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Agronegócios

- Publicada em 22 de Janeiro de 2019 às 22:19

Embargo saudita ao frango pode reduzir exportações

Itamaraty e Mapa desconhecem motivo e avaliam impactos

Itamaraty e Mapa desconhecem motivo e avaliam impactos


/MPT-RS/DIVULGAÇÃO/JC
A Arábia Saudita, maior importadora de carne de frango do Brasil, desabilitou 33 frigoríficos da lista dos exportadores brasileiros para o País. Dos 58 frigoríficos habilitados pelo Ministério da Agricultura para exportar para aquela nação, restaram apenas 25 na lista dos árabes. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) não informou as possíveis perdas de volume exportado nessa restrição árabe, mas circularam dentro do Ministério da Agricultura avaliações de queda de até 30% do que é vendido para lá.
A Arábia Saudita, maior importadora de carne de frango do Brasil, desabilitou 33 frigoríficos da lista dos exportadores brasileiros para o País. Dos 58 frigoríficos habilitados pelo Ministério da Agricultura para exportar para aquela nação, restaram apenas 25 na lista dos árabes. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) não informou as possíveis perdas de volume exportado nessa restrição árabe, mas circularam dentro do Ministério da Agricultura avaliações de queda de até 30% do que é vendido para lá.
O Itamaraty disse que vem mantendo estreita coordenação com o Ministério da Agricultura para avaliar o impacto econômico da decisão da Arábia Saudita de desautorizar frigoríficos brasileiros a exportar carne de frango para o país. Em nota, o Itamaraty destaca que a habilitação de 25 estabelecimentos brasileiros foi confirmada para exportar o produto, "uma vez que foram avaliados satisfatoriamente pela autoridade sanitária saudita (SFDA Saudi Food and Drug Authority), que realizou missão técnica de inspeção em outubro de 2018".
O presidente da ABPA e ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra, frisa que nem todas as unidades estavam de fato exportando para a Arábia Saudita. Apesar do volume significativo, a associação reforça que o descredenciamento atinge, efetivamente, apenas cinco unidades frigoríficas que exportavam ao Brasil (ou seja, as outras 28 desautorizadas não estavam comercializando com os árabes). Não foi divulgada a lista das unidades descredenciadas, mas estariam entre elas plantas da BRF e da JBS.
O presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Nestor Freiberger, destaca que, independentemente do número de plantas, qualquer barreira refletirá na cadeia produtiva como um todo. "Até por que a Arábia Saudita é um mercado de muita importância", enfatiza. Freiberger não sabe dizer se há unidades gaúchas entre as desautorizadas, mas acredita que possivelmente sim, já que estariam entre esses frigoríficos plantas da BRF e JBS.
Em nota, a ABPA resumiu que "as razões informadas para a não-autorização das demais plantas habilitadas decorrem de critérios técnicos". Até o momento, planos de ação corretiva estão em implementação para a retomada das autorizações, disse a associação. A ABPA também afirma que está em contato com o governo brasileiro para que, em tratativa com o reino da Arábia Saudita, sejam solucionados os eventuais questionamentos e incluídas as demais plantas.
A Arábia Saudita importou 486,4 mil toneladas de carne de frango do Brasil no ano passado, 12% do volume exportado pelo país. Esse enxugamento no número de frigoríficos liberados pela Arábia Saudita ocorre devido a um conjunto de fatores, segundo informações do setor. Um dos motivos dessa ação dos árabes viria de constatação de irregularidades em alguns frigoríficos, encontradas por técnicos de uma missão árabe que esteve no Brasil no ano passado. O setor de produção de carne vê, ainda, uma busca de redução da dependência árabe da proteína brasileira. Apesar de todos os empecilhos no país, a Arábia Saudita quer incentivar a produção interna de frango.

Medida pode ser retaliação por transferência de embaixada

Não está descartada uma pressão econômica dos árabes sobre a manifestação política de Jair Bolsonaro de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, em Israel. O início de 2019 repete o de 2018, quando o setor foi surpreendido pelas barreiras da União Europeia. O Brasil, até então líder em exportações de carne de frango para os europeus, perdeu o posto para a Tailândia.
Neste ano, se as barreiras continuarem, a Arábia Saudita deverá deixar a lista de maior importadora dessa proteína do Brasil. A China poderá assumir o posto. Uma das grandes preocupações do setor de avicultura é com as recentes posições diplomáticas do governo de Jair Bolsonaro. O receio é que se alastre uma reação contrária ao governo brasileiro pelos países árabes.
O presidente em exercício, Hamilton Mourão, disse que a intenção do presidente Jair Bolsonaro de mudar a embaixada brasileira não deveria ser motivo para um embargo saudita à carne de frigoríficos brasileiros, à medida que ainda não foi concretizada. "O pessoal está se antecipando ao inimigo", declarou.
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, afirmou que ainda "não dá para saber se decisão dos sauditas teve viés ideológico". Já o secretário-geral da Liga Árabe até 2011 e hoje um dos diplomatas do Oriente Médio de maior influência na região, Amr Moussa, afirmou que a decisão seria uma retaliação dos países árabes à ideia estudada pelo governo de mudar a sede da embaixada. "O mundo árabe está enfurecido (com o Brasil)", disse Moussa, que participa do Fórum Econômico em Davos. "Essa é uma expressão de protesto contra uma decisão errada por parte do Brasil", insistiu.