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administração pública

- Publicada em 17 de Junho de 2019 às 22:06

Gustavo Montezano será o novo presidente do BNDES

Montezano era secretário adjunto de desestatização na Economia

Montezano era secretário adjunto de desestatização na Economia


/HOANA GONÇALVES/ME 2/DIVULGAÇÃO/JC
Gustavo Montezano foi anunciado ontem pelo governo federal como o novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em substituição ao economista Joaquim Levy, que pediu demissão neste domingo (17) após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que ele estava "com a cabeça a prêmio".
Gustavo Montezano foi anunciado ontem pelo governo federal como o novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em substituição ao economista Joaquim Levy, que pediu demissão neste domingo (17) após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que ele estava "com a cabeça a prêmio".
Com a substituição de Joaquim Levy por Gustavo Montezano no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) quer que o banco identifique investimentos em obras de infraestrutura em Cuba e na Venezuela. A informação foi dada pelo porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, na noite desta segunda-feira (17), poucos minutos após o anúncio formal de que Montezano comandaria o banco de fomento.
Segundo Rêgo Barros, o presidente teve duas reuniões com o ministro Paulo Guedes (Economia) nesta segunda, uma às 10h e outra, às 15h. Bolsonaro espera que Montezano adote medidas como a devolução, para o Tesouro Nacional, de recursos que estão no banco. Também acha que o BNDES deve aumentar investimentos em infraestrutura e saneamento, ajudar a reestruturar estados e municípios, abrir "a caixa-preta do passado", apontando para onde foram investidos os recursos em Cuba e na Venezuela, por exemplo.
Em 2018, o banco teve lucro de R$ 6,7 bilhões, crescimento de 10% com relação ao verificado no ano anterior. O desempenho, porém, foi prejudicado pelo calote em financiamentos concedidos a Venezuela e Cuba.
Rêgo Barros afirmou ainda que Bolsonaro considera normal a substituição de um titular de qualquer órgão federal "em função do interesse público e da capacidade de colocar os projetos em andamento com vias a atingir os resultados que foram estabelecidos anteriormente."
Montezano já atua no governo federal, ocupando o cargo de secretário especial adjunto da Secretaria de Desestatização e Desinvestimento, do Ministério da Economia. Ele é graduado em engenharia pelo IME (Instituto Militar de Engenharia) e mestre em economia pelo Ibmec-RJ. O novo presidente do BNDES atuou no mercado financeiro. Foi sócio-diretor do BTG Pactual, responsável pela divisão de crédito corporativo e estruturados, em São Paulo.
A saída de Levy do banco de fomento é a primeira baixa na equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, e mais uma crise do governo. Em nota, o Ministério da Economia agradeceu a Levy pela "dedicação demonstrada enquanto presidente do BNDES".
Na tarde de sábado, antes de embarcar para viagem ao Rio Grande do Sul, o presidente Jair Bolsonaro afirmou a jornalistas que Joaquim Levy estava com a "cabeça a prêmio". Na entrevista, Bolsonaro, sem ser questionado, disse que mandou Joaquim Levy demitir o diretor de Mercado de Capitais do Bndes, Marcos Barbosa Pinto. O presidente afirmou, ainda, que se Barbosa não fosse demitido, ele, Bolsonaro, demitiria Levy. "Eu já estou por aqui com o Levy. Falei para ele: 'Demita esse cara na segunda-feira ou demito você sem passar pelo Paulo Guedes'", disse o presidente.
Marcos Pinto foi chefe de gabinete de Demian Fiocca na presidência do Bndes (2006-2007). Ele era considerado um homem de confiança de Guido Mantega, ministro da Fazenda nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Ainda na noite de sábado, Marcos Pinto enviou carta de renúncia a Joaquim Levy. Na carta, Marcos Pinto afirmou que decidiu deixar o cargo em razão do "descontentamento manifestado" pelo presidente Jair Bolsonaro.

CPI decide ouvir Joaquim Levy no dia 26 de junho

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara que analisa empréstimos do BNDES decidiu ontem ouvir o ex-presidente do banco Joaquim Levy. A audiência de Levy está marcada para o dia 26 deste mês.
O requerimento que propôs a ida de Levy à CPI para falar das supostas irregularidades cometidas no banco em gestões anteriores havia sido aprovado no começo de abril. No entanto, a data do depoimento foi definida somente depois do anúncio da demissão.
O economista será ouvido pelos deputados na condição de testemunha para dar esclarecimentos sobre a gestão do BNDES. Instalada em março, a CPI investiga supostas práticas de atos ilícitos e irregulares, no âmbito do BNDES, entre os anos de 2003 e 2015, relacionados principalmente à internacionalização de empresas brasileiras.

Rodrigo Maia afirma que demissão foi uma 'covardia sem precedentes'

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou ontem a saída de Joaquim Levy da presidência do BNDES e do diretor de Mercado de Capitais do banco, Marcos Barbosa Pinto.
"Acho que é uma covardia sem precedentes (a demissão de Levy). Não digo que do presidente, mas de quem nomeou, o ministro que deveria garantir equilíbrio nessas relações (entre a equipe econômica e Bolsonaro)", afirmou em evento sobre a reforma da Previdência em São Paulo. "Esse advogado que foi demitido do BNDES (Barbosa Pinto) é um dos caras que mais entende de política social no Brasil. Trabalhava com o Armínio (Fraga), estive com ele algumas vezes. É uma pena o Brasil ter perdido dois quadros da qualidade de Joaquim Levy e do Marcos Pinto da forma que eles foram retirados", destacou Maia.
A demissão de Levy também causou mal-estar em parte da equipe econômica. Entre os integrantes do time de Paulo Guedes, há quem critique a forma como o presidente Jair Bolsonaro lidou com o processo. A visão expressa é de que, independentemente do diagnóstico sobre o trabalho de Levy à frente do banco, mais adequado seria o presidente tomar a decisão, comunicá-la reservadamente e dar oportunidade para o executivo pedir sua renúncia.
Outra ala argumenta que a saída de Levy já seria esperada. Nos bastidores, havia incômodo com a resistência do BNDES em devolver recursos emprestados pelo Tesouro Nacional em governos anteriores.