Com uma valorização de 7,02% em apenas 10 pregões neste ano, os investidores optaram por uma pausa para realização de lucros na sessão de negócios de ontem. No entanto, o Ibovespa conseguiu defender a marca dos 94 mil pontos, mesmo recuando 0,44% (94.055,72). E, por mais um dia, o mercado acionário brasileiro operou em sinal contrário ao de seus pares em Nova Iorque, que mostraram menor aversão ao risco após o governo chinês sinalizar com possíveis estímulos àquela economia.
Perto do fim do pregão, as ordens de venda se acentuaram pontual e levemente, imediatamente após o parlamento britânico ter anunciado que rejeitou - com 432 votos a 202 - os termos do acordo para o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia.
Quando o Ibovespa perdeu o suporte dos 94 mil pontos, na parte da tarde, houve um fluxo vendedor grande, levado pelas ações do bloco financeiro. Os investidores aceleraram as ordens de venda de papéis do Itaú Unibanco, instituição que tem peso de 10,90% no novo Ibovespa.
Analistas ressaltam ainda que, embora haja uma entrada gradual dos investidores estrangeiros, o volume maior virá quando as reformas forem aprovadas. De acordo com a B3, os não-residentes ingressaram com R$ 269,024 milhões no pregão da última quinta-feira (10). Mas, em janeiro, a bolsa ainda acumula saldo negativo de R$ 869,602 milhões.
Pesquisa do Bank of America (BofA) divulgada ontem mostra que 80% dos participantes ainda querem ver a reforma aprovada para ficar com uma percepção mais positiva sobre o Brasil. Essa visão não mudou de dezembro para cá.
Na sessão desta terça, as blue chips encerraram todas no vermelho, com destaque para o recuo de 2,29% das units do Santander, que acumulam valorização de 12,80% em janeiro. Em seguida, os papéis do Itaú Unibanco caíram 1,56% e do Banco do Brasil, 1,16%. As ações da Petrobras ON (-0,32%) e PN (-0,08%), que operaram em grande parte do dia em alta, sucumbiram mesmo com as cotações do petróleo no mercado internacional subindo.
Delineado sobretudo por uma cautela externa, o dólar sustentou ontem alta frente ao real e voltou ao patamar dos R$ 3,72. Com um aumento do balanço de riscos globais e um dia carregado sobretudo na Europa - o que desvalorizou o euro -, o dólar ganhou força nos mercados. Aqui, fechou em R$ 3,7293, em alta de 0,76%. Internamente, pesa para a alta ainda notícias menos positivas que o esperado sobre a reforma da Previdência.
A alta ante o real ocorre em linha com o movimento dos emergentes, ainda que mais acentuada quando comparada aos pares brasileiros. No cenário doméstico, operadores relatam que a notícia de maior peso foi a de que o presidente Jair Bolsonaro só baterá o martelo em relação ao texto da reforma da Previdência após a viagem ao Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, que ocorre no fim do mês.
Pela manhã, balanços decepcionantes na Europa e nos Estados Unidos reforçaram a percepção de desaceleração da economia mundial e fortaleceram o dólar globalmente. O movimento de valorização da moeda americana foi realimentado no início da tarde após fala do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, estimando um desenvolvimento econômico aquém do esperado do bloco, ter derrubado o euro.
A moeda europeia ainda foi impactada pela expectativa, durante todo o dia, de reprovação do acordo para o Brexit pelo Parlamento britânico, o que foi confirmado no fim da tarde. A notícia deve nortear os primeiros negócios da quarta-feira. O dólar futuro, no entanto, mostrou pouco impacto e fechou cotado a R$ 3,7195, em alta de 0,49%.