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Agronegócios

- Publicada em 27 de Fevereiro de 2019 às 01:00

País pode ter forte perda com trégua China-EUA

Redução dos embarques pode chegar a 15 milhões de toneladas

Redução dos embarques pode chegar a 15 milhões de toneladas


/JOSÉ SCHÄFER/EMATER/DIVULGAÇÃO/JC
O governo brasileiro está preocupado com perdas bilionárias que o setor agrícola do País pode sofrer com a crescente perspectiva de uma trégua comercial entre Estados Unidos e China. Na terça-feira, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro para comunicá-lo de que os produtores de soja deverão ser os maiores afetados caso a trégua se confirme e as duas potências internacionais ponham fim à guerra tarifária que travam desde o ano passado.
O governo brasileiro está preocupado com perdas bilionárias que o setor agrícola do País pode sofrer com a crescente perspectiva de uma trégua comercial entre Estados Unidos e China. Na terça-feira, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro para comunicá-lo de que os produtores de soja deverão ser os maiores afetados caso a trégua se confirme e as duas potências internacionais ponham fim à guerra tarifária que travam desde o ano passado.
O Brasil seria afetado porque a China, segundo informaram agências internacionais de notícias, ofereceu nos últimos dias comprar um adicional de US$ 30 bilhões (R$ 111 bilhões) em produtos agrícolas norte-americanos ao ano, como parte de um acordo comercial mais amplo com os EUA. Caso a proposta se confirme, deverá reduzir a demanda chinesa por produtos agrícolas brasileiros, principalmente a soja.
"Esse efeito vai ser para a próxima safra. Mas que vai ter, vai. É isso que a gente vai ter que acompanhar", disse ontem a ministra da Agricultura. De acordo com estimativas da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), as perdas neste ano para o setor podem chegar a US$ 5,5 bilhões (R$ 20,5 bilhões). A associação diz que uma diminuição das compras chinesas de soja pode reduzir em até 15 milhões de toneladas o volume de exportações do produto para a China. No ano passado, ainda segundo a Aprosoja, foram enviadas 69 milhões de toneladas de soja para o país asiático.
O diretor executivo da Aprosoja, Fabrício Rosa, afirma que, com a nova oferta de soja americana para a China, a tendência é que as exportações brasileiras do produto ao país asiático retomem aos patamares anteriores ao início da guerra comercial entre Washington e Pequim. Quando o presidente dos EUA, Donald Trump, deu início à chamada guerra comercial, os chineses retaliaram e impuseram uma tarifa de 25% sobre a soja americana. Isso levou a um boom das exportações de soja do Brasil para país asiático.
"O Brasil vai continuar sendo o principal fornecedor de soja para a China. O Brasil é o único que tem condições de abastecer, sozinho, o mercado chinês", disse Rosa. "Os EUA, mesmo juntos com as exportações da Argentina, não conseguiriam atender o mercado chinês", acrescentou. Assim como Teresa Cristina, o diretor da Aprosoja afirma que o impacto do novo quadro internacional sobre o mercado brasileiro seria gradual.
O tema gera forte apreensão no Ministério da Agricultura. Ontem, ao participar de uma sessão da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, Tereza Cristina disse que o acordo entre EUA e China gera "preocupação" no governo.
A ministra disse ainda que o ministério está avaliando como responder a uma possível redução da demanda por soja. Segundo ela, a pasta deve intensificar os esforços para a abertura de novos mercados para o produto brasileiro.

Ministra quer destinar R$ 1 bilhão ao seguro rural 2019/2020

Em depoimento ontem na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, a ministra Tereza Cristina informou que tentará aumentar para R$ 1 bilhão a verba destinada pelo governo ao seguro rural, que garante os produtores em caso de prejuízos na safra. A verba destinada ao seguro em 2018/2019 é de R$ 440 milhões. A ministra disse que a meta é obter junto à área econômica mais R$ 600 milhões. Com isso, o seguro, que hoje atende a 42 mil grandes produtores em todo o País, poderá atender a 150 mil produtores.
"Se conseguirmos taxas de juros razoáveis e um seguro rural maior e mais robusto, teremos mais crédito disponível para os produtores", disse a ministra. Ela também anunciou que está negociando com o Ministério da Economia uma verba maior para o crédito rural na safra 2019/2020. Para a atual safra foram destinados R$ 191 bilhões, além de R$ 30 bilhões para a agricultura familiar. A ministra explicou que esses recursos já se esgotaram, embora teoricamente a safra vá até junho, o que demonstra que o agronegócio está crescendo e os produtores estão investindo em ritmo cada vez mais acelerado. Segundo ela, para a próxima safra já está assegurado pela lei o mesmo valor da atual e mais 5% de correção, mas o Ministério da Agricultura está reivindicando verba maior.
Na exposição aos senadores, ela também afirmou que o ministério está trabalhando para abrir novos mercados aos produtos brasileiros, porque o País tem potencial para produzir e exportar cada vez mais, com sustentabilidade e respeito ambiental, utilizando mais tecnologia para ganhos de escala na produção. Para isso, a ministra pediu apoio dos senadores no sentido de aprovar leis que podem facilitar a vida dos empreendedores. E também lembrou que há gargalos de infraestrutura que precisam ser superados (em portos, rodovias e ferrovias), pois eles aumentam os custos de produção e deixam a margem de lucro dos produtores cada vez mais apertada.