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Agronegócios

- Publicada em 09 de Julho de 2019 às 21:13

Governo acelera retirada da vacina contra a aftosa

Rio Grande do Sul corre o risco de ficar isolado comercialmente

Rio Grande do Sul corre o risco de ficar isolado comercialmente


/MARCO QUINTANA/JC
O Rio Grande do Sul está correndo contra o tempo para garantir uma auditoria do Ministério da Agricultura na fiscalização sanitária gaúcha ainda em julho para então, com o aval da pasta, anunciar o fim do vacinação contra a febre aftosa. A pressa se justifica por mais de um motivo. O primeiro deles é que a auditoria precisaria ocorrer até o início de agosto. Depois disso, os funcionários da área de fiscalização agropecuária já estarão majoritariamente envolvidos com os trâmites da Expointer, que começa no final do próximo mês, atrasando o processo. O tema será tratado hoje, em Brasília, pelo secretário estadual da Agricultura, Covatti Filho.
O Rio Grande do Sul está correndo contra o tempo para garantir uma auditoria do Ministério da Agricultura na fiscalização sanitária gaúcha ainda em julho para então, com o aval da pasta, anunciar o fim do vacinação contra a febre aftosa. A pressa se justifica por mais de um motivo. O primeiro deles é que a auditoria precisaria ocorrer até o início de agosto. Depois disso, os funcionários da área de fiscalização agropecuária já estarão majoritariamente envolvidos com os trâmites da Expointer, que começa no final do próximo mês, atrasando o processo. O tema será tratado hoje, em Brasília, pelo secretário estadual da Agricultura, Covatti Filho.
Caso não receba a autorização dos técnicos do Ministério da Agricultura ainda antes da Expointer, o Estado se distanciará em um ano, ou mais, do Paraná, que poderá conseguir antes a classificação de livre sem vacinação por parte da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE). Ingressando antes do Estado no rol de livre sem vacinação, o status paranaense poderá implicar em duas perdas ao Rio Grande do Sul, incluindo prejuízos a produtores e até mesmo frigoríficos no mercado de exportações.
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"Estamos pedido que a auditoria seja feita entre o final de julho e início de agosto. Se o Paraná ingressar sozinho como zona livre sem vacinação e se somar a Santa Catarina, já perderemos de imediato a venda de genética para fora do Estado devido às diferentes classificações", diz o diretor do Departamento de Defesa Agropecuária do Estado, Antônio Carlos Ferreira Neto.
De acordo com Ferreira Neto, o Estado já fez correções que haviam sido apontadas em vistorias feitas pelo Ministério da Agricultura. Nos próximas dias haverá reuniões entre representantes do governo e da área de segurança (Brigada Militar, policias rodoviária estadual e federal e até Exército) para elaborar um plano estadual de controle de animais nas fronteiras, diz Ferreira Neto. O ingresso irregular de animais de fora do Brasil é um dos riscos da retirada da vacinação, segundo especialistas, e uma das dificuldades gaúchas.
"Ainda temos necessidades de pessoal na área administrativa para podermos liberar mais veterinários aos trabalhos de campo, mas já estamos estudando como resolver isso", diz o diretor de defesa agropecuária.
Uma fonte ligada ao setor, que prefere não ser identificado, alega que a fiscalização gaúcha enfrente problemas, o que pode levar a auditoria do ministério a não permitir o fim da vacinação. Ele afirma, porque exemplo, que a falta de recursos tem levado a redução no consumo de combustível, por exemplo, e com isso a menos fiscais em campo.
"Um auditoria, se bem feita, vai ver os riscos de retirar a vacinação no Rio Grande do Sul, o que não ocorre no Paraná, que tem investido fortemente no setor. Ciente disso, já há frigoríficos olhando terrenos para construir em Santa Catarina ou no Paraná para poder exportar de um região livre de aftosa sem vacinação', afirma o profissional.
Para o presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários (Afagro), Antônio Augusto Medeiros, o trabalho dos fiscais gaúcho não seria um impeditivo para a retirada da vacinação. Medeiros defende que, apesar da crise financeira gaúcha, os fiscais têm redobrando o empenho para garantir o trabalho. Mas Medeiros admite que há, sim, risco de o Estado perder investimentos em frigoríficos caso o Paraná saia na frente.  "Esse risco é maior especialmente na área de suínos", diz o presidente da Afagro.
Para o diretor do Departamento de Defesa Agropecuária, a perda de investimento em frigoríficos realmente pode ser uma fonte de preocupação. "Se ficarmos isolados, já que Santa Catarina não tem mais vacinação, podemos ter uma perda de mercado de exportação, sim. Não por questão sanitária, mas de mercado", analisa Ferreira Neto.
Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, porém, a atual alta demanda chinesa carnes em geral, devido ao avanço da peste suína africana no país, o governo do gigante asiático deve liberar e facilitar a habilitação de novas plantas exportadoras. Neste caso, mesmo com status sanitário diferente de Santa Catarina e Paraná, o Rio Grande do Sul não seria prejudicado.

Correndo contrao tempo

Porque o Estado precisa acelerar o processo junto ao Ministério da Agricultura?
De acordo com diretor do Departamento de Defesa Agropecuária do Estado, Antônio Carlos Ferreira Neto, o Estado precisa ter uma posição sobre a retirada da vacina no Rio Grande do Sul até setembro.
Em setembro ocorre a encontro prévio para organizar a reunião da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) de maio.
Se o Estado encaminhar sua solicitação de análise de mudança de status sanitário e for avaliado em maio, o Rio Grande do Sul poderia ser monitorando pelo órgão internacional longo de 2020. Depois de fechar um ano sem registro de aftosa sem a vacinação, como deve ocorrer com o Paraná, ganharia novo status internacional.
O Paraná já teve auditoria realizada e aguarda apenas ao aval do ministério para anunciar o fim da vacinação.