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- Publicada em 01 de Abril de 2019 às 22:32

BRDE financiou R$ 2,36 bilhões em 2018

Diversificação de fontes foi um grande feito, afirmou Noronha

Diversificação de fontes foi um grande feito, afirmou Noronha


LUIZA PRADO/JC
Instituição de fomento mantida pelos três estados da Região Sul, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) acabou 2018 com motivos para comemorar. No ano passado, o banco liberou R$ 2,36 bilhões para investimentos (R$ 773 milhões no Rio Grande do Sul), divididos em 4,3 mil operações. O BRDE ainda fechou o ano com um lucro líquido de R$ 178,5 milhões, 51,3% acima do resultado de 2017. Mais do que isso, porém, a instituição celebra a diversificação de suas fontes de recursos, aliviando a dependência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes).
Instituição de fomento mantida pelos três estados da Região Sul, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) acabou 2018 com motivos para comemorar. No ano passado, o banco liberou R$ 2,36 bilhões para investimentos (R$ 773 milhões no Rio Grande do Sul), divididos em 4,3 mil operações. O BRDE ainda fechou o ano com um lucro líquido de R$ 178,5 milhões, 51,3% acima do resultado de 2017. Mais do que isso, porém, a instituição celebra a diversificação de suas fontes de recursos, aliviando a dependência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes).
"Para mim, o grande feito da gestão foi a diversificação, tanto com funding nacional quanto internacional. Depender de uma só fonte é muito arriscado", comenta o vice-presidente e diretor de planejamento e financeiro do banco, Luiz Corrêa Noronha, que assumiu os cargos por indicação ainda do governo José Ivo Sartori (a nova gestão deve iniciar no próximo mês de junho). Do total emprestado em 2018, 73% teve como origem recursos do Bndes, número que, embora alto, representa uma grande queda em relação aos mais de 93% vistos até 2017.
Os demais valores vieram da Caixa (10%), principalmente por meio do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que alcançou 6%, e de recursos próprios, que chegaram a 5%. As novas fontes permitiram ao banco expandir linhas como o BRDE Municípios, voltado a prefeituras de pequenas cidades, que tomaram R$ 265,6 milhões em 2018. A linha só não foi mais demandada do que a BRDE PCS, destinada a produção e consumo sustentáveis, que alcançou R$ 343,9 milhões em créditos concedidos.
Chama atenção a aparição de fontes externas (2%), em especial o convênio com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), cujos € 50 milhões para projetos sustentáveis foram rapidamente emprestados - previsto para 3 anos, o total foi tomado em 11 meses a partir de março de 2018. "Já iniciamos tratativas para replicar a linha, com aumento no escopo", conta Noronha, lembrando que há outro acordo assinado, com o Banco Europeu de Investimento (BEI), que destinará US$ 100 milhões a projetos de energia renovável.
O banco tem outros dois convênios bem encaminhados. Um com o Banco Mundial, que ofertará recursos para resiliência urbana (preparação das cidades para desastres naturais, como enchentes), e outro com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que trará US$ 100 milhões para saúde, turismo e áreas sociais. Uma terceira linha foi oferecida pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), mas ainda não foi avaliada, segundo Noronha.
As receitas do BRDE com suas aplicações financeiras caíram para R$ 186,2 milhões no ano passado, queda de 33% em relação a 2017 justificada pela redução nos juros. A queda, porém, foi compensada pelo aumento de 52% no resultado da carteira de crédito, que alcançou R$ 448 milhões em 2018. "O banco está mais preparado e forte para as idiossincrasias do mercado", defendeu Noronha. O BRDE fechou o ano com uma carteira de crédito de R$ 13,5 bilhões, a 16ª do País, e com patrimônio líquido de R$ 2,67 bilhões, o 28º entre os bancos brasileiros. Mesmo alavancado, o índice de Basileia do BRDE é de 17,5%, classificado como "muito cômodo" pelo vice-presidente.

Inadimplência das operações de crédito retorna para os patamares pré-crise econômica

Além do resultado em si, outro fato destacado na apresentação do balanço de 2018 do BRDE foi a queda na inadimplência das operações de crédito da instituição. Nos atrasos acima de 90 dias, a curva descendente começou em 3,05% no fim de 2017, chegou a 2,09% em novembro de 2018, e, em dezembro do ano passado, alcançou 1,77% (ante 2,87% do sistema financeiro como um todo).
"A inadimplência está voltando aos patamares de 2014, 2015", diz o vice-presidente do BRDE, Luiz Corrêa Noronha, acrescentando que só agora o mercado começa a dar sinais de recuperação. Em janeiro de 2019, a tendência continuou, com nova queda para 1,61%.
Com a redução nos atrasos, o banco também viu cair as suas despesas com a Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD), item contábil no qual atrasos de mais de 180 dias são lançados como prejuízo, de R$ 285,7 milhões em 2017 para R$ 233,2 milhões no ano passado. De um ano para o outro, o estoque de PCLD caiu 27,3%, alcançando R$ 377,2 milhões no fim de 2018. Por outro lado, a recuperação desses créditos teve aumento, em movimento visto como natural por conta da inadimplência dos anos anteriores, totalizando R$ 176 milhões em 2018 ( 14,5% em relação a 2017).
Noronha ainda lembrou que, mesmo com a crise, o BRDE continuou ofertando crédito nos últimos anos. Em 2017, por exemplo, o banco foi responsável por 5,4% dos desembolsos do Bndes, participação que era de apenas 2,6% em 2014. Em 2018, a tendência se inverteu, com o BRDE respondendo por 4,5% dos créditos do Bndes. Ainda assim, o banco é o 3º maior tomador do Bndes na Região Sul.