano a economia voltará a crescer e por isso mantém suas metas de crescimento no crédito.
Por enquanto, é a área de varejo que está puxando o crescimento das carteiras, com empréstimos a pessoas físicas e micro e pequenas empresas. Na média, os empréstimos para pessoas físicas cresceu 15% nos três bancos privados. Mas isso também afetou as despesas com provisão para devedores duvidosos. Tanto Itaú quanto Santander explicaram que este perfil de tomador de crédito traz mais risco e portanto são necessárias maiores provisões.
O presidente do Santander, Sergio Rial, disse que a oferta de crédito tem sido ampliada mas tem que fazer junto com educação financeira. O objetivo é evitar uma onda de calotes mais na frente, que piore os índices de inadimplência. No segundo trimestre, a carteira de crédito total do banco cresceu 9,3%, com destaque para o segmento pessoas físicas, que avançou 18%. O total emprestado a grandes empresas caiu 6%. No primeiro trimestre, a carteira total havia se expandido em 10,8%.
Apesar das despesas crescentes com provisões, em todos os bancos, os índices que medem atrasos em pagamentos de mais de 90 dias para pessoas físicas e jurídicas estão estáveis. No Santander, esta taxa é de 3%. No Bradesco de 3,23% e no Itaú de 3,5%. No Banco do Brasil, um calote específico em um empréstimo para o agronegócio fez a inadimplência saltar de 2,61% para 3,25% entre o primeiro e o segundo semestre.
Nos últimos anos, as grandes empresas ajudaram a contaminar os índices por conta dos efeitos da Lava Jato. Foi apenas neste último trimestre, por exemplo, que a maior empreiteira do Brasil, a Odebrecht entrou em recuperação judicial. Os quatro grandes bancos de capital aberto do país, que são grandes credores do conglomerado, não reportaram grandes variações em suas provisões para devedores duvidosos por conta deste episódio porque já estavam prevenidos.
"A Lava Jato foi um agravante poderoso da grande recessão econômica de 2016 e 2017", disse Candido Bracher. "Algumas empresas sofreram muito, ainda estão sofrendo. Várias não recuperam níveis de venda e aos poucos a situação vai se esclarecendo. Algumas efetivamente fracassaram e foram obrigadas a recorrer à recuperação judicial". Mas Bracher acredita que o final deste ciclo está próximo e que em um ou dois anos toda e qualquer eventual prejuízo com essas empresas esteja totalmente absorvido.
Mas com crédito crescendo menos ou não, os bancos continuaram reportando lucros recordes. Juntos, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander lucraram 21% a mais do que no mesmo período do ano passado, o equivalente a R$ 21,5 bilhões. O BB foi o que mais cresceu percentualmente, cerca de 35%, mas calcado basicamente no menor pagamento de imposto com a mudança de alíquota de CSLL. O banco pagou R$ 1,3 bilhão a menos do que no ano passado, levando seu lucro no segundo trimestre a 4,4 bilhões.
O trimestre também foi marcado pelos planos de demissão voluntárias lançados por BB e Itaú. Ambos estão reestruturando suas agências e com pessoal excedente depois que os canais digitais passaram a ser mais usados pelos clientes.
da Folhapress
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO