Envolvida em uma discussão que perdura pelos últimos anos quanto a sua privatização ou mão, a CEEE-D, braço de distribuição do grupo estatal, registrou um prejuízo de R$ 989,3 milhões no ano passado, contra um revés de R$ 87,5 milhões no ano anterior, uma variação de mais de 1000%. Conforme a publicação das demonstrações econômico-financeiras da empresa relativa ao desempenho de 2018, o resultado líquido negativo apresentou acréscimo significativo em relação ao exercício de 2017 muito em razão dos efeitos de eventos não recorrentes.
O documento cita o registro do termo de dação de imóvel em pagamento e quitação parcial do contrato de mútuo da companhia, celebrado com a CEEE-GT (braço de geração da estatal), no montante de R$ 284 milhões e reconhecimento do benefício fiscal oriundo da adesão em programas de regularização tributária do governo federal em R$ 322 milhões. Esses fatores excepcionais impactaram o resultado líquido negativo do exercício de 2018 em 42,6% em relação ao ano anterior.
O secretário do Meio Ambiente e Infraestrutura, Artur Lemos, frisa que o balanço é uma prova que a empresa tem dificuldade de geração de caixa, o que pode prejudicar sua capacidade de prestação de serviço. Questionado se o resultado negativo poderia desvalorizar a estatal no caso de uma eventual privatização, Lemos admite que é um obstáculo, mas enfatiza que a concessão da CEEE é um bom ativo.
Durante o exercício de 2018, entre os fatores de maior relevância que influenciaram no resultado líquido da companhia estão o acréscimo nos custos não-gerenciáveis, especialmente nos encargos de uso do sistema de transmissão, em 83,1%, e incremento nos custos e despesas operacionais. A distribuidora reportou investimento de R$ 248 milhões em 2018, entre ativos da concessão e ativos da concessionária. O endividamento com instituições financeiras aumentou 34,29%, passando de R$ 597.775 milhões do exercício de 2017 para R$ 802.727 milhões.
A CEEE-D distribui energia elétrica em 72 dos 497 municípios do Estado, levando energia elétrica a mais de 4 milhões de pessoas, o que representa em torno de 34% dos consumidores do Rio Grande do Sul. Já a CEEE-GT, que atua no segmento de geração e transmissão, obteve um lucro de R$ 173,3 milhões no ano passado, uma queda de 56,1% em relação aos R$ 395 milhões registrados em 2017.