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política monetária

- Publicada em 20 de Março de 2019 às 01:00

Selic completa um ano no menor patamar da história

O Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros da economia em 6,50% ao ano, a oitava manutenção consecutiva, marcando um ano desde que a Selic chegou ao menor patamar da história. É também o período mais longo em que a taxa permanece em seu piso.
O Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros da economia em 6,50% ao ano, a oitava manutenção consecutiva, marcando um ano desde que a Selic chegou ao menor patamar da história. É também o período mais longo em que a taxa permanece em seu piso.
A decisão era esperada de forma unânime pelos 39 economistas consultados pela agência de notícias Bloomberg nesta que é a primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) conduzida pelo novo presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Ao justificar a decisão, o BC avaliou novamente que "cautela, serenidade e perseverança nas decisões de política monetária, inclusive diante de cenários voláteis, têm sido úteis na perseguição de seu objetivo precípuo de manter a trajetória da inflação em direção às metas".
A taxa de 6,50% era também a Selic esperada por economistas ouvidos pelo BC para o final de 2019, indicando ceticismo para uma recuperação econômica. Nesta semana, pela primeira vez, houve redução nas estimativas do patamar de juros ao final de 2020, que, agora, deve ir para 7,75%. Até a semana anterior, a projeção era de juros a 8%.
Com as revisões para baixo da economia brasileira neste ano, começa a ganhar força o discurso de que os juros poderiam até cair ainda em 2019. "A retomada mais moderada da atividade amplia as chances de corte de juros em algum momento do ano", escreveu o Bradesco em relatório publicado na segunda-feira. O banco Fator prevê que os juros poderiam encerrar 2019 em 5,50%, um ponto percentual abaixo do atual nível.
Apesar de todas as indicações do mercado, o BC segue cauteloso, o que é atribuído ao receio de um atraso ou mesmo a não aprovação da reforma da Previdência. Não é o cenário base do mercado financeiro, mas sem a medida, considerada crucial para o equilíbrio das contas públicas, o dólar poderia disparar, assim como a inflação.
"A aprovação da reforma da Previdência, entretanto, não nos parece uma condição necessária para que haja corte de juros, desde que sua tramitação esteja avançando e as expectativas de inflação estejam abaixo do centro da meta, com câmbio comportado e ociosidade relevante na economia, condições hoje presentes no cenário", diz o Bradesco.
Campos Neto havia sinalizado que nessa reunião não haveria espaço para mudança nos juros, mas alguns economistas começam a indicar que isso poderia ocorrer na próxima reunião, marcada para os dias 7 e 8 de maio de 2019.
O BC também atualizou projeções para a inflação. No cenário de mercado - que usa expectativas para câmbio e juros do mercado financeiro, compiladas no relatório Focus -, o BC manteve sua projeção para o IPCA em 2019 em 3,9%. No caso de 2020, a expectativa seguiu em 3,8%.
Além de Campos Neto, que assumiu a presidência do BC no fim de fevereiro, estrearam no Copom os diretores de Política Monetária, Bruno Serra, e de Organização do Sistema Financeiro, João Manoel Pinho de Mello. Os três foram indicados para o BC pelo governo de Jair Bolsonaro.
JC

Entidades defendem redução de juros

Uma queda na taxa de juros foi defendida por entidades empresarias que comentaram a manutenção da taxa Selic em 6,5% ao ano. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), os cortes nos juros são importantes para estimular a aceleração da atividade econômica.
"A fraca recuperação da economia indica que há necessidade de redução dos juros nos próximos meses", afirmou o presidente em exercício da CNI, Paulo Afonso Ferreira. O dirigente considera que o controle da inflação no Brasil e as perspectivas de manutenção dos juros norte-americanos podem contribuir para a decisão do Banco Central de reduzir a taxa Selic em um futuro próximo.
A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) entende a cautela na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sob o comando do novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Neste momento, segundo a entidade, os juros mais baixos são apenas um dos elementos que podem estimular a retomada da economia.
"O Brasil tem se movido em direção a juros mais baixos e a reforma da Previdência deve contribuir nesse sentido. Sem a reforma, o País viverá um momento de intensa incerteza e desconfiança. Com esse risco, os investidores se retraem, e, mesmo com os juros mais baixos, não há clima para um ciclo de novos investimentos", explica o presidente da Fiergs, Gilberto Petry.
Para o presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Luiz Carlos Bohn, a atividade econômica fraca e as expectativas de inflação acomodadas continuam aconselhando uma política monetária expansionista, suscitando, inclusive, a discussão a respeito de uma nova rodada de redução dos juros. "A cada mês que passa, cresce o custo de não aproveitar esse tempo de juros historicamente baixos. Infelizmente, a economia brasileira pena uma recuperação tímida à espera da tramitação da reforma da Previdência no Congresso", destacou o dirigente.

Investimento na poupança ainda ganha da maioria dos fundos de renda fixa

A estabilidade da taxa básica de juros mantém a poupança como um investimento mais atrativo que a maioria dos fundos de investimento de renda fixa, em especial, aqueles com taxas de administração mais altas, de acordo com simulações feitas pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). A Anefac estima o rendimento mensal da poupança em 0,37% nesse cenário.
Pelas contas da associação, os fundos de investimentos apresentam um rendimento superior às contas da poupança quando suas taxas de administração são inferiores a 0,5% ao ano, independentemente do prazo de resgate.
Ganha também da poupança com taxas de 1%, exceto se o resgate for em até seis meses, caso em que as rentabilidades são equivalentes. A poupança empata com fundos com taxa de administração de 1,5% se o resgate for feito entre um e dois anos, mas perde para resgates nessa situação acima de dois anos.