Lançada com grande alarido no fim de 2018, após anos de especulações, a cerveja da Fruki chegou ao mercado com força que surpreendeu até a própria empresa de Lajeado. A afirmação é do presidente da Fruki, Nelson Eggers, que conta que o volume atual de vendas da Bellavista, que ultrapassa a casa de 1 milhão de litros mensais, é oito vezes maior do que o planejamento inicial da companhia. O sucesso trouxe implicações até na construção da nova fábrica da empresa, que não possui mais dimensão exata.
"É muito difícil estabelecer um tamanho de indústria sem saber o quanto vamos vender", conta Eggers, que foi o convidado de ontem do Tá na Mesa, promovido pela Federasul. Segundo o empresário, o desenho dependerá do planejamento de vendas da Bellavista pelos próximos 10 anos, estudo que ainda está sendo feito, mas deve ficar entre 20 mil e 40 mil metros quadrados.
Certo, até lá, é que a nova fábrica ficará localizada no terreno de 87 hectares adquirido pela empresa em Paverama, também no Vale do Taquari, e que produzirá ainda outros itens, como chás, sucos e bebidas funcionais. O investimento, segundo Eggers, será na casa dos três dígitos, mas dependerá da configuração que a planta terá. "Se não nos atrapalharem muito, a fábrica estará pronta em outubro de 2020", projeta o empresário. A planta atual de Lajeado, com capacidade de produção de 420 milhões de litros por ano, continuará operando.
Outra certeza é de que não será Eggers a cortar a faixa inaugural como presidente da companhia. Atuando na empresa nos últimos 54 dos 95 anos de vida da Fruki, Eggers transmitirá seu cargo à filha, Aline Eggers Bagatini, no fim deste mês de abril. O empresário lembra que, quando começou a trabalhar na empresa, a produção era tão pequena que "parecia que ia falir". Produzia refrigerante, carro-chefe até hoje, mas também outras bebidas, como vinho, vinagre e cachaça, produto do qual chegou a ser líder de mercado com a marca Tropeiro nos anos 1980. "Paramos de fazer cachaça mesmo sendo os maiores do Estado, em 1990, porque não me fazia bem", lembra Eggers.
"Meu desejo era ser cervejeiro. Sempre me perguntavam da cerveja", revela Eggers
O grande salto, segundo o empresário, aconteceu no início da década de 2000, quando a Fruki deu início a um processo de profissionalização da administração, com apoio do Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP). Ao mesmo tempo, foi lançada a Água da Pedra, marca de água mineral que hoje lidera o mercado gaúcho.
O último legado de Eggers, a Bellavista, é também o que mais alegra o empresário. "Meu desejo era ser cervejeiro. Sempre me perguntavam da cerveja, e esse era meu grande sonho", conta Eggers. Ao longo do tempo, o empresário chegou a registrar oito marcas que acreditava serem bons nomes para cervejas, mas que acabaram descartados em prol do Bellavista, que foi o nome original da Fruki. "A cerveja não nos dá lucro nenhum ao preço de hoje, mas queremos introduzir a marca até ter um bom mercado conquistado", projeta o empresário.
Hoje com cerca de 850 funcionários, a Fruki teve um faturamento de R$ 383 milhões em 2018, e projeta um crescimento de 15% para este ano. Mesmo de longe da cadeira da presidência, Eggers afirma que espera ver os produtos da empresa chegarem a outros estados - em especial, São Paulo. A primeira incursão fora do Rio Grande do Sul foi feita no ano passado, chegando a Santa Catarina. Eggers também garante que já registrou as marcas de todos os seus produtos na maior parte dos países da América do Sul. "Se registramos, é porque alguma intenção temos", brinca o empresário, sem estabelecer prazos.