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Relações Internacionais

- Publicada em 17 de Julho de 2019 às 21:22

Bolsonaro quer acelerar modernização do Mercosul

Durante o encontro na Argentina, brasileiro disse que não há espaço para regimes autoritários na região

Durante o encontro na Argentina, brasileiro disse que não há espaço para regimes autoritários na região


/ALAN SANTOS/PR/JC
Ao discursar ontem na sessão plenária da 54ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Santa Fé, na Argentina, o presidente Jair Bolsonaro disse que vai trabalhar para acelerar a modernização do bloco sul-americano. Durante o encontro, o Brasil assumiu a presidência pro tempore (rotativa) do grupo pelos próximos seis meses.
Ao discursar ontem na sessão plenária da 54ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Santa Fé, na Argentina, o presidente Jair Bolsonaro disse que vai trabalhar para acelerar a modernização do bloco sul-americano. Durante o encontro, o Brasil assumiu a presidência pro tempore (rotativa) do grupo pelos próximos seis meses.
"Quero aproveitar a ocasião para firmar o compromisso do meu governo com a modernização e a abertura do nosso bloco, fazendo dele um instrumento de comércio com o mundo, sem o viés ideológico que tanto critiquei enquanto parlamentar. Vencemos essa barreira, e a conclusão do acordo de livre comércio com a União Europeia é resultado concreto dessa nova orientação", disse.
Após o acordo com a União Europeia, Bolsonaro disse que o bloco planeja concluir as negociações com a Associação Europeia de Livre Comércio e avançar nas conversas com o Canadá, a Singapura e com a Coreia.
O presidente destacou o acordo assinado ontem que elimina a cobrança de roaming internacional de serviços de telecomunicações entre pessoas que residem nos países-membros do bloco. "Temos aí um exemplo da diferença para melhor que o Mercosul pode fazer no cotidiano do cidadão, eliminando dificuldades e burocracias."
Bolsonaro também disse que o Brasil vai continuar o trabalho da presidência pro tempore argentina de revisão da tarifa externa comum (TEC) para a modernização da política comercial do Mercosul e de reforma institucional do bloco com enxugamento do número de órgãos. "Para que sigamos colhendo frutos, precisamos trabalhar por um Mercosul enxuto e dinâmico", defendeu.
O presidente também afirmou que, à frente da presidência rotativa do grupo, vai focar nas negociações externas. "Compartilhamos a visão de que para cumprir seu papel de motor do desenvolvimento o nosso bloco deve se concentrar em três áreas: as negociações externas - aí com grande apoio do meu ministro das Relações Exteriores, no zelo das indicações das embaixadas também sem o viés ideológico do passado. E quem sabe um grande embaixador nos Estados Unidos brevemente. Então, focamos nisso, na nossa tarifa externa comum e em nossa reforma institucional."
No seu discurso, o presidente brasileiro também pediu que a América do Sul eleja representantes comprometidos com "a democracia, liberdade e prosperidade". Bolsonaro disse que não há mais espaço para "regimes autoritários" na região. Neste ano, há eleições presidenciais na Argentina, Uruguai e Bolívia.
"A responsabilidade do voto de cada um de nós para eleger representantes que tenham compromisso com democracia, liberdade e prosperidade (...). Não tem mais espaço para regimes autoritários", disse.
Bolsonaro fez uma referência à expressão "pátria grande", cunhada pelo então presidente venezuelano Hugo Chávez a fim de simbolizar a integração dos países latino-americanos, para pregar contra a esquerda. Ao mesmo tempo, sinalizou a aproximação com os Estados Unidos de Donald Trump.
"Não queremos o Mercosul uma pátria grande, mas que cada país seja grande. Como vemos o Trump falando que quer a América grande, eu quero o Brasil grande, a Argentina grande, a Bolívia grande também, Uruguai. É a nossa vocação", disse.
No discurso, Bolsonaro celebrou um Mercosul "livre das amarras ideológicas" e citou a proposta do presidente argentino, Mauricio Macri, de uma Declaração sobre o Fortalecimento da Democracia no Mercosul.
"Não há lugar entre nós para regimes autoritários. Não podemos permitir que o que está acontecendo na Venezuela se repita em nenhum país da nossa região", disse.

Ministro argentino defende a criação de moeda única no bloco

O ministro da Economia da Argentina, Nicolás Dujovne, reacendeu as conversas sobre a criação de uma moeda única no Mercosul, a exemplo do que ocorre na Zona do Euro. Dujovne afirmou que o tema foi discutido em reunião com seus pares do Mercosul ontem e que houve avanços. A declaração foi dada menos de 24 horas depois de Paulo Guedes, o ministro brasileiro da Economia, afirmar que essa conversa havia ficado para um horizonte distante.
O ministro argentino disse que os avanços nos debates ocorreram inclusive para a inclusão de Paraguai e Uruguai na moeda única. "Vamos fazer um estudo profundo de que mudanças deveríamos fazer antes para seguir. Esse processo que nos parece muito interessante", disse Dujovne.
O anúncio da possível criação do "peso-real" foi feito no começo de junho, durante uma viagem do presidente Jair Bolsonaro e de sua equipe econômica à Argentina.
Entre os economistas, a ideia foi mal recebida. O motivo seria a necessidade de reformas que antecedessem uma integração monetária, como harmonização de políticas fiscal e cambial entre países. Os vizinhos argentinos passam por uma crise severa, com inflação acima de 40% e com dólar cotado ao redor de 40 pesos.
Indagado sobre as reformas trabalhista e uma nova reforma da previdência na Argentina, Dujovne disse que "não estava na agenda por ora", algo que é considerado necessário por analistas para que o país possa ser competitivo quando o acordo com a União Europeia for implementado.
Além disso, o país está em período pré-eleitoral, o que dificulta o debate de temas sensíveis.