"Dada a conjuntura atual, um dólar entre R$ 4 e R$ 4,05 parece mais apropriado. Com o Congresso retomando as votações, o nível de R$ 4,10 parece exagerado. Mas para cair ainda mais é preciso novos fatos positivos", afirma Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do Banco Ourinvest.
Lá fora, o dia foi de forte aversão ao risco, em meio aos temores de uma escalada no confronto comercial entre chineses e americanos. O porta-voz do Ministério do Comércio chinês, Gao Fent, disse que os EUA precisam corrigir suas "ações erradas" para que as negociações bilaterais sejam retomadas. Já o presidente Donald Trump confirmou no fim da tarde que vai se encontrar com o líder chinês, Xi Jinping, durante as reuniões do G-20, que acontece nos dias 28 e 29 de junho, no Japão.
O dólar avançou em relação à maioria das divisas de emergentes e países exportadores de commodities, sobretudo ante o rublo, o rand sul-africano (depois do BC da África do Sul manter os juros em 6,75% ao ano) e o peso mexicano, considerados pares do real.
Já o índice DXY - que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes - chegou a subir pela manhã, superando os 98 pontos, mas perdeu força após a divulgação de dados americanos de varejo e indústria abaixo das estimativas. Como o DXY vem em uma maré altista, na esteira do desempenho recente mais forte da economia americana em comparação com outros países desenvolvidos, havia espaço para um ajuste de baixa.
Para a estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, embora o Federal Reserve (Fed, o banco Central americano) reconheça que o embate comercial com a China possa afetar a atividade nos EUA, ainda é cedo para apostar em um corte da taxa de juros americana, o que poderia tirar força do dólar e, por tabela, aliviar a pressão sobre moedas emergentes, como o real.