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Economia

- Publicada em 15 de Março de 2019 às 19:41

Produtores de arroz orgânico do Rio Grande do Sul procuram novos mercados

Colheita do grão sem agrotóxicos foi oficialmente iniciada nesta sexta em festa em Nova Santa Rita

Colheita do grão sem agrotóxicos foi oficialmente iniciada nesta sexta em festa em Nova Santa Rita


LEANDRO MOLINA/DIVULGAÇÃO/JC
Bruna Oliveira
As enchentes que devastaram a Fronteira Oeste gaúcha em janeiro trouxeram perdas consideráveis para a produção arrozeira do Rio Grande do Sul. Ainda assim, os produtores de arroz orgânico do Estado esperam colher 16 mil toneladas do grão na safra 2018-2019 e conquistar novos mercados dentro e fora do País, aproveitando a onda de maior procura por alimentos com selo agroecológico. 
As enchentes que devastaram a Fronteira Oeste gaúcha em janeiro trouxeram perdas consideráveis para a produção arrozeira do Rio Grande do Sul. Ainda assim, os produtores de arroz orgânico do Estado esperam colher 16 mil toneladas do grão na safra 2018-2019 e conquistar novos mercados dentro e fora do País, aproveitando a onda de maior procura por alimentos com selo agroecológico. 
Mesmo amargurando perdas, a colheita do grão foi aberta com otimismo nesta sexta-feira (15), durante a 16ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA).
Os municípios de Manoel Viana e São Gabriel foram os mais prejudicados pelas chuvas do início do ano. "Além do baque emocional, temos o baque econômico. Foi uma perda de 600 hectares e cerca de três mil toneladas de arroz orgânico", estima Emerson Giacomelli, coordenador do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico, uma quebra de 16%. Com isso, a produção deste ano ficará abaixo da colheita da safra 2017-2018, que somou 20 mil toneladas de arroz. O movimento trata com órgãos públicos a possibilidade de acionar seguros para ajudar as famílias atingidas.
O arroz sem agrotóxicos é produzido no Estado por 363 famílias de assentamentos ligados ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) que completam duas décadas de cultivo. A produção gaúcha é a maior da América do Sul, conforme o Instituto Rio Grandense de Arroz (Irga), e se concentra em 15 assentamentos e 13 municípios gaúchos, sendo Viamão, Eldorado do Sul, Nova Santa Rita e Manoel Viana os maiores produtores.
Os programas de alimentação, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), ainda são o maior destino da produção orgânica. De acordo com Giacomelli, houve um crescimento expressivo nas vendas para a alimentação escolar. Este ano a estimativa é de alta entre 25% a 30% neste mercado, que abastece, além do Rio Grande do Sul, os estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. 
No Rio Grande do Sul, o movimento trabalha para retomar os negócios com o governo do Estado, que foram enxugados na gestão de José Ivo Sartori (MDB), entre 2015 e 2018. As tratativas com o governador Eduardo Leite (PSDB) envolvem as compras da produção da agricultura familiar, que tem como principal destino os presídios. O fornecimento às escolas é feito na relação direta do próprio MST com as instituições de ensino, já que as compras de merenda não são centralizadas pelo Estado.

Produtores buscam exterior e redes de varejo

Mas os novos mercados vão além da fronteira nacional. As exportações dos assentamentos começaram em 2008. No ano passado, somaram 3 mil toneladas enviadas para diversos países. "Tínhamos um mercado bem interessante na Venezuela, mas os negócios têm se tornado cada vez mais difíceis diante da crise política e econômica que enfrenta o país", justifica Giacomelli.
Há negociações com países como Grécia, Portugal, Argentina, China e Emirados Árabes, e a meta para 2019 é ampliar para 5 mil toneladas o volume embarcado para fora do Brasil. "As exportações são interessantes, mas estamos buscando uma diversidade de negócios para não criar dependência", diz o coordenador. 
Além do arroz polido (branco), integral e parboilizado, os agricultores apostam na estreia do arroz orgânico integral parboilizado, que só tinha na versão do branco, e que começou a ser beneficiado. Hoje são duas marcas que os consumidores podem encontrar nos canais de distribuição: a Terra Livre e Coopan.
"Estamos inserindo o produto aos poucos. A aceitação tem sido excelente pelos consumidores", garante Giacomelli, que sinaliza que o mercado atual está "bastante aquecido" pela grande quantidade de marcas que abriram linhas de orgânicos.
O grupo busca também posicionar as marcas do grão em redes de varejo, uma cadeia de venda que é mais sofisticada. Os preços variam conforme a qualidade e buscam ser competitivos levando em conta o modelo produtivo que carregam, com origem em cooperativas agroecológicas.   
Todo o processo produtivo, industrial e comercial é coordenado pela Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Coopan), a partir da produção das famílias de mais três entidades: a Cooperativa de Produção Agropecuária dos Assentados de Tapes (Coopat), Cooperativa de Produção Agropecuária de Charqueadas (Copac) e a Cooperativa dos Produtores Orgânicos da Reforma Agrária de Viamão (Coperav).
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