Na abertura da 54ª Cúpula do Mercosul, a primeira depois de ter sido fechado o acordo entre o bloco e a União Europeia, o chanceler argentino, Jorge Faurie, disse que um dos temas a serem abordados será a revisão das tarifas de importação "para que nossas economias ganhem produtividade e competitividade no cenário internacional". "Será a primeira vez, em 25 anos, que faremos uma revisão integral das alíquotas", afirmou.
Com relação ao acordo com a União Europeia, os países do bloco discutem um esquema comum para acelerar o processo de implementação do tratado, por meio do mecanismo de cláusula de vigência bilateral. Ou seja, bastaria que um dos países do bloco tivesse a aprovação do Congresso, mais a aprovação do Parlamento Europeu, para poder começar a implementá-lo.
O chanceler argentino também anunciou oficialmente o acordo para a eliminação da cobrança de "roaming" internacional entre os países integrantes do bloco (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). Os técnicos do bloco discutem ainda as linhas finais do acordo para acabar com o roaming, entre elas, o prazo de carência para que isso entre em vigor. Não será de imediato, segundo fontes. O acordo deve ser similar ao fechado entre Brasil e Chile no ano passado. Para este, a suspensão do roaming só ocorreria dois anos após a entrada em vigência do Tratado de Livre-Comércio entre os países.
As operadoras de telecomunicações no Brasil ainda aguardam uma decisão da cúpula do Mercosul para se posicionarem a respeito do potencial fim da cobrança de roaming nos países do bloco. "As empresas aguardam o avanço do debate para análises e providências, caso sejam necessárias", afirmou, em nota, o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e Serviço Móvel (Sinditelebrasil). As companhias Vivo, Claro, TIM e Oi foram procuradas, mas todas preferiram não se manifestar sobre o tema e deixar essa tarefa para o sindicato que representa a categoria.
Ontem, participaram da reunião os chanceleres dos quatro países. Além do anfitrião, Faurie, estiveram presentes o brasileiro, Ernesto Araújo; o uruguaio, Rodolfo Nin Novoa; e o paraguaio, Luis Alberto Castiglioni. Hoje, ocorre a cúpula dos presidentes. A Argentina, atual presidente pro-tempore do bloco, passará o bastão para o Brasil.
Faurie disse ainda que os países também pretendem avançar nos acordos já em negociação com Canadá, Coreia, Singapura e Vietnã.