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Mídia digital do governo chinês quer crescer em países de Língua Portuguesa
Telões detalhando acessos são atualizados a cada segundo com informações de todos os canais
fotos PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Patrícia Comunello
A convergência digital não está transformando apenas a configuração dos grupos de comunicação ligados ao Partido Comunista que governa a China. A partir do Centro de Nova Mídia, lançado em 2017 e que uniu o tradicional jornal impresso Diário do Povo a estratégias para web com foco em vídeo, aplicativos e redes sociais, a segunda economia do mundo quer estar mais perto dos países de Língua Portuguesa como o Brasil. Neste caso, leia-se, obtendo mais audiência a seus conteúdos e gerando proximidade. Já rádio e TV estatais formaram em 2018 o China Media Group.
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A convergência digital não está transformando apenas a configuração dos grupos de comunicação ligados ao Partido Comunista que governa a China. A partir do Centro de Nova Mídia, lançado em 2017 e que uniu o tradicional jornal impresso Diário do Povo a estratégias para web com foco em vídeo, aplicativos e redes sociais, a segunda economia do mundo quer estar mais perto dos países de Língua Portuguesa como o Brasil. Neste caso, leia-se, obtendo mais audiência a seus conteúdos e gerando proximidade. Já rádio e TV estatais formaram em 2018 o China Media Group.
O braço direito dessa estratégia é a plataforma People’s Daily (Diário do Povo, em inglês), que combina desde hard news com notícias da China e do exterior e canais de interação direta com leitores, seguidores e assinantes de serviços disponíveis, por exemplo, no WeChat, o WhastApp dos chineses, só que muito mais pulverizado em seu uso, pois vai de conversas entre detentores de contas no app até pagamentos.
“O People’s Daily é a plataforma para conectar a China com o mundo, incluindo países de Língua Portuguesa”, destacou o diretor do Departamento de Cooperação e Comunicação Externa do Centro de Nova Mídia, Zhang Pei, que falou com um grupo de jornalistas do Brasil e cinco países africanos. O relações públicas explicou que a plataforma já tem quatro aplicativos para países que falam português. Brasil e nações do continente africano como Angola, Guiné Bissau, Cabo Verde, Santo Tomé e Príncipe e Moçambique são alvos da operação. Esses planos, mudanças e investimentos na área são validados pelo comitê do partido e têm estado presentes em discursos do presidente chinês, Xi Jinping.
Listas de notícias enviadas a grupos pelo WeChat têm grande acesso, garante Pei. O diretor observa que o Brasil é um dos que mostra grande interesse pelos conteúdos. Hoje há jornalistas que falam português para produzir notícias que possam ser lidas e despertem interesse dos países. Desde 2018, uma nova da plataforma do People’s Daily está no ar. Uma das iniciativas é ampliar a oferta de vídeos, que inclui conteúdos ao vivo. Pesquisas indicando que jovens não querem ler jornal, mas assistir a vídeos e no celular, aceleraram os lançamentos. Estes hábitos também são privilégio chinês, já que as alterações estão em todo o mundos. “Por isso, o esforço para criar o centro de nova mídia”, arremata o RP.
Grande aquário envidraçado sedia as reuniões sobre os temas do dia
Mesmo com essa mudança de comportamento, o Diário do Povo, fundado em 1948, registra crescimento em leitores e assinantes. Em 2019, o número chegou a 3,4 milhões. Há dez anos, o número estava abaixo de 3 milhões. Cada exemplar custa 1,2 yuan, ou R$ 0,60. E é no suntuoso edifício-sede do Diário do Povo, Pequim, que já ganhou prêmio de arquitetura pelo design arrojado, que equipes de jornalistas e desenvolvedores trabalham lado a lado. A média de idade é de 28 a 30 anos.
O visual interno na redação on-line é bem high-tech. No centro da instalação, há um grande aquário envidraçado redondo onde ocorrem as reuniões sobre temas do dia e produtos para conteúdo. Nos telões que ocupam uma grande parede e que são visualizados por todos, os acessos são atualizados a cada segundo com detalhes de todos os canais, os downloads e o que seguidores mais estão comentando. Pelos dados de localização e registro, o painel indica que 61% acessam ou usam apps a partir de smartphones com sistema Android, e 38% de iOS (iPhone). Mulheres são o maior público, com 55,19% de acessos, 43,55% são homens e 1,26% não se conhece o gênero.
Para dar conta da cobertura internacional, o People’s Daily veicula textos com mídias de fotos e vídeos também da agência Xinhua, ligada ao governo, e de correspondentes em diversos países e escritórios, como no Brasil. São cem notícias por dia em português no site.
Parcerias com empresas de tecnologia ampliam recursos como o uso de inteligência artificial (AI) para ofertar serviços ao público. A chinesa iFlytek, uma das líderes do país em uso de reconhecimento de voz e AI, está em projeto de criação de âncoras virtuais para telejornais na web. A novidade surgiu no fim de 2018 com a Xinhua. Hoje a operação do People’s Daily soma 10 mil pessoas. O jornal, criado em 1948 no norte do país, é o maior da China.