FCDL estima crescimento de 6,3% nas vendas no ano

O final de 2018 chega como um alento para o comércio gaúcho, segundo o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), Vitor Augusto Koch. "Foi um ano difícil para empreender e crescer, mas termina com algum otimismo para 2019: nossa expectativa é que irão ocorrer mudanças, ainda não muito claras", disse o dirigente em coletiva à imprensa, ocorrida ontem pela manhã na sede da entidade.

Os indicadores da FCDL-RS estimam crescimento de 6,3% no volume de vendas do varejo, puxado pelos segmentos de bens duráveis, como veículos (revertendo um cenário de muitos carros estocados nos dois anos anteriores), equipamentos eletroeletrônicos (principalmente produtos de informática) e vestuário. "Este desempenho está relacionado com a estabilização da Selic em 6,5%", avalia Koch.

O dirigente pondera que, "embora a recessão tenha acabado, 2018 foi pobre em economia, pautado pelo pessimismo de um governo sem credibilidade". Dentre os acontecimentos "históricos" do período, ele cita a greve dos caminhoneiros como um dos eventos que mais prejudicaram o setor. Também o endividamento e a inadimplência, que cresceram em todo o País, e as incertezas eleitorais interferiram na postura dos consumidores, que se mantiveram retraídos na maior parte do tempo, destaca o dirigente. "Tanto a confiança dos consumidores como a de investidores foi minada pela insegurança do cenário político", ressaltou Koch, destacando que "nunca as decisões políticas influenciaram tanto na vida privada como em 2018."

De acordo com o quadro de economistas da FCDL-RS, por conta deste cenário o consumo na maioria dos segmentos ainda não voltou aos mesmos patamares de 2014, mas há esperança de que este padrão seja alcançado em 2019. "Só a partir daí poderemos começar a falar em crescimento real do varejo", destaca o presidente da entidade. Na avaliação de Koch, se juros e inflação permanecerem estáveis, 2019 será um ano de crescimento. "Caso as decisões nos primeiros 100 dias de governo de Jair Bolsonaro forem coerentes com seu discurso de campanha, a taxa de investimento privado deve aumentar no ano que vem, até mesmo porque o presidente eleito tem grande apoio do empresariado brasileiro."

Lembrando a frase de Bolsonaro, que afirmou que "é difícil ser patrão no Brasil", o presidente da FCDL-RS defendeu a desoneração fiscal, e observou que em todo o País foram fechados 108 mil estabelecimentos comerciais no decorrer do ano que passou. Já no Rio Grande do Sul, segundo dados da FCDL-RS, o número de lojas diminuiu de 105 mil em 2014 para 97,5 mil em 2018. "Os empresários se viram obrigados a fechar lojas e reduzir equipes, otimizando a mão de obra devido à situação econômica", pontua Koch. No que se refere a postos de trabalho, o varejo deve finalizar 2018 com alta de 0,03% frente a 2017, por conta da contratação de 6,2 mil temporários a partir de novembro, totalizando cerca de 516 mil profissionais atuando no comércio gaúcho. Para o ano que vem, a estimativa da FCDL-RS é de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha um crescimento entre 2,5% e 3,5%, possibilitando alta entre 4,5% e 7% nas vendas no varejo.