O varejo do Rio Grande do Sul teve alta nominal de 4,2% no volume de vendas em outubro frente ao mesmo mês de 2017, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quinta-feira (13). Se considerada a venda de veículos e materiais de construção, a elevação alcança 7,6%. Somente o setor de automóveis registrou alta de de 21,7% há dois meses. A média do País ficou em 1,9% no varejo restrito, e 6,2% no ampliado.
A atividade gaúcha mostra melhor desempenho. Um dos motivos é o efeito ainda sentido das vendas maiores de confecções no inverno, que este ano foi mais rigoroso. O setor teve crescimento de 20,6% no confronto anual de outubro. O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA), Oscar Frank, analisa que os números validam um cenário de "lenta recuperação pós-crise". "É um crescimento lento e gradual", define Frank.
A cautela é assentada em fatores como as taxas ainda elevadas de desemprego - de 8% a 8,2%, com pouco recuo frente a 2017, e renda que não sobe ou é mais restrita devido à condição da ocupação. Além disso, as famílias restabelecem aos poucos a confiança no ambiente político, diz o economista-chefe da CDL-POA. Frank pondera ainda que a PMC capta a movimentação de empresas com 20 ou mais funcionários, o que elimina da estatística negócios menores, que sofrem mais com a crise e ainda com a concorrência de redes maiores.
No confronto com setembro, o varejo restrito teve queda de 1,2%, seguindo o quadro nacional, de -0,4%. O ampliado caiu 1,9%, em linha com o desempenho negativo de 0,2% no País. Frank observa que a análise mês a mês, com ajuste sazonal, pode ser prejudicada por diferenças de cada período, por isso a preferência pela comparação com o mesmo mês do ano passado. Em dez meses, desde janeiro, o comércio restrito sobe 5,8% e o ampliado, 6,% em relação aos dez meses de 2017.
Nos segmentos, além de veículos e confecções, outros destaques positivos são artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, com alta de 6,2%, e artigos de uso pessoal e doméstico, com avanço de 6,7% na comercialização. Supermercados tiveram aumento de 2,8%, limitado à renda dos consumidores que pouco mudou nas fatias que gastam mais com alimentação, e combustíveis ficaram estáveis em 0,1%. A maior queda, de 17,7%, foi no segmento de livros, jornais, revistas e papelaria.
Até o fim do ano, o economista-chefe da câmara enxerga uma melhora mais gradativa no cenário lojista. Para o Natal, principal data do comércio no ano, estudo da entidade aposta em aumento de 4% a 7% no volume de vendas no Estado, gerando receita de R$ 4 bilhões a R$ 4,1 bilhões somente com a data. Dezembro deve injetar R$ 15 bilhões no varejo. Entre as razões para o desempenho, estão expectativas mais animadoras sobre as medidas do futuro governo federal e o menor endividamento das pessoas, que vem caindo no ano. "O Natal pode dar um gás a mais, já que a maior confiança vem justamente no fim do ano", alinha o economista-chefe.