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Turismo

- Publicada em 20 de Janeiro de 2019 às 21:19

Política social é plano para atrair mais turistas

Capital da Colômbia, Bogotá surge como exemplo de gestão exitosa

Capital da Colômbia, Bogotá surge como exemplo de gestão exitosa


/PEDRO SZEKELY/VISUALHUNT/DIVULGAÇÃO/JC
Com projeção de dobrar o número de turistas estrangeiros (passando para 12 milhões por ano) até 2022, o Brasil ainda precisa resolver uma série de problemas estruturais em grande parte de seus destinos, mas um dos principais empecilhos ainda é a violência urbana nas capitais. Para buscar soluções por meio de políticas sociais, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, anunciou que vai levantar casos de sucesso onde a redução dos índices de criminalidade já é fato comprovado.
Com projeção de dobrar o número de turistas estrangeiros (passando para 12 milhões por ano) até 2022, o Brasil ainda precisa resolver uma série de problemas estruturais em grande parte de seus destinos, mas um dos principais empecilhos ainda é a violência urbana nas capitais. Para buscar soluções por meio de políticas sociais, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, anunciou que vai levantar casos de sucesso onde a redução dos índices de criminalidade já é fato comprovado.
A promessa é de que, em breve, a pasta promova um seminário com os setores responsáveis para permitir a troca de experiência e a elaboração de um plano que se adeque às diferentes realidades regionais do País.
Na semana passada, Moro se reuniu com o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e com o secretário de Segurança Urbana de Recife (PE), Murilo Cavalcanti, para discutir a expansão de modelos que ajudaram a reduzir os índices de violência no Brasil e no mundo. No encontro, Cavalcanti, que é autor do livro As lições de Bogotá e Medellín - Do caos à referência mundial, fez um breve relato do levantamento que realizou há quatro anos, após diversas missões para se aprofundar na solução implementada nas cidades colombianas que eram dominadas pelo tráfico e que, hoje, se apoiam, entre outros setores, no turismo para promover o desenvolvimento econômico.
"O problema da violência é, em última instância, econômico, porque ele impede o crescimento das sociedades", destaca Cavalcanti, responsável pela implementação de dois Centros Comunitários da Paz (Compaz) em comunidades carentes da capital de Pernambuco - um dentro de uma favela no morro do Alto Santa Terezinha e outro no centro de diversas comunidades onde ocorriam altos índices de violência. No primeiro, passam mais de 2 mil pessoas por dia.
"Para se ter uma ideia, esses centros oferecem bibliotecas, unidades de tecnologia, formação profissional para o varejo e apoio psicológico e pedagógico para jovens de periferia, buscando promover cidadania e apaziguar conflitos", resume Cavalcanti, salientando que a violência reduziu muito nessas regiões, abrindo espaço para economia criativa e iniciativas culturais. Atualmente, outras duas unidades do Compaz estão em fase de implementação e mais três devem ser erguidas com recursos do governo federal.
O secretário salienta que o projeto surgiu inspirado em iniciativas tomadas nos últimos 15 anos em cidades como Medellín - que registrou um incremento de 24% no número de visitantes em 2016, com mais de 4 milhões de turistas chegando ao destino nos primeiros 10 meses daquele ano. "Lá, foi implementada uma série de soluções urbanas e criativas, com parques, praças, bibliotecas e vida cultural, fundamentais para o exercício da cidadania. Além da força da polícia, o olhar social para os jovens de periferias em vulnerabilidade social foi o que impulsionou a mudança."
O resultado é que Medellín saiu do topo do ranking das cidades mais violentas do mundo, na década de 1990, para se tornar referência em mobilidade, segurança e soluções urbanísticas para devolver o espaço público aos cidadãos. Para conseguir chegar ao patamar da cidade colombiana, os municípios brasileiros precisarão - além do apoio do governo federal - contar com vontade política das prefeituras e com o incentivo da população.
"Foi essa fórmula que mudou o destino de Medellín, que parecia irreversível", ressalta Cavalcanti, pontuando que o resultado do combate ao crime organizado na Colômbia tem atraído investidores da iniciativa privada de diversos países do mundo. Já em 2015, o setor de turismo rendeu US$ 251 milhões ao país, com a chegada de 3,5 milhões de visitantes.
"Para resolver o problema da segurança pública e permitir que as diversas atividades econômicas como o turismo se desenvolvam é importante haver o braço duro do Estado e também o braço social", avalia o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Uma força-tarefa, envolvendo várias pastas do governo, pode vir a ser criada para o aproveitamento de experiências como as das cidades colombianas com foco na segurança urbana e melhorias do ambiente de negócios em diversos destinos brasileiros.

Trade Rio de Janeiro perdeu R$ 657 milhões em 2017

O impacto da violência no País é tão relevante, que, para se ter uma ideia, a recente onda de ataques no Ceará provocou uma queda de 25% na ocupação hoteleira, segundo a Associação dos Meios de Hospedagem e Turismo do Ceará (AMHT). Em 2017, somente no estado do Rio de Janeiro (um dos principais destinos de lazer do Brasil), o aumento da sensação de insegurança provocou perda de R$ 657 milhões no setor de viagens.
"Esses dias, peguei um táxi na capital carioca, e o motorista comentou que muita gente que chega ao Rio de Janeiro para ir a um evento não sai do hotel, afora o momento do compromisso, indo embora no outro dia", comenta o secretário de Segurança Urbana de Recife, Murilo Cavalcanti. "Isso tem afetado lojas e restaurantes do destino."
Dados oficiais comprovam: segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a queda de receita registrada no setor equivale ao faturamento de oito a nove dias do turismo carioca, e influenciou de forma mais significativa o segmento de bares e restaurantes (R$ 332,1 milhões, o correspondente a 50,3% do total), seguido pelas atividades de transportes, agências de viagens e locadoras de veículos (R$ 215,5 milhões, ou 32,6%); por hotéis, pousadas e similares (R$ 97,7 milhões, ou 14,8%); e por atividades culturais e de lazer (R$ 14,7 milhões, ou 2,2%).
Embora muitos dos registros de ocorrências de crimes - como roubos de aparelhos celulares e de veículos, por exemplo - não envolvam turistas, essa atividade é uma das mais sensíveis ao aumento da criminalidade, segundo análise do estudo realizado pela entidade.

Cultura e cidadania fizeram uma transformação na Colômbia

Eleita, em 2016, como a cidade mais inovadora do mundo, Medellín, agora, pode servir de modelo para cidades brasileiras que enfrentam os mesmos problemas. Outro exemplo na Colômbia é Bogotá, que implementou iniciativas semelhantes e que tem meta de ser o primeiro destino turístico e cultural da América Latina, segundo dados do Distrito de Turismo local , com diretrizes para 2017-2030.
"Ambas cidades têm políticas integradas de segurança cidadã, que, ano a ano, mostram resultados na diminuição de todo tipo de violência", explica Cavalcanti. Segundo dados do governo colombiano, Medellín - que, no auge da guerra do narcotráfico, contava com taxa de homicídio de 381 para cada 100 mil habitantes - reduziu esse índice para 18 a cada 100 mil habitantes em 2015.
"São números fantásticos", destaca o secretário de Segurança Urbana de Recife, lembrando que a disseminação de cultura e cidadania foram fundamentais para a sensação de segurança de moradores e turistas.