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Agronegócios

- Publicada em 24 de Janeiro de 2019 às 22:01

Colheita de soja começa em clima de incertezas

Ministra Tereza Cristina acompanhou abertura da safra no Paraná

Ministra Tereza Cristina acompanhou abertura da safra no Paraná


/RODRIGO FELIX LEAL/ANPr/DIVULGAÇÃO/JC
Aberta oficialmente nesta quinta-feira em todo o Brasil pelo Paraná, em colheita simbólica realizada com presença da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a atual safra de soja tem cenários muito diferentes no País. Como a estiagem afetou com certa força duas grandes regiões produtoras (Mato Grosso do Sul e Paraná), especialistas já afirmam que apesar da área plantada maior, a safra atual não deverá superar a do ciclo 2018/2019, como se chegou a esperar.
Aberta oficialmente nesta quinta-feira em todo o Brasil pelo Paraná, em colheita simbólica realizada com presença da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a atual safra de soja tem cenários muito diferentes no País. Como a estiagem afetou com certa força duas grandes regiões produtoras (Mato Grosso do Sul e Paraná), especialistas já afirmam que apesar da área plantada maior, a safra atual não deverá superar a do ciclo 2018/2019, como se chegou a esperar.
"É fundamental que as projeções feitas hoje, de quebra na safra, sejam tratadas como números preliminares. Em algumas regiões as perdas já estancaram, em outras estão consolidadas e boa parte ainda tem muito tempo pela frente. Ou seja, ainda pode mudar muita coisa", ressalta Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócio.
O analisa de mercado explica que inicialmente havia uma estimativa nacional de que o Brasil colheria 123 milhões de toneladas da oleaginosa na primeira projeção de safra, feita em outubro. Hoje, preliminarmente, Cogo diz trabalhar com 116,3 milhões de toneladas, ou seja, uma redução de 5,9% em relação a primeira estimativa.
As maiores perdas pela estiagem, de acordo com analista, ocorreram no Mato Grosso do Sul, de 11%, e na região de Dourados, a principal área produtora do estado. Como houve aumento de área cultivada, a perda, no volume total, porém, deverá ser menor. Além disso, há 1% de quebra no Mato Grosso e 8% no Paraná. E começa a ocorrer sinais de estiagem afetando a região do Matopiba, como no Piauí e
Bahia, por exemplo. No Rio Grande do Sul devemos ter uma perda, preliminarmente, de 2,9%, opina Cogo. "Isso porque 89% da safra gaúcha de soja se concentra na Metade Norte, que não foi afetada pelas enxurradas do início de janeiro como a Metade Sul" explica Cogo.
De acordo com a Emater-RS, a semana de umidade e temperaturas elevadas contribuiu para o bom desenvolvimento da soja, que atinge 23% das lavouras em enchimento de grãos, 45% em floração e 32% em desenvolvimento vegetativo. Já nos locais onde as precipitações foram intensas, como nas regiões Sul, Campanha e Fronteira-Oeste, o grande volume de chuvas nas últimas semanas afetou as lavouras localizadas em várzeas e em locais próximos aos cursos de água, onde o solo ficou encharcado por muitos dias, comprometendo a produção e a produtividade nesta safra.
Para Elmar Konrad, vice-presidente da Farsul, o Rio Grande do Sul tem um ano totalmente atípico e de difícil mensuração de como será o resultado final da produção gaúcha. Muito produtor precisou fazer o replantio entre o final de setembro e final de dezembro devido ao excesso de chuva na região Norte. Ainda que em quantidades menores do que na Metade Sul, a água também causou alguns danos na Metade Norte porque a chuva ocorreu acima da média em novembro, período onde a maioria dos produtores cultiva a terra. Como nesse período a soja recém está emergindo, o excesso de umidade aliado ao calor aumenta a presença de fungos.
"Em muitos casos há produtores com manchas vazias na lavoura porque perdeu parte da produção e não deu mais tempo de replantar. Mas ainda temos 60 dias pela frente até a colheita e tudo ainda pode mudar. No Rio Grande do Sul há lavouras com soja em desenvolvimento até o início de maio " alerta Konrad, que precisou replantar cerca de 15% da área cultivada em Ibirubá, onde preside o sindicato rural.
As perdas nacionais, porém, ainda não impactaram nos preços do grão, mas ainda poderá ocorrer. "Com a paralisação de parte dos serviços nos EUA o Departamento de Agricultura do país não divulgou suas projeções mundiais e é esse relatório que baliza boa parte dos preços internacionais. Com a redução no Brasil, pode haver certa alta nos preços pela redução da oferta." Como os preços chegaram ao fundo poço, ainda mais com o dólar recuando, é possível que os prêmios pagos nos portos pela soja aumentem.
O viés é altista para os preços. E hoje, no mercado de compra e venda entre cooperativas, grandes produtores e empresas, os valore estão um pouco melhores do que no mesmo período do ano passado. Alcança R$ 78,00 a saca no porto de Rio Grande (RS), R$ 76,50 em Paranaguá (PR) e R$ 75,00 no Interior do Rio Grande do Sul", enumera o analista da Cogo Inteligência em Agronegócio.
 

Sojicultor gaúcho vive diferentes realidades

Langaro comemora a ausência de perdas e já prevê mais produtividade

Langaro comemora a ausência de perdas e já prevê mais produtividade


/THIAGO COPETTI/ESPECIAL/JC
Seja por clima, manejo, época do plantio ou estratégia de compra de insumos e venda de grãos, as realidades de cada lavoura de soja que hoje cresce no Estado têm números e características muito próprias. Cristiano Tagliari, de Passo Fundo, replantou cerca de 15% de 7 mil hectares espalhados por cinco cidades do Estado. Neste ano, ele calcula que terá produtividade de 10 a 15 sacas a menos. "A expectativa era colher igual ou mais que o ano passado, até porque investi mais. Infelizmente, investi mais, tive replante e insumos mais caros devido ao dólar", revela Tagliari.
Também do Norte do Estado, Lucas Langaro semeou 23 hectares, no município de Sertão, e não teve problemas climáticos ou com doenças. Como é pequena propriedade, diz Langaro, foi mais fácil manejar e controlar questões de doenças no nascimento da planta. O produtor comemora ter conseguido cultivar no momento certo e o fato de a lavoura estar se desenvolvendo bem. "Devo aumentar a produtividade. Colhi 70 sacas por hectare no ano passado. Tive problemas, mas consegui corrigir os erros de manejo e se melhorou. No mínimo devo chegar a 75 a 80 sacas por hectare neste ano", projeta Langaro
O produtor travou preços dos insumos no mês de maio, com o dólar a cerca de R$ 3,40, ao vender 30% da soja antecipada e por isso deve fechar a safra com os mesmos custos do ciclo anterior. Como diz levar a parte financeira bem controlada, Langaro garante saber exatamente o gasto anterior e o atual. "Com o mesmo custo terei realce de produtividade", diz o agricultor.
O cenário mais drástico é o de Piero Degrandi, de Santa Margarida do Sul, cuja propriedade foi bastante afetada pela chuvarada. As perdas foram de 5% da área de 950 hectares cultivados com soja, e outros 5% no arroz (250 hectares), onde a produtividade deverá cair 20%. "A área que estava coberta pelo seguro não atingida, e área de danos não estava coberta", lamenta.

Governo estuda ampliar seguro rural

Durante a abertura da colheita da safra de soja 2018/2019, no Paraná, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, destacou aos produtores que tem discutido mudanças no seguro rural para aumentar seu valor e reduzir juros. "Quando estão com a produção segurada, os produtores não perdem o sono e nem precisam pedir renegociação de dívida com o pires não", disse a ministra
Tereza Cristina informou que tem feito diversas reuniões para tratar do assunto, inclusive com o atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn e com Roberto Campos Neto, que deverá sucedê-lo no cargo, além do vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Ivandré Montiel da Silva.
"O seguro rural precisa ter alcance, ser amplo, democrático", defendeu. Disse ainda que estuda uma forma para que o seguro seja barato.