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Petroquímica

- Publicada em 02 de Julho de 2019 às 03:00

Petrobras reforça interesse de sair da Braskem

Petrolífera tem 36,1% do capital da companhia com filial no Polo Petroquímico de Triunfo

Petrolífera tem 36,1% do capital da companhia com filial no Polo Petroquímico de Triunfo


/JULIO BITTENCOURT /DIVULGAÇÃO/JC
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse, nesta segunda-feira, que a companhia mantém o interesse em vender sua fatia na Braskem, mesmo após o fracasso das negociações entre sua sócia Odebrecht e a holandesa LyondellBasell.
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse, nesta segunda-feira, que a companhia mantém o interesse em vender sua fatia na Braskem, mesmo após o fracasso das negociações entre sua sócia Odebrecht e a holandesa LyondellBasell.
Em palestra para empresários no Rio de Janeiro, o presidente da estatal disse que a participação na Braskem "não faz nenhum sentido". A Petrobras tem 36,1% da petroquímica, enquanto a Odebrecht tem 38,3%. Os 25,5% restantes estão nas mãos de minoritários.
A Odebrecht tentou vender sua fatia para a LyondellBasell, mas as negociações foram suspensas no início de junho. A Petrobras esperava o fim das conversas para avaliar o exercício do direito de venda também de sua fatia à empresa suíça.
Investigada pela Operação Lava Jato, a petroquímica corre o risco de ser retirada da Bolsa de Valores de Nova Iorque por atraso na entrega de informações financeiras. As negociações estão suspensas desde maio, e a empresa terá um recurso analisado em outubro. Após o fracasso nas negociações para a venda da Braskem, a Odebrecht pediu à Justiça recuperação judicial, o maior processo da história, para tentar lidar com uma dívida de R$ 98,5 bilhões.
A Petrobras decidiu sair do setor petroquímico ainda na gestão Pedro Parente. Com o início das negociações entre Braskem e LyondellBasell, porém, a companhia chegou a admitir permanecer no negócio durante a gestão Ivan Monteiro, para se tornar sócia da gigante suíça.
Após a posse de Castello Branco, porém, a decisão de deixar o setor foi reafirmada. O presidente da estatal propõe acelerar o programa de venda de ativos para pagar dívida e focar na exploração do pré-sal. Na última sexta-feira, divulgou prospectos de venda de quatro refinarias.
Castello Branco chegou a afirmar que está em estudo a adoção de uma estratégia de negócios em que refino e petroquímica se fundiriam. Questionado, ao fim do evento, se, com esse plano, valeria a pena manter a presença na Braskem, o executivo disse que "uma coisa não tem nada a ver com a outra" e que os estudos relativos à união dos dois segmentos ainda são preliminares.
O segmento petroquímico perdeu importância dentro da empresa, nos últimos anos, quando a área teve o orçamento reduzido. A petroleira passou a concentrar esforços em extrair petróleo e gás no pré-sal.
O presidente da Petrobras informou também que a empresa deve divulgar até o fim do mês ou início de agosto o "teaser" de venda de mais quatro refinarias das quais vai se desfazer. A intenção é vender 50% da capacidade instalada de refino, o que deve acontecer no prazo de 18 a 24 meses.
Na semana passada, a petroleira divulgou o teaser de venda das primeiras quatro refinarias, entre elas, a Alberto Pasqualini (Refap), de Canoas. "Existem interessados potenciais nas refinarias. Vamos ter empresas se manifestando. Nunca anunciei metas, quem vai dizer o preço é o mercado, não a Petrobras. Sabemos que as grandes petroleiras desinvestiram em refino", avaliou.
O executivo disse, ainda, que pretende sair das distribuidoras de gás natural das quais participa, cerca de 20 - entre elas, a gaúcha Sulgás -, e devolver a concessão de distribuição de gás no Uruguai. Além disso, não quer mais participar do segmento de transporte de gás. "Estamos decididos a sair completamente do transporte e da distribuição de gás natural", enfatizou. O presidente da Petrobras ainda afirmou que a estatal vai participar "com entusiasmo" do leilão de áreas excedentes da cessão onerosa, no fim do ano. 

Sindicatos vão à Justiça e preparam mobilização contra venda de oito refinarias

Sindicatos ligados à Federação Única dos Petroleiros (FUP) protocolaram, nesta segunda-feira, a primeira ação contra a venda de refinarias iniciada na sexta-feira pela Petrobras. As entidades prometem mobilizações para tentar impedir a transferência dos ativos.
Na ação popular, os sindicatos questionam acordo feito entre a Petrobras e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que estabeleceu regras e prazos para a venda de oito das 13 refinarias da estatal. Os prospectos de quatro delas foram divulgados pela empresa na sexta-feira.
Junto às refinarias, a Petrobras colocou à venda 1.506 quilômetros de dutos e 12 terminais de armazenagem de petróleo e derivados associados à operação dos ativos. As primeiras refinarias à venda estão localizadas no Rio Grande do Sul, no Paraná, na Bahia e em Pernambuco.
Os sindicatos alegam que a transferência dos ativos fere o interesse nacional ao criar o risco de monopólios privados regionais e que vai gerar demissões e aumentos nos preços dos combustíveis. Eles pedem acesso à ata da reunião do conselho da Petrobras que aprovou o acordo para tentar responsabilizar os conselheiros.
"Já vimos esse filme, que, definitivamente, não levou à redução dos preços nem ao aumento da qualidade do produto, e um exemplo disso é o setor elétrico. Hoje, pagamos uma das energias mais caras do mundo", afirma o diretor da FUP Deyvid Bacelar.
Os sindicatos prometem mobilização para tentar impedir a venda dos ativos, que deve unir as duas federações que reúnem petroleiros no País, a FUP e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). Ainda não há, porém, data para o início dos protestos.
"Você, trabalhador petroleiro das áreas operacionais que já estão à venda, cabe dizer a vocês que estamos juntos nessa empreitada de defender e manter essas refinarias da Petrobras", disse, em vídeo, o secretário-geral da FNP, Adaedson Costa.