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Trabalho

- Publicada em 17 de Maio de 2019 às 03:00

Desemprego aumenta em 14 das 27 unidades

Na passagem do quarto trimestre de 2018 para o primeiro trimestre deste ano, a taxa de desemprego subiu de forma estatisticamente significativa em 14 das 27 unidades da Federação, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na passagem do quarto trimestre de 2018 para o primeiro trimestre deste ano, a taxa de desemprego subiu de forma estatisticamente significativa em 14 das 27 unidades da Federação, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As maiores taxas de desemprego foram registradas no Amapá (20,2%), na Bahia (18,3%) e no Acre (18,0%). No Rio de Janeiro, a taxa de desemprego ficou em 15,3% e, em Minas Gerais, em 11,2%. Em São Paulo, motor da economia do País, houve elevação de 12,4%, no quarto trimestre de 2018, para 13,5% no primeiro trimestre deste ano. As menores taxas foram observadas em Santa Catarina (7,2%), no Rio Grande do Sul (8,0%) e no Paraná e em Rondônia (ambos com 8,9%).
A taxa de desocupação no total do País no primeiro trimestre de 2019 foi de 12,7%, ante 13,1% no primeiro trimestre de 2018, como já havia divulgado o IBGE no fim de abril. No quarto trimestre do ano passado, a taxa de desocupação era de 11,6%.
São 13,387 milhões de brasileiros desempregados no primeiro trimestre, e um quarto deles está há dois anos ou mais em busca de trabalho. Do total de desempregados no primeiro trimestre, 24,8%, ou 3,319 milhões de pessoas, estão nessa condição há dois anos ou mais.
Outros 6,074 milhões de trabalhadores estão desempregados de um mês a menos de um ano, o equivalente a 45,4% do total de desempregados, enquanto 2,108 milhões (15,7%) buscam trabalho há menos de um mês e 1,886 milhão (14,1% do total) o fazem de um ano a menos de dois anos. A maior taxa de desemprego foi registrada no Nordeste, onde 15,3% das pessoas com mais de 14 anos procuraram emprego no primeiro trimestre.
De acordo com o gerente da pesquisa, Cimar Azeredo, os dados mostram que a crise no mercado está espalhada por todo o País e não dá sinais de recuperação. "É uma crise generalizada", afirmou.
Na comparação com o primeiro trimestre de 2018, o desemprego cresceu em quatro estados - Roraima, Acre, Amazonas e Santa Catarina - e caiu em três - Ceará, Minas Gerais e Pernambuco. Nessa base de comparação, a taxa de desemprego no País caiu 0,4 pontos percentuais.
Nos primeiros três meses de 2019, a taxa de subutilização da força de trabalho brasileira bateu recorde, chegando a 25%. No total, 28,3 milhões de brasileiros estavam sem trabalho ou trabalhavam menos do que gostariam. A taxa de subutilização é superior a 40% no Piauí, no Maranhão e na Bahia.
Azeredo chamou a atenção para os efeitos da cor da pele no desemprego do País. Segundo os dados do IBGE, 63,9% do total de 13,387 milhões de brasileiros desempregados no primeiro trimestre são pretos e pardos. Com isso, a taxa de desemprego entre as pessoas de pele preta ficou em 16,0%, ante a média nacional de 12,7%. Já a taxa para as pessoas de pele parda foi de 14,5%, enquanto, entre os brancos, ficou em 10,2%.
No primeiro trimestre de 2012, quando havia 7,6 milhões de desempregados, pretos e pardos representavam 59,1% do total de pessoas desocupadas, ou seja, o desemprego atingiu mais essa parcela da população. "Em sua maioria, a população de pretos e pardos é de baixa renda. O avanço expressivo (no desemprego) é porque os cortes de vagas foram maiores nos canteiros de obra, e outros empregos que atingem os mais pobre", afirmou Azeredo.

Em Dallas, Bolsonaro diz que há mais desempregados do que os 13 milhões citados pelo IBGE

O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar o IBGE sobre as estatísticas de emprego. Segundo o IBGE, o desemprego cresceu em 13 estados brasileiros e no Distrito Federal no primeiro trimestre do ano, quando atingiu 13,4 milhões de trabalhadores.
Para Bolsonaro, o IBGE está errado, porque há mais brasileiros desempregados. Em seu segundo e último dia da viagem a Dallas, nos EUA, Bolsonaro afirmou que muitas dessas pessoas nunca vão conseguir se recolocar por causa das falhas de qualificação no País.
"Se fala em milhões de desempregados. Tem até mais do que isso. O IBGE está errado, tem muito mais do que isso. Agora, em parte, essa população não tem como ter emprego porque o mundo evoluiu. Não estão habilitados a enfrentar um novo mercado de trabalho, a indústria 4.0. Como é que você vai empregar esse pessoal?", disse ele. "Tenho pena. Faço o que for possível, mas não posso fazer milagre, não posso obrigar ninguém a empregar ninguém."
A pesquisa do IBGE também mostrou que a dispensa de trabalhadores temporários no primeiro trimestre deste ano foi a maior em sete anos. Bolsonaro voltou a afirmar que a vida do empresário é ruim, mas disse que há problemas também para quem é empregado.
"Eu digo para todo mundo: não é fácil a vida de ser patrão no Brasil. Estar empregado também não é fácil. O salário é muito para quem paga, é pouco para quem recebe. A garotada está aí se formando, bota um papel na parede (diploma), em parte, digo, em parte, que não serve para nada. Até jornalista, a gente já teve contato no passado com uma colega de vocês jornalista que tem o português pior do que o meu. É assim que está sendo formada a nossa juventude no Brasil. Isso tem que mudar."
Não é a primeira vez que Bolsonaro critica a pesquisa do IBGE que mede o desemprego no País. Em entrevista à Rede TV no início de abril, questionou o fato de o IBGE considerar desempregado quem não procura emprego - o chamado desalentado.
A pesquisa do IBGE segue padrões internacionais e mede, além do desemprego, o desalento, que ocorre quando um trabalhador quer um emprego, mas desiste de procurar uma vaga porque acredita que não vai conseguir uma colocação. O desalento está em níveis recordes no País, por causa da crise econômica. São os brasileiros que buscaram uma vaga na semana da pesquisa do IBGE, mas não encontraram. No País, 4,8 milhões são considerados desalentados.
Entre os que fizeram algum tipo de trabalho, mas que dedicaram menos de 40 horas semanais a isso e gostariam de trabalhar por um período maior, são 6,8 milhões.