O mercado doméstico de ações celebrou a divulgação dos primeiros pontos do projeto da reforma da Previdência do governo Jair Bolsonaro e levou o Ibovespa a subir mais de 2% e retomar o nível dos 98 mil pontos nesta quinta-feira (14). Depois de uma manhã e início de tarde no vermelho, em meio a dados fracos do varejo nos Estados Unidos e o "caso Bebianno", o índice mudou de sinal e passou a subir a partir das 15h, com o início da reunião entre o presidente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e outros expoentes do primeiro escalão.
Pouco depois das 17h, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, anunciou que o presidente havia aprovado a idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres, com período de transição de 12 anos. Não era a proposta defendida por Guedes - com idade mínima de 65 anos para todos e transição de 10 anos -, mas era melhor que o cenário aventado na quarta pelo próprio Bolsonaro em entrevista, de 60 anos (homens) e 57 (mulheres). Uma reforma considerada insuficiente para o ajuste das contas públicas poderia esvaziar o otimismo do mercado.
Com uma arrancada no fim do pregão, o Ibovespa fechou em alta de 2,27%, aos 98.015 pontos - cerca de 3 mil pontos acima da mínima (94.915 pontos). Os papéis PN da Petrobras, já em alta com o petróleo, avançaram 3,45%. Até mesmo a Vale, que passou a maior parte do dia no vermelho, ganhou fôlego e subiu 0,37%. No bloco financeiro, o Banco do Brasil, único papel em alta desde o início do dia com a divulgação de resultados, liderou os ganhos ( 5,11%). Outros gigantes do setor também fecharam em forte alta: Bradesco ( 3,81%) e Itaú (2,66%).
Os primeiros pontos da reforma da Previdência divulgados pelo governo agradaram aos investidores do mercado de câmbio e o dólar ampliou o ritmo de queda, bateu sucessivas mínimas perto do fechamento e terminou em R$ 3,7198 (-0,89%). No mercado futuro, um gestor de renda fixa destaca que o temor de que o texto pudesse vir mais desidratado levou os fundos a reduzirem nos últimos dias as posições vendidas em dólar, ou seja, que ganham com a queda da moeda americana. O estoque caiu para US$ 24 bilhões, um dos menores níveis desde dezembro. Já os estrangeiros aumentaram a posição comprada, que ganha com a alta da moeda, em US$ 900 milhões no mesmo período.
Se a reforma da Previdência passar no Congresso, o grupo financeiro holandês ING vê o dólar testando temporariamente níveis de R$ 3,30 a R$ 3,40, abaixo do valor justo da moeda de acordo com os fundamentos brasileiros - R$ 3,60 a R$ 3,70. O banco ressalta que ainda não está claro se Bolsonaro terá apoio no Congresso para aprovar um texto mais ambicioso, mesmo tendo conseguido aliados no comando das duas casas.