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Conjuntura

- Publicada em 13 de Março de 2019 às 01:00

Novo presidente do Banco Central quer mudanças financeiras

Roberto Campos Neto e o ministro da Economia, Paulo Guedes

Roberto Campos Neto e o ministro da Economia, Paulo Guedes


/FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL/JC
Empossado ontem, em Brasília, o novo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que o sistema financeiro tem que se desprender do financiamento ao governo para ampliar os empréstimos ao setor privado. "A intermediação financeira no Brasil tem de se libertar das amarras que a prendem ao governo", afirmou. "O mercado precisa se libertar da necessidade de financiar o governo e se voltar para o financiamento ao empreendedorismo."
Empossado ontem, em Brasília, o novo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que o sistema financeiro tem que se desprender do financiamento ao governo para ampliar os empréstimos ao setor privado. "A intermediação financeira no Brasil tem de se libertar das amarras que a prendem ao governo", afirmou. "O mercado precisa se libertar da necessidade de financiar o governo e se voltar para o financiamento ao empreendedorismo."
Para tanto, diz ele, é necessário avançar em mudanças para desenvolver o mercado de capitais. Campos Neto afirmou que tem se dedicado ao que chamou de "o sistema financeiro do futuro". Mencionou as novas plataformas digitais de crédito, que retiraram dos bancos o monopólio na oferta de crédito por meio de operações diretas das Sociedades de Crédito Direto (SCD) e as Sociedades de Empréstimo entre Pessoas (SEP), regulamentadas na gestão de Ilan Goldfajn, no ano passado.
Para ampliar a concorrência no sistema financeiro, viabilizando a entrada de novos competidores, Campos Neto disse apostar em quatro iniciativas com alta dose de tecnologia. Ele citou o sistema de pagamentos instantâneos, o chamado open banking (compartilhamento de informações bancárias dos clientes) e a tecnologia blockchain (que permite o registro digital de operações).
Enfatizou que as fintechs (novas empresas de tecnologia que atuam no setor financeiro) "devem continuar a ser exploradas" e que o BC tem a tarefa de organizar e regulamentar a sua atuação. O quarto item citado seria a criação de centrais de garantias, que, segundo ele, "oferecem meios para redução da volatilidade dos mercados".
Além dessas iniciativas, Campos Neto afirmou que já está discutindo com a Comissão de Valores Mobiliários e com o Ministério da Economia medidas para reduzir o custo burocrático e a simplificação das regras tributárias e de acesso aos mercados. "Essas medidas facilitarão a criação de mais instrumentos financeiros, tanto para quem quer investir quanto para quem quer captar recursos." O novo presidente do BC disse, ainda, que pretende promover programas de microcrédito e estímulo ao cooperativismo, como forma de ampliar a inclusão de brasileiros no mercado de crédito.
Campos Neto, 49 anos, é neto do emblemático economista Roberto Campos, um dos principais difusores do liberalismo no Brasil. Foi durante o seu mandato, no governo Castelo Branco (1964-1967), que o Banco Central do Brasil foi instituído.
Assim como o avô, Campos Neto defendeu a autonomia formal do Banco Central, projeto que já havia começado a ser discutido na gestão de Goldfajn no BC. Segundo ele, a aprovação da autonomia em lei ajudaria a reduzir o risco Brasil e a aumentar o crescimento de longo prazo.
Na plateia da posse no BC havia dirigentes de diferentes instituições financeiras e ex-presidentes do BC, como Henrique Meirelles, Alexandre Tombini e Gustavo Franco.

Nova gestão do BC terá apoio do governo, afirma Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu ontem que a nova gestão do Banco Central terá apoio do governo. "Vamos tentar a reforma da Previdência, vamos partir para a cessão onerosa, vamos privatizar. Se conseguirmos a metade do esforço fiscal, já será um sucesso", afirmou, em discurso na posse do novo presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Guedes, mais uma vez, se disse otimista com a aprovação da reforma da Previdência. "O problema da Previdência está aí, e o teto não para se não tiver as paredes do lado. Entramos para fazer um trabalho e vamos fazer o trabalho, não vamos recuar. Mas quem decide é o Congresso e o presidente (Jair Bolsonaro)", completou.
Mais uma vez, Guedes reforçou que a reforma previdenciária precisa de uma potência fiscal de, pelo menos, R$ 1 trilhão. "O sistema de capitalização poderá ser lançado se a reforma tiver potência para financiar a transição de regime previdenciário", repetiu. Para ele, "essa geração" precisa ter coragem de pagar esse custo de R$ 1 trilhão. "Eu digo sempre: vocês não vão derrotar o projeto do Paulo (Guedes), mas sim seus filhos e netos. Se o Congresso desidratar a reforma para R$ 500 bilhões, eu não consigo lançar a capitalização, e vocês vão condenar seus filhos", alertou.
O ministro disse que a Previdência é a primeira grande despesa a ser atacada, seguida pela despesa de juros da dívida. "A noção habitual é de que não há o que fazer (sobre essa despesa), mas isso é falso. É possível trabalhar pela reestruturação patrimonial", considerou. "Com uma boa gestão de ativos e passivos, podemos reduzir esse custo da dívida interna", completou.