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Mercado Digital

- Publicada em 10 de Janeiro de 2019 às 21:59

Papel da Ceitec é defendido por especialistas do setor

Ex-presidente da companhia, Lubaszewski diz que operação é essencial

Ex-presidente da companhia, Lubaszewski diz que operação é essencial


/CLAITON DORNELLES/JC
Patricia Knebel
Ainda não há uma definição sobre o que acontecerá com a Ceitec, empresa pública de semicondutores vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) instalada na Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre. Depois de informações extraoficiais de que o governo federal iria fechar a operação e demitir os funcionários, o ministro Marcos Pontes, do MCTIC negou, por meio de nota, que haja uma definição. "Não existe decisão ou confirmação de que a Ceitec será liquidada pelo governo federal", diz o texto. Procurada, a Ceitec não se prolongou no assunto e disse apenas que a posição da empresa é a mesma do MCTIC.
Ainda não há uma definição sobre o que acontecerá com a Ceitec, empresa pública de semicondutores vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) instalada na Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre. Depois de informações extraoficiais de que o governo federal iria fechar a operação e demitir os funcionários, o ministro Marcos Pontes, do MCTIC negou, por meio de nota, que haja uma definição. "Não existe decisão ou confirmação de que a Ceitec será liquidada pelo governo federal", diz o texto. Procurada, a Ceitec não se prolongou no assunto e disse apenas que a posição da empresa é a mesma do MCTIC.
A fábrica da Ceitec em Porto Alegre tem 194 empregados, com salário médio de R$ 8,6 mil. A empresa recebeu subvenção do Tesouro Nacional de R$ 75 milhões em 2017. O fato de a Ceitec não ser lucrativa, muitas vezes pesa no discurso das pessoas para defender a sua extinção. Mas, para especialistas do setor, a capacidade de gerar lucro não é o fator que deve ser considerado em uma operação como essa. "O papel da Ceitec nunca foi muito bem compreendido pela sociedade e pelos tomadores de decisão. A empresa é um elo essencial da política industrial brasileira na área de microeletrônica, e isso não pressupõe que o resultado principal que entregará é o financeiro", destaca Marcelo Lubaszewski, que foi presidente da Ceitec de 2013 a 2016 e hoje é o diretor do Zenit - Parque Científico e Tecnológico da Ufrgs. Segundo ele, a operação tem sido muito importante pelo pioneirismo, por abrir portas, trabalhar os fornecedores dessa cadeia e permitir a instalação de novas empresas e instituições.
A opinião é corroborada pelo empresário Ricardo Felizzola, que há muitos anos acompanha esse setor, inclusive sendo o fundador da HT Micron (instalada no Tecnosinos e fruto da cooperação tecnológica entre Brasil e Coréia do Sul). "A Ceitec está tendo um desempenho baixo como empresa, mas elevadíssimo como sinal de interesse do Brasil pelo setor de microeletrônica", destaca. Em 2018, a operação faturou R$ 7 milhões com a venda de circuitos integrados, encapsulamentos e tags especiais. O gestor cita esse projeto e o da Smart Modular Technologies como resultado direto da criação da Ceitec. "Hoje esse setor já fatura mais de R$ 3 bilhões no País graças a essa iniciativa", aponta.
Felizzola acredita que ainda é cedo para saber o que acontecerá com a empresa e destaca que antes de entender isso, é preciso saber qual será a política do governo federal com relação a esse mercado de microeletrônica. "A continuidade disso é questão de vontade política e de envolvimento do setor empresarial. A microeletrônica está associada ao que há de mais moderno no mundo. Fechar a Ceitec não é uma medida razoável para o País", defende.
O professor de microeletrônica da Instituto de Informática da Ufrgs, Sergio Bampi, comenta que o grande capital acumulado pela Ceitec é o intelectual e a sua capacidade de design de chips em algumas áreas, como Internet das Coisas (IoT). E afirma que isso não pode ser perdido. "Seria uma péssima decisão fechar a empresa, pois estaríamos desperdiçando todo capital humano de experiência de mercado acumulado em quase 20 anos", destaca. Vale ressaltar que a Ceitec surgiu como projeto em 2000, mas apenas em 2005 começou a operar com o seu Centro de Design e, anos depois, com a fábrica.
Bampi participou da criação da empresa e ajudou a montar o time de designers. Ele acredita que, apesar de algumas decisões equivocadas tomadas ao longo deste período, a operação atua em nichos estratégicos. "Não existe hoje no Brasil nenhuma outra empresa com o know how da Ceitec no mercado de IoT. A operação tem competência técnica para projetar, vender e entregar dispositivos para este mercado explosivo", diz. Dados da Frost & Sullivan mostram que a IoT atingirá 995 milhões de dispositivos em 2023 na América Latina.
Porém, Bampi acredita que é preciso reavaliar e, quem sabe, até reposicionar a operação. "Uma alternativa seria partir para uma privatização parcial. Tem partes da empresa que são lucrativas e interessam muito ao mercado, como o Centro de Design e o portfólio de produtos de RFID e IoT", acredita. Por outro lado, poderia ficar sob a tutela do poder público a área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), mantendo a capacitação tecnológica na infraestrutura/sala limpa de micro fabricação de eletrônicos. Lubaszewski também vê a privatização como natural. "A empresa foi pensada para ser empresa pública apenas no início. Mas, claro, não podemos liquidar a empresa, sob pena de retirarmos o Brasil do mapa de um segmento tão estratégico", alerta.
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