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mercado financeiro

- Publicada em 03 de Março de 2019 às 01:00

Dividendos a acionistas crescem no Brasil

Ter papéis de companhias que pagam bem é alternativa para novatos

Ter papéis de companhias que pagam bem é alternativa para novatos


/USP IMAGENS/DIVULGAÇÃO/JC
A melhora nos resultados das empresas em 2018 se refletiu no bolso dos acionistas. Foram R$ 99,1 bilhões distribuídos na forma de dividendos (parcela do lucro que vai para os detentores de ações) pagos ao longo do ano passado, uma alta de 46,2% na comparação com 2017. Esses valores fazem com que o investidor tenha um ganho adicional ao que é propiciado pela valorização das ações. Na avaliação de analistas, ter papéis de empresas que pagam bons dividendos na carteira é uma alternativa para novatos na bolsa ou que querem ter algum ganho garantido.
A melhora nos resultados das empresas em 2018 se refletiu no bolso dos acionistas. Foram R$ 99,1 bilhões distribuídos na forma de dividendos (parcela do lucro que vai para os detentores de ações) pagos ao longo do ano passado, uma alta de 46,2% na comparação com 2017. Esses valores fazem com que o investidor tenha um ganho adicional ao que é propiciado pela valorização das ações. Na avaliação de analistas, ter papéis de empresas que pagam bons dividendos na carteira é uma alternativa para novatos na bolsa ou que querem ter algum ganho garantido.
O cálculo do total de dividendos distribuídos leva em conta as 89 empresas brasileiras com ações em bolsa que já divulgaram os resultados consolidados de 2018, segundo levantamento feito pela Eleven Financial. Juntas, essas empresas tiveram um lucro líquido de R$ 180,3 bilhões, uma expansão de 52,5% em relação ao ano anterior, em linha com o crescimento dos dividendos.
"Quando olhamos as maiores pagadoras de dividendos, vemos que não há concentração em nenhum setor. Os dados preliminares mostram que está bem diversificado. O setor financeiro ganhou relevância, já que os bancos distribuíram mais, aproveitando o fato de estarem com excesso de capital", avalia Carlos Daltozo, analista da Eleven.
Uma empresa, por lei, precisa distribuir 25% de seu lucro líquido aos acionistas. No entanto, aquelas que são consideradas maduras, ou seja, já fizeram a maior parte dos seus investimentos e têm uma receita mais previsível, conseguem fazer pagamentos mais elevados. As companhias de serviços públicos (as chamadas utilities), como distribuidoras de energia ou empresas de saneamento, estão nessa categoria.
Além disso, um fator que leva uma empresa a distribuir uma parcela maior de seus lucros é o excesso de caixa. Esse foi o caso dos bancos. Com a economia fraca e incertezas políticas, as instituições financeiras emprestaram menos. Com liquidez elevada, colocaram mais dinheiro no bolso dos acionistas. O Itaú, por exemplo, distribuiu R$ 22,4 bilhões. Esse montante equivale a 87,2% do lucro de 2018.
O que ajuda a definir que empresa pagadora de dividendos escolher é um indicador chamado dividend yield, que é a proporção do dividendo em relação ao valor da ação. Se uma ação vale R$ 45 e o dividendo por ação é de R$ 5, então o dividend yield desse papel é de 11,1%. Embora seja um indicador importante, Daltozo, da Levante, lembra que olhar só o retorno do dividendo por ação não basta. Isso porque o dividend yield pode estar elevado devido à desvalorização da ação. "É o caso da Cielo. A empresa tem um dividend yield elevado (6,03%), mas o valor da ação caiu cerca de 60%. O ideal é encontrar empresas que tenham esse indicador elevado, mas também com perspectiva de resultados consistentes", explica Daltozo.
Álvaro Frasson, analista da Necton Corretora, considera que montar uma carteira com esses papéis é uma estratégia adequada para investidores com pouca experiência na bolsa. "São empresas com maior previsibilidade de resultado. Elas têm pouca necessidade de reinvestimento", ressalta Frasson.
O analista lembra, ainda, que é natural que, em alguns momentos, mesmo empresas boas pagadoras de dividendos mostrem uma queda no dividend yield. Isso ocorre, por exemplo, em momentos de forte valorização das ações, que nem sempre são acompanhadas por um crescimento dos lucros na mesma velocidade. Isso foi um pouco do que aconteceu no mercado brasileiro. Com a taxa básica de juros (Selic) a 6,5% ao ano, mais investidores foram para a bolsa, o que elevou o preço das ações.
 

Investidores precisam ficar atentos a possíveis mudanças em regras e políticas

Na visão de analistas, o fato de a equipe econômica estudar uma mudança nas regras de tributação dos dividendos não alterou ainda as políticas de distribuição. Em janeiro, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), o ministro da Economia, Paulo Guedes, informou que passaria a cobrar imposto dos dividendos distribuídos (hoje, isentos) e, em contrapartida, reduziria a alíquota do Imposto de Renda que as empresas pagam atualmente sobre os lucros.
Os investidores também precisam ficar atentos às mudanças nas políticas de dividendos das empresas geradas por imprevistos. É o caso da Vale, que suspendeu a distribuição desses proventos depois da catástrofe em Brumadinho, Minas Gerais, em janeiro. Em compensação, a Petrobras, que não vinha pagando dividendos nos últimos anos com sucessivos prejuízos, distribuiu R$ 7,1 bilhões referente ao lucro do ano passado, o primeiro em quatro anos. O dividend yield da estatal ficou em 5,59%. A Petrobras, no entanto, já avisou que não pretende elevar a distribuição de dividendos antes de reduzir mais seu endividamento. A empresa informou, na semana passada, que sua dívida líquida encerrou 2018 a R$ 268,8 bilhões.
Eduardo Guimarães, especialista em ações da Levante Investimentos, observa que alguns fatores contribuem para que as empresas continuem distribuindo mais dividendos ao longo deste ano. Com os juros baixos, elas têm uma despesa financeira menor. Por outro lado, a recuperação da economia faz com que as receitas sejam maiores, o que melhora as margens de ganho.