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Trabalho

- Publicada em 02 de Janeiro de 2019 às 01:00

Admissão de temporários no comércio aumentou frente a 2017

Marissol foi contratada após experiência como temporária em uma loja

Marissol foi contratada após experiência como temporária em uma loja


/MARIANA CARLESSO/JC
Em um universo de 12,2 milhões de desempregados (segundo levantamento recente do IBGE), o final de ano trouxe uma nova perspectiva para milhares de brasileiros: o trabalho provisório no comércio. No Estado, em cidades com maior movimento, como Porto Alegre e os principais municípios do litoral gaúcho, a admissão de funcionários temporários para atuar no varejo de outubro a fevereiro inflou em relação ao mesmo período de 2017.
Em um universo de 12,2 milhões de desempregados (segundo levantamento recente do IBGE), o final de ano trouxe uma nova perspectiva para milhares de brasileiros: o trabalho provisório no comércio. No Estado, em cidades com maior movimento, como Porto Alegre e os principais municípios do litoral gaúcho, a admissão de funcionários temporários para atuar no varejo de outubro a fevereiro inflou em relação ao mesmo período de 2017.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas-Porto Alegre), Paulo Kruse, ainda não há confirmação de que o percentual de 40% estimado pela entidade tenha se efetivado. "Mas, baseado em informações de lojistas e dados do Sindivagas (banco de currículos e mural de postos de trabalho para o comércio mantido pelo sindicato), podemos afirmar que com certeza ocorreram mais contratações do que no final de 2017."
O dirigente explica que vários fatores influenciaram neste aumento, com melhoria das vendas, em torno de 8%, e otimismo tanto dos consumidores quanto dos lojistas.
Por conta do tradicional aumento do fluxo de vendas vinculadas às festas de final de ano e do veraneio de grande parte da população, reforçar o quadro de colaboradores das empresas se torna inevitável, destaca Kruse, lembrando que as vendas de dezembro representam o dobro do desempenho do setor nos demais meses do ano. "O lojista tem que contratar pessoal para auxiliar no atendimento, buscar mercadorias, arrumar estoques, sendo necessário aumentar a equipe", comenta o dirigente do Sindilojas-Porto Alegre. "Não tem como escapar: quem não contrata deixa de vender."
Kruse observa que normalmente as empresas aproveitam os mesmos temporários do período de Natal para cobrir as férias de outros funcionários e, em alguns casos, contratam essas pessoas para o quadro efetivo, caso estejam precisando aumentar a equipe fixa, ou quando ocorre identificação de talentos. Mas ainda que o emprego temporário represente uma oportunidade para que o trabalhador obtenha uma vaga fixa na empresa, nem sempre é possível que o lojista contrate de forma efetiva esse novo colaborador.
Em tempos de crise, ou de retomada lenta da economia, fica mais difícil abrir uma vaga no quadro de funcionários, dependendo mais de reposição de mão de obra do que de criação de um novo posto. Este parece ser o principal motivo pelo qual a maioria dos admitidos pelo comércio da Capital para atuar no período de vendas de Natal seja dispensada no início de janeiro. Já no litoral, a dispensa deve acontecer no início da segunda quinzena de março, quando será o Carnaval neste ano.
Exceções ocorrem, como o caso da comerciária Marissol Machado da Silveira, cujo trabalho temporário conquistado no início de 2016 em uma loja de calçados na Zona Sul de Porto Alegre rendeu bons frutos. Após cumprir 90 dias de contrato como vendedora temporária, ela foi efetivada e passou a fazer parte do quadro funcional do estabelecimento.
Nove meses depois, quando a gerente da loja migrou para outra empresa, Marissol foi convidada para ir junto, assumindo o cargo de auxiliar de visual merchandising da marca de moda feminina Pampili, no Shopping Iguatemi. "Ela foi ótima no período que trabalhou como temporária, e continua sendo uma funcionária muito boa e criativa", justifica a gestora, Aracheine Fagundes.
Contando com aproximadamente 10 anos de carreira no varejo, Marissol já trabalhou em outras lojas, inclusive como temporária. Ela avalia que, para ser efetivado após um contrato desse gênero, "dedicação é fundamental". "Ir trabalhar com disposição, criar vínculos, se adequar às normas da empresa e gostar do que se faz" são os pontos mais importantes, considera a comerciária, que está no ramo desde os 18 anos. Na Pampili, além de ajudar nas vendas, ela é a responsável pela exposição dos produtos nos estandes da loja, pela troca de coleções na vitrine e pela organização do estoque.

Número de vagas ficou aquém da expectativa no Rio Grande do Sul

Dados da FCDL-RS indicavam a geração de 15 mil empregos temporários entre setembro e novembro de 2018, mas a estimativa não se consolidou, segundo o presidente da entidade, Vitor Augusto Koch. O veraneio ainda gera a expectativa de criação de até 7 mil empregos temporários no Litoral.
De Mostardas a Torres, o volume de vagas temporárias deve ser de 6,8 mil, metade para atender ao comércio. "Os números consolidados até outubro mostram o preenchimento de 1.126 destas vagas. Até o último levantamento oficial, cerca de 5,7 mil empregos temporários ainda estavam para serem preenchidos", afirma o dirigente.
O perfil dos temporários sofreu mudança nos últimos anos. "Com uma maior disponibilidade de mão de obra mais qualificada, os lojistas acabam optando por contratar profissionais mais experimentados e que reúnam condições de prestar um bom atendimento aos consumidores", diz Koch. Na maior parte dos casos, são contratados trabalhadores com "bom nível" de escolaridade e experiência profissional. As funções mais procuradas nesse período são as de vendedores, ajudantes, balconistas, recepcionistas, cabeleireiros, estoquistas e caixas. 

Perfil de temporários sofreu mudança com aumento do desemprego

O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), Vitor Augusto Koch, o perfil dos temporários sofreu mudança nos últimos anos. “Com uma maior disponibilidade de mão de obra mais qualificada, os lojistas acabam optando por contratar profissionais mais experimentados e que reúnam condições de prestar um bom atendimento aos consumidores”, afirma o dirigente.
Na maior parte dos casos, são contratados trabalhadores com “bom nível” de escolaridade e experiência profissional, além de possuir desenvoltura para lidar com o público e dedicação ao trabalho. As funções que costumam ser mais procuradas pelos lojistas nesse período são as de vendedores, ajudantes, balconistas, recepcionistas, cabeleireiros, estoquistas e caixas.

Empresas recorreram ao contrato intermitente

O presidente do Sindilojas-Porto Alegre, Paulo Kruse, informa que, em 2018, os contratos temporários dividiram espaço com o contrato intermitente (no qual há alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinado em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador). "Algumas empresas já estão adotando o contrato de trabalho intermitente, e, assim como no caso dos temporários, grande parte das admissões ocorreu em outubro e novembro, para que o pessoal pudesse ser treinado."
Neste período, quem investe em temporários, luta contra o tempo, uma vez que, além de se preocupar em correr para aquecer os estoques e flexibilizar as vias de pagamento, as empresas devem preparar a força de vendas. Daí a importância de apostar em treinamento com base na linguagem visual, como ilustrações, jogos e infográficos, facilitando a absorção das informações e cumprindo o objetivo de treinar com rapidez e assertividade, defende o CEO da Spin Design, Renato Gangoni.
Para obter bons resultados, os temporários precisam entrar em contato com a cultura da organização, conhecer os produtos e serviços, internalizar as atividades e as competências necessárias para cumpri-las com qualidade e assim por diante. "O tempo é limitado, mas é vital que os profissionais estejam alinhados com a dinâmica do negócio. Do contrário, as admissões serão praticamente um esforço em vão para aumentar as vendas", justifica Gangoni.
Na opinião da supervisora da rede de lojas Piticas, Luiza Andreazza, é fundamental que o funcionário temporário já tenha um "mínimo" de experiência para dar conta da demanda de trabalho em períodos como o Natal e os meses de veraneio. "Mais do que chegar sabendo, precisa também pró-atividade e querer aprender, isso pesa muito até para uma futura efetivação", revela.