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COMBUSTÍVEIS

- Publicada em 24 de Abril de 2019 às 03:00

Petrobras anuncia alta de preço da gasolina em 2%

Para as importadoras, reajuste de R$ 0,0396 por litro não cobre defasagem diante das cotações internacionais

Para as importadoras, reajuste de R$ 0,0396 por litro não cobre defasagem diante das cotações internacionais


TONY WINSTON/TONY WINSTON/ABR/JC
Dezoito dias após o último reajuste na gasolina, a Petrobras anunciou ontem aumento de 2%, em média, no preço do produto em suas refinarias. A alta, de R$ 0,0396 por litro, é considerada por importadores insuficiente para cobrir a defasagem de preços acumulada no período.
Dezoito dias após o último reajuste na gasolina, a Petrobras anunciou ontem aumento de 2%, em média, no preço do produto em suas refinarias. A alta, de R$ 0,0396 por litro, é considerada por importadores insuficiente para cobrir a defasagem de preços acumulada no período.
Ao contrário do que vinha ocorrendo, a empresa antecipou o aumento a seus clientes na noite de segunda-feira, antes de alterar os valores em seu site. Na segunda-feira, a estatal mudou o modelo de divulgação do preço dos combustíveis, passando a publicar os valores de cada um dos seus 35 pontos de venda.
No modelo anterior, os reajustes eram publicados no site da companhia entre o fim da manhã e o início da tarde do dia anterior. O site divulgava os preços médios por produto e não a lista de pontos de entrega.
Após a alta de ontem, a gasolina sairá das refinarias da Petrobras ao preço médio de R$ 1,975 por litro, ante os R$ 1,9354 vigentes pelos últimos 18 dias. No segundo semestre de 2018, o então presidente da estatal, Ivan Monteiro, havia estabelecido um período máximo de 15 dias sem reajustes da gasolina.
Para as importadoras de combustíveis, a alta foi pequena e não cobre a defasagem acumulada em um período de alta das cotações internacionais do petróleo - que atingiram na segunda-feira o maior patamar do ano. Segundo a Abicom (associação que representa as empresas do setor), a defasagem na gasolina antes do reajuste variava entre R$ 0,09 e R$ 0,20 por litro, dependendo do ponto de entrega.
A conta considera o conceito chamado paridade de importação, que inclui a cotação internacional e os custos para trazer o produto ao País. É o mesmo conceito utilizado pela Petrobras em sua política de preços dos combustíveis anunciada em 2016.
Como a gasolina da Petrobras representa apenas 32% do preço final do produto, o repasse integral giraria em torno de R$ 0,012 por litro.
O preço do diesel foi reajustado em 4,8% no dia 17 deste mês, quase uma semana após recuo em aumento de 5,7% que derrubou as ações da companhia nas bolsas.
O recuo foi decidido após telefonema do presidente Jair Bolsonaro ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, alertando sobre os riscos de greve dos caminhoneiros, levantando críticas sobre interferência do governo na gestão da empresa.
Em entrevista para anunciar o reajuste, Castello Branco disse que a decisão de suspender o aumento anterior foi interna e que Bolsonaro lhe garantiu independência para definir os preços.
 

Comissão do Senado e Tribunal de Contas da União vão apurar política de preços da estatal

A Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC) do Senado aprovou ontem a apuração, com o auxílio do Tribunal de Contas da União (TCU), da atual política de reajuste de combustíveis praticada pela Petrobras, sobretudo da gasolina, do diesel e do gás de cozinha. A comissão poderá realizar audiência pública antes de apresentar, discutir e votar o relatório final da proposta, informou a CTFC em seu site.
A investigação será focada na política de preços adotada pela Petrobras a partir de outubro de 2016, "que atrela os valores domésticos aos praticados no mercado internacional, promove insegurança e imprevisibilidade, sobretudo em um País cujo pilar central de mobilidade é o transporte rodoviário", afirma a proposta apresentada no ano passado pela hoje ex-senadora Vanessa Grazziotin.
O reflexo mais nítido deste problema, segundo a ex-senadora, "foi a paralisação dos caminhoneiros, em maio de 2018, e os impactos dela decorrentes", afirma Vanessa na justificativa da apuração.
Rodrigo Cunha (PSDB-AL), relator da matéria, afirmou em sua decisão que o "assunto é pertinente e diz respeito a todos os brasileiros". Entre as medidas, a comissão fará uma análise das competências dos administradores da Petrobras e do Poder Executivo para determinar a política de preços e uma avaliação quanto à eventual interferência do governo e a legalidade das ações com esse objetivo. "Também se dedicará à identificação de eventuais associações entre a política de preços e condutas ilícitas e à apuração de responsáveis por eventuais danos à estatal, antes e depois de outubro de 2016", explica a comissão em nota.