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Turismo

- Publicada em 03 de Junho de 2019 às 00:42

Mercado investe em destinos ao público LGBT

Fórum LGBT do Brasil está em sua terceira edição e ocorre a partir do dia 6 em São Paulo

Fórum LGBT do Brasil está em sua terceira edição e ocorre a partir do dia 6 em São Paulo


/FORUM LGBT BRASIL/DIVULGAÇÃO/JC
Um dos mercados mais promissores do setor de turismo tem mobilizado o trade em âmbito estadual e nacional para qualificar o receptivo, passando pelo desafio de derrubar preconceitos. A partir de 6 de junho, eventos paralelos devem discutir temas relacionados ao atendimento da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e trangêneros) em cidades turísticas do Rio Grande do Sul e demais estados brasileiros. Nesta data ocorre a terceira edição do Fórum de Turismo LGBT do Brasil, em São Paulo, e iniciam as atividades da LGBT Conference 2019, que tem abertura oficial neste dia e segue até 9 de junho, em Gramado.
Um dos mercados mais promissores do setor de turismo tem mobilizado o trade em âmbito estadual e nacional para qualificar o receptivo, passando pelo desafio de derrubar preconceitos. A partir de 6 de junho, eventos paralelos devem discutir temas relacionados ao atendimento da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e trangêneros) em cidades turísticas do Rio Grande do Sul e demais estados brasileiros. Nesta data ocorre a terceira edição do Fórum de Turismo LGBT do Brasil, em São Paulo, e iniciam as atividades da LGBT Conference 2019, que tem abertura oficial neste dia e segue até 9 de junho, em Gramado.
Contando com delegações do Brasil, Uruguai e Argentina, os debates na serra gaúcha se concentram no dia 7 de junho, no Hotel Master. Serão mais de 15 palestrantes discutindo temas que vão desde as oportunidades de negócios no Turismo LGBT, passando por Identidade de Gênero, Direito Homoafetivo, entre outros assuntos. A conferência ocorre em conjunto com a 2ª edição da Copa Internacional de Futsal LGBT (que promoverá atividades exposições, shows artísticos e disputas esportivas na categoria futsal masculino e feminino, reunindo equipes dos três países participantes do evento).
"O LGBT Conference 2019 e a 2ª edição da Copa Internacional de Futsal LGBT se faz extremamente importante para movimentar o turismo trazendo maior investimento dos visitantes, e dando maior visibilidade, empoderamento e abertura para debates empáticos referentes às temáticas voltadas para os direitos da comunidade LGBT", opina o assessor do Departamento de Direitos Humanos e Cidadania na Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado, Douglas Dávila, que também é coordenador de Mídias Sociais da Comissão Especial de Diversidade Sexual e Gênero da OAB-RS e executivo do Espaço LGBT da Feira Internacional de Turismo (Festuris) de Gramado.
À frente da presidência da primeira equipe inclusiva da serra gaúcha - Quero Quero Sport Club (promotora do evento) - o jornalista Flávio Prestes destaca que o evento é um marco para o segmento LGBT no Rio Grande do Sul e também naquela região. "Ao abordar temas importantes como Turismo LGBT, Inclusão no Esporte, Sustentabilidade e Direitos Humanos, estamos fazendo a diferença em nosso contexto social", avalia. A expectativa é de que aproximadamente 300 pessoas assistam as palestras, e que outras 1,5 mil participem dos jogos que ocorrem em paralelo.
Já em São Paulo, o público estimado inicialmente em 300 agentes e operadores de viagens já foi superado: 340 inscritos devem comparecer aos debates no Hotel Tivoli Mofarrej. "O sucesso dos encontros realizados em 2017 e 2018 contribuiu para o crescimento do evento", comemora o idealizador e coordenador do Fórum de Turismo LGBT do Brasil, Alex Bernardes. Contando com 24 expositores, oito a mais que em 2018, o fórum nacional também registrou aumento de marcas presentes em 2019, passando de 20 no ano para mais de 30 marcas confirmadas, segundo a organização do evento.
A diretora de vendas da RDC, responsável pelos hotéis Hard Rock Hotels All Inclusive Experience no Caribe, Carla Cecchele, destaca todos os serviços do grupo hoteleiro são os mesmos para todos os segmentos. "Temos pacote de lua de mel e de casamento, que atende o público LGBT, por exemplo." A empresa é uma das marcas que estará presente no fórum que ocorre em São Paulo.
O encontro é focado na capacitação e treinamento de profissionais do setor para trabalhar o segmento, com conteúdo e networking, trazendo painéis com debates sobre temas relevantes para o mercado, palestras e a presença confirmada de grandes nomes do turismo e gestores públicos ligados ao turismo. De acordo com Bernardes, a maioria dos agentes e operadores de viagens no Brasil ainda não sabe oferecer destinos e produtos adequados à comunidade LGBT. "Não dá para mandar um casal homoafetivo para Dubai", exemplifica.
Também há situações como lembrar de chamar transgêneros pelo nome social, ter decoração adequada em caso de uma festa de casamento para o público do segmento, entre outros detalhes. "Vivemos um momento delicado no Brasil, com o governo querendo agradar o eleitor conservador", lamenta Bernardes. Ele se refere à declaração do presidente Jair Bolsonaro, que em abril afirmou que o Brasil "não pode ser um país do mundo gay, do turismo gay".
"Enquanto isso, países como a Colômbia, o Uruguai e a Argentina estão trabalhando muito bem este receptivo. Até a China está se abrindo para o segmento, promovendo festival de música eletrônica e cruzeiro gay", rebate o coordenador do fórum nacional. 

Hotelaria está entre os serviços com maior interesse em capacitação

Destacando que no mundo todo existem muitos hotéis gay friendly, o coordenador do Fórum de Turismo LGBT do Brasil, Alex Bernardes, afirma que este ano está grande a procura de executivos de redes hoteleiras interessados em entender a forma de tratamento correta para melhor atender hóspedes do segmento. "Passa por não fazer piadinhas e não ficar espantado com um casal homoafetivo solicitando cama de casal por exemplo", adianta o coordenador do fórum.
Apostar no público LGBT e em seu poderio econômico para captar mais turistas é o foco da grade de conteúdo da LGBT Conference 2019, que vai acontecer em Gramado, com o slogan de Somos a Pluralidade. De acordo com a coordenadora de Eventos da Rede Master Hotéis, Fernanda Gonçalves, o empreendimento - que irá sediar o evento - está entre as marcas do Estado com mais interesse em "apoiar a causa", por entender a importância das discussões em torno do tema. "Treinamos nossa equipe para tratar todos os hóspedes da mesma forma, independentemente de ser ou não gay. Isso vai desde o check-in, na hora de receber o viajante, até o pessoa da cozinha, passando por coordenadores e gerentes." 

Brasil é o segundo maior destino do segmento no mundo

Responsável por desembolsar US$ 218 bilhões (R$ 872 bilhões) na economia mundial, os turistas da comunidade LGBT representam 10% dos viajantes do globo, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), movimentando 15% do faturamento do setor. Perdendo somente para os Estados Unidos, o Brasil é o segundo destino que mais atrai estes visitantes.
Em 2018, foram movimentados US$ 37 bilhões (R$ 150 bilhões) na economia nacional por conta dos gastos do público do segmento. A quantia em dinheiro inclui despesas com viagens domésticas e internacionais, acomodação, refeições e outros serviços turísticos.
E apesar das declarações do presidente Jair Bolsonaro, estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) aponta o caminho inverso. O público LGBT seria inclusive o de maior potencial para o turismo no País. Na América Latina, o Brasil é o destino com maior potencial de crescimento de faturamento do segmento. Em 2017, o setor registrou alta de cerca de 11% contra 3,5% do turismo como um todo no Brasil. Em 2018, cerca de 3 milhões de pessoas participaram da Parada do Orgulho LGBT na avenida Paulista, gerando uma receita de R$ 190 milhões para a cidade de São Paulo.
Mediador das palestras da LGBT Conference 2019, em Gramado, o assessor do Departamento de Direitos Humanos e Cidadania na Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado, Douglas Dávila, destaca que os debates na serra gaúcha devem contribuir para o conhecimento do público em geral, bem como para a identidade de gênero, visibilidade trans, entre outros aspectos. "Mas em vista do atual cenário político, ainda é necessária a mobilização das empresas e do poder público para reconhecimento e valorização de eventos desse modulo, onde o respeito e a dignidade são fundamentais", adverte.
"No último governo, o Rio Grande do Sul sofreu com uma baixa nos projetos voltados ao segmento LGBT", avalia o diretor de Turismo do Estado, Marcelo Borella. "Queremos retomar as ações que ficaram estagnadas. Estou na pasta há um mês e vou participar da Conferência em Gramado para entender a demanda do segmento, a fim de formular políticas públicas que fomentem a visitação deste público ao Estado. Para Borella, o debate é fundamental para "mudar a cultura e abrir a mente das pessoas para a realidade".